Situação alarmante

Aumento dos suicídios de policiais mobiliza ONG e sindicatos junto à ALMG

Caso mais recente ocorreu na madrugada desta terça; representantes de policiais civis, militares e agentes socioeducativos e penitenciários querem audiência pública

Por Letícia Fontes
Publicado em 27 de agosto de 2019 | 12:15
 
 
 
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Representantes dos sindicatos de policiais civis, militares e agentes socioeducativos e penitenciários protocolaram, nesta terça-feira (27), durante a Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa, um pedido de Audiência Pública para discutir os últimos casos de suicídios dentro das corporações. 

De acordo com a ONG Defesa Social, o caso mais recente aconteceu nesta madrugada. Um militar de Itajubá, no Sul do Estado, tirou a própria vida. Segundo um levantamento da entidade, nos oito meses deste ano, já são 32 profissionais de segurança pública – policiais civis, militares e agentes penitenciários e socioeducativos – mortos por suicídio. O número supera, e muito, os três casos registrados no mesmo período do ano passado. 

Segundo Robert Willian Cardoso, presidente da entidade, somente no último mês, cerca de 400 agentes foram afastados do trabalho. Entre os profissionais com maior incidência de depressão, de acordo com a pesquisa, estão os policiais militares, seguidos pelos agentes penitenciários e policiais civis. 

“Mais de 50% dos servidores estão afastados, mais de 50% dos familiares estão em algum tipo de tratamento psicológico. Em média, 40% da categoria usa medicamentos controlados. A situação está muito além do suportável. Estamos buscando discutir essa questão até com entidades internacionais. O governo não cuida do nosso psicológico. O pouco que tem está concentrado em BH, no interior a situação é insustentável”, destacou. 

Veja a entrevista:

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Com 90% das unidades prisionais do Estado superlotadas e com metade das penitenciárias interditadas, segundo o relatório final do mutirão carcerário realizado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) divulgado na última semana, para o diretor do Sindicato dos Agentes de Segurança de Minas Gerais  (Sindasp-MG), Daniel Santos, a situação dos agentes tende a piorar. 

"Temos poucos servidores com isso temos uma sobrecarga de horário. Com o tempo, o agente não aguenta trabalhar com condições precárias e em situações de extrema pressão. Temos muitos casos de alcoolismo dentro da corporação", afirmou.

Aplicativo

A ONG Defesa Social lançou o aplicativo Centuryon. Nele, os agentes podem pedir socorro, fazer terapia online, denúncias e ver casos de quem venceu a depressão. Segundo a entidade, a partir de segunda-feira (2), a ONG irá percorrer unidades de segurança do estado com uma equipe psicólogos e assistentes sociais para atender as corporações. 

Outro lado

Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informou que garante o acompanhamento periódico da saúde de todos os seus agentes e reiterou que está trabalhando na melhoria das condições de assistência e também das condições de trabalho em geral dos profissionais que atuam na segurança pública em Minas Gerais.

A pasta destacou ainda que possui uma Diretoria de Atenção ao Servidor, que faz o acolhimento de todo o servidor que busca algum tipo de auxílio sobre a sua condição de saúde.

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