Sem aviso

Autoescola em Belo Horizonte é fechada e alunos temem prejuízo

A Polícia Civil vai instaurar um processo administrativo para apurar o caso; proprietário de autoescola pode ser preso

Por Rafaela Mansur/ Nelson Batista
Publicado em 27 de agosto de 2018 | 17:02
 
 
 
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Alunos de uma autoescola do bairro Sion, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, encontraram as portas do estabelecimento fechadas nesta segunda-feira (27). O proprietário do centro de formação de condutores Mangabeiras desapareceu e não atende as ligações dos clientes.

O problema seria ainda maior, porque, de acordo com os candidatos, o dono do autoescola já teria sido preso em 2011, suspeito de fraudar provas de legislação.

Os alunos, que já pagaram parte dos pacotes de habilitação, temem ficar no prejuízo. É o caso do vendedor Alex Aquino, de 26 anos, que pagou R$ 500 de entrada e não chegou a assistir a nem uma aula. "Ele fechou a autoescola, sumiu, não deu nenhuma informação, a gente liga, dá desligado. Foi golpe. É uma decepção, estou tentando minha primeira habilitação, e acabou acontecendo isso", lamenta.

De acordo com o chefe da divisão de habilitações do Detran-MG, delegado Ednelton Carracci, a Polícia Civil vai instaurar um processo administrativo para apurar o caso e, se for comprovada a responsabilização por parte do dono da autoescola, ele vai responder criminalmente e pode ser preso.

Segundo ele, o estabelecimento está credenciado ao órgão e com a documentação em dia.

"Encaminhamos as vítimas que aqui compareceram para registro de ocorrência, deslocamos equipe até a autoescola, para verificar se ela estava em funcionamento ou não, e até o momento não localizamos o empresário. Vamos instaurar processo administrativo para que seja apurado qualquer tipo de responsabilidade, verificar se realmente houve golpe, e se teve algum tipo de intenção fraudulenta por parte do proprietário", explica.

Conforme o delegado, o proprietário da autoescola não procurou o Detran em nenhum momento para informar que pretendia fechar o estabelecimento.

"O proprietário deveria ter comunicado qualquer tipo de dificuldade que ele estivesse passando para que o Detran pudesse orientá-lo, prestar auxílio e até mesmo, se fosse o caso, suspender temporariamente a atividade, para que nenhum candidato fosse lesado", afirma. 

O proprietário do estabelecimento seria, de acordo com uma aluna, Odair Inácio Soares, preso em 2011. Conforme O TEMPO mostrou na época, ele era instrutor de autoescola e cobrava dos candidatos para se passar por eles e fazer o teste de legislação.

A suposta prisão do homem foi descoberta pela atendente de vendas Isabela Ramos Luz, 28, que pagou R$ 550 ao proprietário e não conseguiu terminar o pacote comprado. "O questionamento é como o Detran cedeu propriedade de autoescola para uma pessoa que já tinha ficha suja", diz. "Minha pauta vence em 13 de setembro, eu vou ter que pagar e fazer tudo de novo? É um absurdo", reclama.

O Detran-MG informou que, de acordo com os registros do órgão, Soares não é proprietário ou diretor do Centro de Formação de Condutores Mangabeiras, e está cadastrado como instrutor de trânsito. Segundo o Detran-MG, o homem não foi indiciado em 2011 devido à ausência de elementos informativos, porque "os demais autuados rechaçaram o envolvimento de Odair na fraude".

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