O filho da professora Soraya Tatiana, Matteos França, de 32 anos, confessou para a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) que matou a mãe. A informação foi transmitida em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (25/7). A vítima foi morta na última sexta-feira (18/7), e o corpo foi encontrado no domingo (20/7), em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

De acordo com o delegado Álvaro Homero Huertas dos Santos, no dia do crime, o filho e a mãe tiveram uma discussão acalorada por questões financeiras. O homem estaria com muitas dívidas de jogo e teria feito vários empréstimos consignados, o que o teria deixado “atordoado”. Tudo isso, segundo Matteos, o levou a um colapso. “Ele alega que teve um surto e que, durante as discussões, os dois se levantaram em direção ao outro, e ele acabou enforcando a mãe”, relatou Santos. O valor da dívida ainda não foi divulgado. A PCMG também esclareceu que não há indícios de violência sexual.

Matteos ainda relatou para a polícia que matou Soraya Tatiana e, posteriormente, levou o corpo para um lugar ermo, transportando-o no porta-malas do próprio carro dela. O suspeito ainda afirmou que agiu sozinho. Conforme a delegada Ana Paula Rodrigues de Oliveira, todos os elementos apontam indícios cronológicos de que não poderia ter havido outra pessoa na residência durante a sexta-feira.

Após cometer o crime, Matteos viajou para  Serra do Cipó. De acordo com a PCMG, a viagem já estava planejada há cerca de um mês. No entanto, ele voltou no sábado de manhã para Belo Horizonte, dia em que percorreu hospitais supostamente procurando pela mãe.

Conforme a PCMG, o homem não resistiu à prisão e informou estar arrependido. Ele estava na casa do pai e afirma que não havia contado para ninguém sobre o crime.

 

Quem é o filho? 

Matteos França é formado em relações públicas em uma universidade particular de Belo Horizonte, sendo que o filho da professora de história se apresenta como analista de marketing e social media em uma rede social.

De acordo com o perfil dele no LinkedIn, ele ocupava atualmente o cargo de assessor de comunicação estratégica da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (SEDS), do governo de Minas, onde atuava desde 2021.

Na última terça-feira (22/7), horas após o enterro da mãe, o filho publicou uma mensagem de despedida nas redes sociais. "Vai em paz, minha baianinha, com meu amor eterno e com a certeza de que sua luz nunca vai se apagar. Você fez, é e sempre será uma linda história! Te amo para sempre", escreveu França no Instagram.

Responsável pela defesa do suspeito, o delegado Gabriel Arruda disse apenas que conversou brevemente com Matteos e ainda não teve acesso ao inquérito. “Quando tivermos todas as informações, vamos nos manifestar oficialmente”, afirmou.

Relembre o caso

Desaparecimento

De acordo com o boletim de ocorrência, registrado pelo filho de Soraya na noite de sábado (19/7), ele saiu de casa por volta das 20h de sexta-feira (18/7) para uma viagem à Serra do Cipó. A mãe estava na sala de casa, vestida com uma camisola cinza, quando ele saiu. Na manhã do dia seguinte, ainda conforme o relato do filho, ele enviou uma mensagem para a mãe, mas ela não teria sequer recebido. 

Apartamento vazio

Ainda segundo o documento policial, o filho da professora pediu que uma tia, que mora no mesmo prédio, fosse até o apartamento. Ele solicitou que um chaveiro abrisse o imóvel para que sua tia tivesse acesso, mas não foi encontrado nenhum vestígio da mulher. Diante da situação, o rapaz teria voltado para casa, onde encontrou o lugar sem sinais de alteração ou arrombamento. O carro de Soraya também estava na garagem do prédio.

Buscas em hospitais

O filho, junto do pai, iniciou uma série de visitas a hospitais da capital e ao Instituto Médico Legal (IML), além de contatos com amigas para tentar descobrir o paradeiro da professora. Sem informações, ele também tentou acessar câmeras de segurança da rua onde mora com a mãe e o notebook da mulher, mas não conseguiu obter nenhuma evidência sobre sua localização.

Corpo encontrado em Vespasiano

O corpo da educadora foi encontrado neste domingo (20/7) sob um viaduto, na avenida Adélia Issa, no bairro Conjunto Caieiras, em Vespasiano, na Região Metropolitana. Ele estava parcialmente coberto por um lençol, e a vítima vestia somente a parte de cima da roupa — uma blusa cinza. A perícia constatou marcas de queimaduras nas partes internas das coxas e manchas de sangue, possivelmente relacionadas a violência sexual.

Investigação

A Polícia Civil encaminhou o corpo da mulher para o IML, onde passou por exames e foi liberado aos familiares. A PCMG agora aguarda a conclusão de laudos periciais que irão atestar as circunstâncias e a causa da morte. "A investigação está em andamento, e outras informações podem ser divulgadas à medida que os procedimentos policiais avançam.", informou em nota.

Escola onde trabalhava

O Colégio Santa Marcelina, situado na região da Pampulha, local onde trabalhava, lamentou a morte da professora nas redes sociais. "Toda a comunidade educativa da Rede Santa Marcelina se une em oração e solidariedade à sua família, colegas e estudantes neste momento de dor. Rogamos a Deus que a acolha com amor e misericórdia, e que conforte todos os que choram sua partida. Sua memória permanecerá viva entre nós", escreveu a instituição de ensino em suas redes sociais.

Homenagens

Nas redes sociais, inúmeros relatos de pais e alunos a descrevem a professora como amiga, profissional excelente e alguém que atuava além do ensino, trazendo mensagens de carinho e incentivo aos estudantes. Uma mãe afirmou que o legado deixado por Soraya era visível na forma como os filhos mencionavam ela em casa. "Através dos olhares, atitudes e palavras de nossos filhos, reconhecemos aquele professor que é muito mais do que um educador, um ser iluminado, que se preocupa com os alunos além do conteúdo didático", lamentou.

Sepultamento

“Lutaremos por sua memória. Seu sorriso não se apagará!” — a frase estampava adesivos com a foto de Soraya Tatiana França durante o sepultamento da professora, realizado na manhã da última terça-feira (22/7), no Cemitério da Paz, no bairro Caiçara, região Noroeste de Belo Horizonte. Familiares, amigos, ex-alunos e colegas da escola Santa Marcelina se despediram da profissional com orações e homenagens. “Ontem eu descobri o alcance do amor da minha filha. Fiquei impactado com tanto carinho, tantas flores, tanta gente", disse o pai da professora, Nilton França.