Ícone da praça Sete e parte importante da história de Belo Horizonte, o Café Nice ocupa o mesmo imóvel desde sua inauguração, em 1939. A cafeteria, que já encantou até presidentes da República, enfrentou momentos críticos no último ano e quase teve suas portas fechadas. Nesta terça-feira (15 de abril), o estabelecimento de mais de 80 anos de história lança a campanha de arrecadação “Abrace o Nice”, iniciativa que convida apoiadores e investidores a contribuírem para garantir a continuidade desse espaço tão querido na memória da cidade.

A campanha de financiamento coletivo convida todos a se juntarem a essa missão: preservar a memória, valorizar a identidade e transformar o Café Nice em um exemplo de renovação para toda Belo Horizonte.

A arrecadação e projeto são conduzidos pela Oficina Paraíso. O coordenador do projeto, Douglas Issa, afirma que somente com a força da comunidade será possível escrever um novo capítulo para o Nice: “‘Abrace o Nice’ simboliza esse carinho coletivo, esse gesto de cuidar de algo que é de todos nós. O financiamento coletivo veio como uma resposta natural: queríamos envolver as pessoas, não só como apoiadoras, mas como verdadeiras guardiãs dessa memória afetiva”, diz.

Café Nice: ícone da praça Sete, no coração do Centro de Belo Horizonte. Foto: Flávio Tavares/O TEMPO

Douglas explica que o financiamento coletivo é apenas uma das frentes do projeto, que também contará com apoio da iniciativa privada e de parceiros estratégicos: “Nossa meta total é arrecadar R$ 280 mil, sendo R$ 30 mil por meio do financiamento coletivo — especialmente com a venda dos produtos personalizados dessa nova etapa do Nice. No entanto, é fundamental o engajamento de empresas e parceiros, que devem contribuir com a maior parte do valor”, completa.

Receitas originais

Entre as ações anunciadas, a campanha inclui o resgate das receitas originais do café. Douglas conta que foi realizada uma verdadeira curadoria culinária: “Estamos mergulhando nos cadernos antigos de receitas da família e ouvindo nossos frequentadores de longa data. Cada prato é uma história — e queremos garantir que os sabores sejam fiéis à memória do Café Nice. Além disso, a equipe está sendo treinada para reproduzir com precisão essas delícias que atravessam gerações, respeitando as técnicas tradicionais e a afetividade que cada receita carrega”, destaca Douglas.

Preservar a identidade

Considerado patrimônio afetivo da cidade, o Café Nice promete manter sua essência mesmo após a revitalização: “Manter a essência é um compromisso inegociável. Os significados do Nice estão nas paredes, nas fotos antigas, no balcão tradicional e até nos aromas que atravessam gerações. Vamos manter tudo isso muito vivo”, afirma Douglas. 

“Os azulejos originais seguem preservados, as memórias serão celebradas no espaço e continuaremos servindo nossos clássicos, como o creme de maizena com ameixa e o café coado no pano”, complementa.

Manter o balcão tradicional também é prioridade: “Sem dúvida, o balcão, os azulejos que testemunharam tantas histórias e as fotografias que narram a trajetória do Nice são nossos pilares. Também é essencial preservar a tradição dos produtos clássicos e a atmosfera de aconchego que sempre acolheu os belo-horizontinos. Esses são os nossos tesouros, que fazem do Nice um verdadeiro patrimônio afetivo da cidade”.

Café coado no pano é tradição do Café Nice. Foto: Flávio Tavares/O TEMPO

A modernização do espaço, segundo ele, será feita com cuidado para não interferir na identidade visual e na arquitetura do local. “Nossa prioridade é manter a arquitetura e a atmosfera original intactas. Não haverá mudanças estruturais nem acréscimos que descaracterizem o espaço. Todos os equipamentos antigos estão passando por manutenção, e vamos preservar cada detalhe da identidade do Nice — dos azulejos às fotografias que contam nossa história. O foco está em melhorar a operação da casa, respeitando sua essência e tradição”, conclui.

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