A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) contradisse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e afirmou, nesta terça-feira (17 de junho), que há falta de vacinas no Estado. Em visita a Lagoa Santa e Belo Horizonte, nessa segunda-feira (16 de junho), o gestor da pasta disse que iria investigar o que está acontecendo em Minas, pois, segundo ele, “as entregas estão em dia”.

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Em posicionamento encaminhado à reportagem, a SES-MG informou que conduz as ações de imunização no Estado com absoluta responsabilidade, rigor técnico e como prioridade estratégica para a proteção da população.

A pasta ressaltou que a logística utilizada para a entrega dos imunizantes é “altamente estruturada e reconhecida pela sua eficiência”. “A SES-MG garante o abastecimento regular dos 853 municípios mineiros, sempre em consonância com a disponibilidade de imunobiológicos enviados pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde.”

Contudo, a secretaria destacou que o não cumprimento dos cronogramas de entrega pelos fabricantes tem levado o Ministério da Saúde a repassar quantidades menores de imunizantes do que as necessárias para atender à demanda.

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Uma das vacinas com dificuldade de abastecimento é a contra a varicela, situação que, segundo a SES-MG, ocorre desde 2023. “Como medida para mitigar esse cenário, os Estados vêm recebendo quantitativos inferiores à demanda, sendo que a vacina tetraviral está sendo utilizada de forma complementar para assegurar, na medida do possível, a proteção contra a varicela”, informou a secretaria.

Com relação à vacina contra a dengue, a SES-MG explicou que o repasse é realizado exclusivamente aos municípios selecionados pelo ministério da Saúde, com base em critérios epidemiológicos e faixas etárias específicas. “Toda a vacina recebida pela Central Estadual de Rede de Frio é prontamente distribuída aos municípios contemplados, em absoluta conformidade com as orientações federais”, destacou.

Já a vacina contra a Covid-19 é encaminhada à secretaria de acordo com a disponibilidade nacional de estoques. Em 2025, Minas Gerais recebeu mais de 1,2 milhão de doses do imunizante. Quanto à vacina contra a mpox (monkeypox), o repasse depende da disponibilidade de doses no país e da autorização emergencial concedida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Equipes técnicas da SES-MG e do Ministério da Saúde se reuniram na última quinta-feira (12 de junho) para apresentação e alinhamento dos fluxos logísticos de distribuição de vacinas. O encontro faz parte da “investigação” citada por Padilha e também teve como assunto as tratativas sobre o cronograma para o recebimento de novos lotes de imunizantes.

Repasse para capitais

Durante as agendas em Minas Gerais, o ministro Padilha sinalizou que está em discussão uma proposta para que os imunizantes sejam repassados diretamente às capitais pelo ministério da Saúde, sem a mediação das secretarias estaduais.

Sobre essa possibilidade, a SES-MG afirmou que mantém o compromisso com a equidade no acesso à vacinação, garantindo o abastecimento de todos os 853 municípios mineiros, sempre de acordo com a disponibilidade de vacinas fornecidas pelo PNI.

“A SES-MG seguirá atuando com máxima responsabilidade, transparência e rigor técnico, reafirmando que a imunização continuará sendo uma das principais prioridades da gestão estadual de saúde pública”, concluiu.

O ministério da Saúde foi procurado pela reportagem e questionado sobre as dificuldades na aquisição de imunizantes. O posicionamento é aguardado.