SABRIL 500MG

Associação denuncia contaminação de remédio para esclerose tuberosa

Crianças que têm a doença teriam tomado medicamento alterado no final de 2022

Por Bruno Daniel
Publicado em 25 de julho de 2023 | 15:50
 
 
 
normal

A Associação Brasileira de Esclerose Tuberosa (ABET) denuncia a contaminação de lotes do remédio Sabril 500mg. O medicamento é utilizado no tratamento de comorbidades da Esclerose Tuberosa e outras doenças e tem o objetivo de controlar e reduzir a frequência de crises convulsivas. Os lotes estariam contaminados com a substância Tiaprida, que é usada no tratamento para abstinência alcóolica.  

 Segundo a assessora jurídica da entidade, a advogada Juliana Itaborahy, algumas mães relatam que deram aos filhos medicamentos dos lotes contaminados desde o fim de 2022, sem saber que estavam adulterados. Na semana passada, algumas mães começaram a observar mudanças no comportamento dos bebês na última semana, como relata a presidente da ABET, Márcia da Silva. “As mães perceberam que os bebês estavam muito sonolentos. Mudança no comportamento deles, na apatia deles”, detalha.   

Ainda conforme a associação, só depois que a informação já circulava entre as mães é que a Sanofi Medley, empresa fabricante do remédio, recolheu os lotes irregulares. No dia 17 de julho, a farmacêutica anunciou o recolhimento voluntário dos lotes CRA02747, CRA06696R, DRA00489V e DRA00490. Na publicação, a empresa apontou um “evento de qualidade no fornecedor da matéria-prima” como motivo para retirada dos remédios do mercado.   

Márcia da Silva relata que as mães estão angustiadas com os possíveis danos colaterais que os remédios contaminados podem causar nas crianças. Efeitos que, de acordo com ela, ainda são desconhecidos.  “Lá pra frente é que vamos ter os efeitos colaterais desses bebês. A gente tem que ver com o tempo e com os médicos para eles observarem isso”, explica Márcia, que se diz indignada com a situação. “É uma falta de respeito para com as mães dos pacientes. Estamos lidando com vidas. Que seja um, 10, 1000, não importa. Acho que a gente não pode deixar isso acontecer de forma alguma”, critica.  

 A reportagem solicitou um posicionamento da Sanofi Medley sobre a denúncia. Assim que receber retorno, esta reportagem será atualizada. No comunicado sobre o recolhimento voluntário dos lotes de Sabril 500mg, a farmacêutica disse que “os demais lotes presentes no mercado brasileiro não estão impactados pelo recolhimento”.  

Falta de medicamento no mercado  

A ABET também alega que, devido ao recolhimento dos lotes contaminados do Sabril 500mg, as mães estão tendo dificuldades para encontrar o remédio no mercado. Márcia da Silva, presidente da associação, alerta para gravidade da situação, uma vez que, segundo ela, o Sabril é o único disponível no mercado que tem eficácia no controle das crises convulsivas.  

“Essas crianças têm a dependência desse medicamento. Se eles não tomarem e não tiverem o desmame correto, vão voltar a ter muitas crises convulsivas por dia”, lamenta.   

Também no comunicado sobre o recolhimento voluntário do remédio, a Sanofi Medley afirmou que “um novo lote do medicamento está em produção” e que está “tomando todas as medidas necessárias para minimizar o impacto deste recolhimento no abastecimento do produto e para que a situação seja normalizada o mais breve possível”.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!