Um empresário de 27 anos, que nunca foi preso por envolvimento com crimes, foi morto com um tiro durante uma abordagem policial realizada na noite da última segunda-feira (24 de fevereiro) no bairro Águas Claras, na região do Barreiro, em Belo Horizonte. A morte de Frederico Souto de Azevedo causou comoção entre os moradores, que, na manhã desta terça-feira (25), organizaram uma manifestação que acabou sendo reprimida com balas de borracha pela Polícia Militar (PM). 

Fred, como era conhecido entre os moradores, era dono de distribuidoras de bebidas, lanchonetes e uma padaria da região, sendo bastante querido por todos que o conheciam. "O Fred era um rapaz que sempre tratou todo mundo bem, sempre abriu as portas pras pessoas trabalharem. Ele namorava, não perturbava ninguém", lamentou um amigo do empresário, que preferiu não ser identificado. 

Ainda segundo ele, o rapaz estava crescendo na vida e, inclusive, inauguraria uma nova lanchonete no próximo mês. "O que revolta é isso, a pessoa está trabalhando, não mexe com coisa errada, e isso acontece. Ele (Fred) trocava as curtições de momento, de noitadas, para mexer na padaria, repor as bebidas das distribuidoras ou resolver problemas de funcionários. E aí, da noite para o dia, a gente perde uma amizade dessas", disse, emocionado, o amigo. 

Balas de borracha foram disparadas nesta terça-feira (25) durante uma manifestação de moradores do bairro Águas Claras, no Barreiro, contra a morte do empresário Frederico Souto de Azevedo, de 27 anos. Dono de distribuidoras de bebidas e lanchonetes na região, ele foi baleado… pic.twitter.com/RJKS35FhU7

— O Tempo (@otempo) February 25, 2025

Procurada por O TEMPO, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) confirmou que, até o momento, o rapaz nunca tinha sido preso. Processos criminais também não foram encontrados no sistema do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). 

A reportagem também procurou a PM sobre a morte e os disparos realizados durante a manifestação, mas, até a publicação, a polícia ainda não tinha se manifestado. 

A morte 

Segundo as informações do Boletim de Ocorrência da corporação, os militares do Gepar e do Tático Móvel foram até a travessa Dilson de Jesus, onde existe um conjunto de prédios, após receberem uma denúncia anônima de que um suspeito armado estaria transitando pela região.

Quando a PM chegou ao local, teria se deparado com um suspeito com roupa preta, armado. Em dado momento, este suspeito teria conseguido se desvencilhar e fugiu da abordagem. Instantes depois, já durante a operação para tentar prender o fugitivo, o empresário, que estava com uma blusa azul, teria saído do condomínio e foi abordado pelos policiais. 

Em dado momento, após resistir à ordem dos policiais, Frederico teria tentado correr e, na versão da PM, teria apontado uma arma para os agentes, sendo baleado no pescoço em seguida. Ele foi levado na viatura para a UPA, mas não resistiu ao ferimento e morreu. A versão é contestada pelos amigos e familiares, que garantem que o homem não estava armado na hora da abordagem. 

Vídeo mostra abordagem

O TEMPO teve acesso a um vídeo que mostra o momento da abordagem, que não será publicado por ser muito forte. Nas imagens, é possível ver o rapaz sendo revistado por um agente enquanto vizinhos filmam a situação. 

Em seguida, a câmera vira para mostrar que, enquanto isso, outro policial se estranhava com uma mulher, que seria a mãe do empresário. Neste momento, o rapaz tenta se desvencilhar dos policiais e sai correndo, apesar dos gritos dos amigos para que ele não fizesse isso. 

Segundos depois, são ouvidos os disparos e, em seguida, é possível ouvir os gritos de desespero de familiares e amigos do empresário ao perceberem que ele tinha sido ferido com um tiro.