O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que a compra e o repasse de vacinas para Minas Gerais e os demais Estados estão ocorrendo normalmente. Contudo, destacou que a pasta vai investigar as razões pelas quais alguns municípios estão com estoques zerados. A declaração foi dada após Padilha visitar o Complexo Industrial VMI, em Lagoa Santa, na região metropolitana de Belo Horizonte, nesta segunda-feira (16 de junho). No complexo, ele ressaltou o desejo do governo de adquirir mamógrafos, entre outros equipamentos produzidos no local, para reduzir o tempo de espera para a realização de exames e procedimentos cirúrgicos. Padilha também negou que a União esteja repassando valores que dificultem o funcionamento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em cidades de Minas Gerais.

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Em relação às vacinas, Padilha comentou a pesquisa realizada pela Associação Mineira dos Municípios (AMM), que identificou a falta de imunizantes contra varicela, Covid-19, dengue e mpox em todas as regiões do Estado. O levantamento indicou que, das 190 prefeituras consultadas, 170 enfrentam falta de imunizante contra a catapora.

"Essa pesquisa apontou as dificuldades em Minas Gerais, com municípios enfrentando a falta de dois a três tipos de vacinas das 50 que são distribuídas. Tem outra pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios que, no ano passado, mostrou que mais de 60% dos municípios brasileiros tinham esse problema, mas agora caiu para 30%. No entanto, quando observamos os 30% dos municípios no levantamento de maio deste ano, vemos uma concentração significativa de municípios de Minas. Esse dado, por exemplo, indicava que até 70% dos municípios de Minas apresentavam algum tipo de falta de uma das 50 vacinas que são garantidas pelo Ministério da Saúde", afirmou Padilha.

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O chefe da pasta destacou que o dado levou o Ministério da Saúde a começar a investigar o que tem ocorrido em Minas Gerais. "Nós enviamos a equipe do Programa Nacional de Imunização na semana passada para cá, e também veio parte da logística de distribuição do Ministério. Todas as vacinas estão sendo compradas pelo Ministério, e as entregas estão em dia. Queremos identificar se há algo específico na logística em Minas Gerais que está causando esse atraso na entrega de dois a três tipos de vacina entre as 50 distribuídas aos municípios", afirmou Padilha.

Flavio Tavares / O TEMPO

Repasse direto para as capitais é discutido

Alexandre Padilha destacou que será discutido com os participantes do Congresso do Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) o repasse direto de vacinas por parte do Ministério da Saúde para as capitais.

"No caso de Minas, como a capital tem um volume grande, talvez isso esteja dificultando a organização logística do Estado para que as vacinas cheguem até os demais municípios. Se uma parte da solução for o Ministério entregar para a capital, estamos dispostos a fazer isso. Vamos tomar uma atitude para facilitar a distribuição pelo Estado para os outros municípios. E vamos identificar se há algo que possamos fazer na logística. Se for necessário colocar os Correios para ajudar ou outras estruturas, estamos dispostos", comprometeu-se Padilha.

Equipamentos para unidades básicas de saúde

A ida a Lagoa Santa foi o primeiro compromisso de Padilha em Minas Gerais nesta segunda-feira. O ministro da Saúde, ao visitar o complexo que reúne as empresas VMI Médica, Alfamed e VMI Security — que formam o maior polo industrial do hemisfério sul dedicado à fabricação de equipamentos de radiologia, diagnóstico por imagem, suporte à vida e segurança com tecnologia de ponta — afirmou que o governo federal pretende adquirir os produtos feitos no local para equipar 150 grandes centros cirúrgicos e unidades de saúde.

Padilha afirmou que, com o programa "Agora tem Especialistas", o governo visa fortalecer a atenção primária à saúde, para que o usuário possa realizar alguns exames nas unidades básicas de saúde. "O Ministério da Saúde programa a compra de mais de 10 mil kits para as unidades básicas de saúde, incluindo ultrassom e retinógrafo para examinar o fundo da retina. Há equipamentos que podem ser produzidos por essa fábrica, além de equipamentos para centros cirúrgicos, com o objetivo de acelerar a realização das cirurgias eletivas", disse.

Ao ser questionado sobre os critérios para a distribuição dos equipamentos adquiridos, Padilha afirmou que "a ideia é repassar para locais com maior demanda, priorizando aqueles que precisam de equipamentos para reduzir o tempo de espera". "O levantamento está sendo feito com os Estados e municípios para definir a distribuição."

Flavio Tavares / O TEMPO

Samu em risco de paralisação?

Alexandre Padilha também comentou a denúncia feita por consórcios intermunicipais de saúde, que gerenciam o Samu em todas as regiões de Minas Gerais, de que os repasses constitucionais da União estão abaixo do mínimo necessário para custear o programa e que o serviço pode ser interrompido.

"Primeiro, é mentira que exista um piso constitucional para o Samu. Não existe isso. Se alguém está espalhando essa informação, está mentindo. O último reajuste do Samu no Brasil ocorreu quando eu fui ministro, em 2012 e 2013. Depois disso, ficaram dez anos sem reajuste do Ministério da Saúde para os Estados e municípios. Com a volta do governo do presidente Lula, foi feito um reajuste de mais de 30% nos recursos. Vamos acompanhar essa situação em Minas, mas não vamos dialogar com mentiras. Dizer que está abaixo do piso constitucional é uma mentira", concluiu.