O ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, afirmou nesta quarta-feira (18 de junho) que vai defender a construção de uma linha dupla no projeto de expansão da Linha 2 do metrô de Belo Horizonte, que vai ligar o bairro Nova Suíça ao Barreiro. O posicionamento foi anunciado após reunião com a deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL), que foi a Brasília para discutir o tema. 

O debate gira em torno de uma proposta da concessionária Metrô BH e da MRS Logística S.A., que prevê a implantação de um trecho com linha singela – ou seja, via de mão única – entre as estações Ferrugem e Barreiro, nos dois quilômetros finais da extensão total de 10,5 km da Linha 2.

De acordo com a Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra), a proposta está em análise e ainda não foi autorizada. O governo de Minas pediu à concessionária a apresentação de estudos que comprovem a viabilidade técnica da solução e o cumprimento dos indicadores de desempenho previstos no contrato. Até o momento, os documentos não foram integralmente entregues.

A Seinfra informou ainda que essa análise não compromete a execução da Linha 2 como um todo, nem implica redução no número de estações previstas.

Durante a reunião em Brasília, a deputada Bella Gonçalves alegou que a proposta de linha singela pode resultar em menos viagens e maiores intervalos entre os trens. Segundo ela, a mudança afetaria toda a rede metroviária de Belo Horizonte.

"Se a linha singela for implantada, será necessário aguardar o mesmo trem ir até a estação final e retornar para que a circulação siga no sentido contrário. Isso pode ampliar os intervalos para até 15 minutos", afirmou a parlamentar, que também criticou a atuação do governo estadual no caso.

O ministro Jader Barbalho Filho declarou que a equipe técnica do Ministério das Cidades vai analisar a situação e garantiu que qualquer solução terá como prioridade os interesses da população de Belo Horizonte. "Nada que possa prejudicar a população de BH será admitido", disse.

Posição da concessionária

A concessionária Metrô BH informou que o contrato de concessão prevê a compatibilização da operação da Linha 2 com as atividades da MRS Logística no local. A empresa afirma que a solução técnica para o trecho em questão foi construída em conjunto com a MRS, após um processo de estudos, com participação e validação do Tribunal de Contas da União (TCU).

Ainda segundo a Metrô BH, os estudos continuam em andamento e a proposta será avaliada pelo governo de Minas e pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A concessionária afirma que qualquer solução adotada seguirá os parâmetros de desempenho definidos no contrato.

Entenda o impasse

O trecho entre as estações Ferrugem e Barreiro passa por uma área onde opera o pátio de manobras da MRS Logística. A compatibilização entre as operações da carga ferroviária e do transporte de passageiros foi prevista desde a estruturação da concessão, com envolvimento do BNDES, TCU e órgãos reguladores.

O projeto original da Linha 2 previa via dupla em toda a sua extensão. A proposta de alteração para uma linha singela nos dois quilômetros finais foi apresentada posteriormente pela concessionária e pela MRS como forma de viabilizar a convivência das operações no local. O tema ainda está sob análise técnica e não há decisão definitiva sobre o formato que será adotado para o trecho.

Linha 2

As obras de construção da Linha 2 começaram em setembro do ano passado. As primeiras estações - Amazonas e Nova Suiça - devem ser concluídas no segundo semestre de 2026, quando está previsto o início da operação da linha 2. Serão construídas sete novas estações:

  • Barreiro;
  • Ferrugem;
  • Vista Alegre;
  • Nova Cintra;
  • Nova Gameleira;
  • Amazonas;
  • Nova Suíça.