Uma rica herança cultural compartilhada por meio da alegria, da musicalidade e das muitas formas de expressão proporcionadas pelo Carnaval. Iniciante na folia de Belo Horizonte, o bloco Manga com Dendê traz na sua formação, na sua história e no próprio nome a força da comunidade afro e as raízes de um povo que se mistura à própria história de Belo Horizonte.
Será neste sábado (15 de fevereiro) que o bloco irá emergir pela primeira vez, às 13h. O local foi escolhido a dedo: o Quilombo Mangueiras (Rodovia Camillo Teixeira da Costa, 1.350, bairro Ribeiro de Abreu, em Belo Horizonte). “O bloco surgiu no fim do ano passado com o intuito de preservar a nossa ancestralidade, por termos moradores da comunidade quilombola. Nosso nome traz a manga, que é uma fruta que sempre consumimos, e o dendê, envolvendo a religião de matriz africana. Porém, não é só isso: também trazemos alegria, coisas novas”, diz a produtora cultural Tatiane Pereira, fundadora do bloco.
Para o coreógrafo Jarbas Mateus, essa é uma oportunidade de apresentar diferentes formas de expressão artísticas para um público que, por vezes, é carente delas. E ele vai além: o bloco também contribui para que os próprios integrantes se apropriem daquilo que é deles, de suas próprias raízes.
“Muitas pessoas não conhecem a comunidade. Vamos mostrar o que é ser quilombola: pessoas juntas celebrando a vida, emancipadas, tendo alegria de apoiar umas às outras, mantendo a ancestralidade e os saberes de anos”, diz ele.
Conforme Jarbas, essa também é uma forma de resgatar a história de uma comunidade que faz parte da construção do povo brasileiro. O mestre de percussão Carlos Fred concorda: “Vamos movimentar o Carnaval com músicas de axé, samba, congo”, diz ele. “São ritmos que têm toda uma ancestralidade, uma herança cultural para fazer o Carnaval acontecer dentro de Belo Horizonte”, afirma.
Quilombo Mangueiras
Para Carlos Fred, é um privilégio que o bloco faça o seu cortejo no Quilombo Mangueiras, um local rico em história e em saber. “Quilombo é resistência, cultura viva dentro da cidade, que busca manter a tradição. É resistência, cultura, história e memória”, destaca ele.
Conforme a produtora cultural Tatiane Pereira, fundadora do bloco, o Quilombo Mangueiras teve início há cerca de 300 anos, antes mesmo da fundação da capital mineira. Atualmente, 32 famílias, compostas por crianças, jovens, adultos e idosos ocupam quase 20 hectares em Belo Horizonte. São pessoas unidas, que valorizam suas raízes, que contribuíram e ainda têm muito a contribuir em termos históricos, culturais e de várias linhas do saber — sem perder a alegria, segundo ela.
“O quilombo vive em processo matriarcal. As mulheres que ditam as regras. Somos um patrimônio imaterial e muito significativo. Vamos mostrar para as pessoas o que é o quilombo e engajar no Carnaval”, conclui ela.
Serviço
- Cortejo Bloco Afro manga com Dendê
- Data: 15 de fevereiro (sábado)
- Horário da concentração: 13h
- Onde: Rodovia Camillo Teixeira da Costa, 1.350, bairro Ribeiro de Abreu, em Belo Horizonte