Um grupo formado por seis padres da Arquidiocese de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, já havia programado uma viagem a Roma há um ano. A peregrinação ao Vaticano foi motivada pelo Ano Jubilar — período de celebração e renovação espiritual que ocorre a cada 25 anos. Por coincidência, os sacerdotes chegaram a Roma nesta quarta-feira (23), justamente a tempo de testemunhar um momento marcante da fé católica: a despedida do papa Francisco.

O roteiro na capital italiana já incluía a visita às quatro basílicas papais — São Pedro, São João de Latrão, Santa Maria Maior e São Paulo Fora dos Muros — e prometia ser uma experiência espiritual intensa, mas ganhou um significado ainda mais profundo diante da morte do papa. “É um momento ímpar para nossa vida, porque nunca pensávamos naquilo que aconteceu. A gente vê essa grande mobilização de pessoas vindas de diversas partes do mundo para participar do funeral do papa Francisco”, disse padre Elton Adriane, da Paróquia São José, em Bicas, na Zona da Mata mineira.

Os sacerdotes enfrentaram quase cinco horas de fila para entrar na Basílica de São Pedro. Para o padre Elton, além de ser um momento representativo, a experiência reforça a dimensão universal da Igreja Católica. “Isso mostra a Igreja presente nos lugares mais longínquos e distantes, nas periferias do mundo, e o quão importante ainda é a palavra da Igreja para o mundo, a palavra do papa, o quanto ele ainda é uma figura que atrai olhares, aguça ouvidos. É um momento ímpar, um momento singular, triste para nossa Igreja, a morte do nosso pontífice, mas, ao mesmo tempo, de alegria por perceber que ela está viva, pulsa e ainda alcança muitos corações e mentes em todo o mundo”, contou.

A emoção é compartilhada pelos demais padres da missão. Para o padre Kayo Cerqueira, da Paróquia São Sebastião, de Santos Dumont (também na Zona da Mata mineira), estar na Basílica de São Pedro e visitar o corpo do papa foi um momento extraordinário. "Enquanto esperávamos na fila, foi um momento de grande oração, de grande entrega, que foi finalizado com a nossa entrada na Basílica de São Pedro e nossa oração diante do corpo do Santo Padre. Um momento de muita emoção, que levaremos no coração e também como entrega e prece por todos nós", destacou.

“Perceber hoje a universalidade da Igreja é algo que toca a gente, emociona muito. Onde o Evangelho chegou ao coração das pessoas. Ontem, nós permanecemos quase cinco horas na fila para entrar na Basílica, e, quanto mais tarde foi ficando, próximo da meia-noite, já havia uma multidão para visitar”, reforçou o padre Everaldo José, da Paróquia São Pedro, em Juiz de Fora.

Ministério do papa Francisco

Para o padre Ivair Carolino, da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, este momento tornou ainda mais forte o exemplo de ministério do papa Francisco. “Estou tendo a graça, juntamente com meus irmãos padres, de estar aqui em Roma, visitando as Portas Santas, fazendo essa experiência do Ano Jubilar. Não estava no nosso roteiro participar deste funeral, o qual nos levou a ver a realidade de um pastor. Passar perto do funeral de Francisco nos fez recordar toda a sua missão na Igreja, uma missão que foi, literalmente, o Evangelho posto em prática: o Evangelho da acolhida, da misericórdia, que se abre a todos, porque todos têm um lugar na casa do Pai, todos têm um lugar na Igreja”, relatou.

Ele também refletiu sobre o legado deixado pelo papa: “Estar aqui nestes dias rezando, peregrinando, renova em nossos corações o desejo cada vez maior de seguir e servir a Cristo na Igreja. Na Igreja de Juiz de Fora, hoje conduzida pelo pastor dom Gil, temos essa missão de levar a mensagem de Francisco: o papa do Evangelho, o papa da acolhida. Que ele descanse em paz, e a missão da Igreja continue conosco. Que nós possamos, assim, à luz do Evangelho, à luz do testemunho do grande papa Francisco, continuar nossos passos na história, deixando a mensagem de paz e amor”, concluiu.