Audiência pública

ALMG discute desafios do envelhecimento da população com síndrome de Down

Reunião teve o tema: “A família como pilar importante do desenvolvimento das pessoas com síndrome de Down

Por Vitor Fórneas
Publicado em 19 de março de 2024 | 17:15
 
 
 
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A necessidade de se pensar políticas públicas para o envelhecimento das pessoas com deficiência foi alvo de debate durante audiência pública realizada pela Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta terça-feira (19 de março). A reunião debateu o tema: “A família como pilar importante do desenvolvimento das pessoas com síndrome de Down” e aconteceu na semana em que se celebra o Dia Mundial da Síndrome de Down (21 de março) — saiba mais sobre a data abaixo.

O presidente da Federação da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais em Minas Gerais (Apaes-MG), Daniel Barbosa, destacou o trabalho realizado pela associação, há sete décadas no país, com a “missão de resguardar os direitos das pessoas com deficiência”. “A Apae nasceu diante do esforço de pais e mães para o desenvolvimento dos filhos em uma sociedade que, na época, usava vocabulário chulo para se referir a eles: debilóides, retardados, doidinhos”, comentou.

Barbosa afirmou que, além de lutar em defesa das pessoas com deficiência, a Apae traz provocações e reflexões para o poder público a respeito desta parcela da população. “O processo de envelhecimento da pessoa com deficiência é o principal desafio que encontramos. Com o avanço da medicina e a melhora da qualidade de vida, a sociedade vai tendo mais condições de viver e isso é para todos, incluindo os deficientes”.

“O envelhecimento traz grande aflição para as famílias: quem vai cuidar com o mesmo afinco e humanidade [após a minha morte]? Precisamos pensar em serviços de envelhecimento para pessoas com deficiência diante da falta do ponto de apoio da família. No Brasil, o Mato Grosso do Sul é pioneiro ao aprovar uma lei que oferta auxílio aos cuidadores da pessoa com deficiência”, complementou o representante da Apae-MG.

Os dados reforçam, segundo Leonardo Gontijo, presidente do Instituto Mano Down, a necessidade de abordar o assunto. “Belo Horizonte realizou um censo que apontou que a cidade tem 4,7% da população com algum tipo de deficiência e 5.800 pessoas com síndrome de Down. É uma comunidade grande e atuante. Na década de 90, a expectativa de vida era menos de 25 anos e hoje é 60”, apresentou.

“A rede de apoio não basta ser somente a família. No nosso instituto já recebemos assistidos que falaram sobre o receio de quem eles terão para auxiliá-lo [após o falecimento do ente]. Eles não sabem com quem vão ficar. Isso precisa ficar bem claro e, por isso, se faz importante o diálogo com toda a comunidade”, destacou.

Helga Almeida é massoterapeuta do Instituto Mano Down e ressaltou a importância da sociedade dar espaço para as pessoas com síndrome de Down. “As pessoas precisam nos ouvir mais. Tenho certeza de que se isso acontecesse, elas iam aprender mais sobre nós. Eu acredito muito em mim e no meu potencial e no de todos nós”, afirmou.

Ao final da audiência pública, o deputado Ioannis Konstantinos, o Grego da Fundação, (PMN), que presidiu os trabalhos, reafirmou o compromisso com a comunidade pela “busca diária de igualdade para as pessoas com deficiência”. 

Conscientização

Celebrado anualmente em 21 de março, o Dia Mundial da Síndrome de Down faz referência aos três cromossomos no par 21, que caracteriza a condição genética. Foi o Brasil quem propôs a data à Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2011, o que foi acatado pela entidade.

De acordo com o Instituto Mano Down, em 2024, o tema para o data é "Chega de estereótipos, abaixo o capacitismo". Os estereótipos são baseados em informações limitadas ou em experiências pessoais e impedem as pessoas com síndrome de Down e com deficiência intelectual de serem tratadas como as demais. Muitas vezes, a sociedade cria um estereótipo, uma imagem infantilizada e subestimada dessas pessoas, levando à exclusão e ao preconceito.

O Instituto Mano Down é uma organização sem fins lucrativos que promove a autonomia e inclusão de pessoas com Síndrome de Down e outras deficiências. A entidade surgiu a partir do amor de Leonardo Gontijo por seu irmão caçula, o Eduardo, também conhecido como Dudu do Cavaco, músico com a síndrome.

Com ALMG

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