TRAGÉDIA NA REGIÃO CENTRAL DE MINAS

'Atividades de mineração podem causar tremores', diz especialista

Órgãos ainda não confirmam a causa do desastre, mas a Universidade de Brasília constatou cerca de dez abalos sísmicos na região antes e durante o ocorrido

Por JULIANA BAETA/ GUSTAVO LAMEIRA
Publicado em 06 de novembro de 2015 | 11:28
 
 
normal

As causas do desastre ocorrido na barragem de Fundão, da mineradora Samarco, em Bento Rodrigues, distrito de Mariana, região Central de Minas, nessa quinta-feira (5), ainda não foram esclarecidos. Especula-se que possíveis tremores teriam culminado no rompimento de duas barragens, mas nada ainda foi confirmado.

Autoridades e técnicos de diversos órgãos estão no local da tragédia e a área é monitorada também via satélite pelo Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), órgão vinculado ao Ministério da Integração Nacional. Segundo o Corpo de Bombeiros, uma morte foi confirmada até então. Pelo menos 500 pessoas foram resgatadas, entre ilhados e feridos, e no mínimo 13 estão desaparecidas.

De acordo com o Cenad, os possíveis abalos sísmicos que teriam antecedido a tragédia não foram confirmados. Conforme a assessoria do órgão, os técnicos estão no local avaliando a situação, mas a prioridade é conter os riscos e prestar os primeiros socorros às pessoas afetadas. O desastre atingiu os distritos de Bento Rodrigues, Paracatu, Paracatu de Baixo, Camargos, Santa Rita Durão, Rio Doce e Barra Longa.

A Universidade de Brasília (UnB) chegou a confirmar que houve tremores antes do rompimento da barragem. O professor George Sand França, do Observatório Sismológico da UnB, explica que isso é possível.

"Foram três abalos, dois eventos localizados próximo à área da barragem. O primeiro foi às 14h12, de magnitude 2,5; um minuto depois, outro, de magnitude 2,7. Todos sentidos pela população e comunicados para gente por meio de empresas e outras entidades da região. Um outro foi sentido às 15h59, mais fraco, de intensidade 1,9", relata.

Ainda conforme o especialista, não é possível afirmar que os tremores provocaram o rompimento da barragem. "Para isso é preciso uma avaliação da equipe técnica. Só o pessoal da Geotecnia é que poderá dizer se as causas do rompimento foram artificiais (provocadas pela ação do homem) ou naturais", explica.

França ainda esclarece que "comum" não é uma palavra que se pode usar neste caso mas que existem, sim, ocorrências de tremores de baixa intensidade na região de Mariana, Itabira e Itabirito, na região Central de Minas. "Sobretudo, pela atividade de mineração na região. As escavações e detonações podem desencadear tremores", diz.

Cerca de dez abalos sísmicos

O Observatório Sismológico da UNB registrou dez abalos sísmicos, sendo que dois deles puderam ser sentidos, os outros foram de menor magnitude. 

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!