COM DIREITO A BOLO

Bairro Padre Eustáquio, em BH, completa 72 anos, e moradores cantam os parabéns

Evento conta com apresentações musicais e festa na rua; bairro é marcado pela fé no beato Padre Eustáquio

Por Isabela Abalen
Publicado em 30 de abril de 2023 | 17:03
 
 
 
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O bairro Padre Eustáquio, tradicional da região Noroeste de Belo Horizonte, acaba de completar 72 anos de história. Para comemorar, os padreeustaquianos, como gostam de ser chamados os moradores da região, organizaram uma festa com direito à música, bolo e parabéns neste domingo (30). 

A rua Progresso foi fechada para dar espaço à comemoração. Na programação, música ao vivo, comida de boteco e lembranças daquilo que já foi vivido no bairro. “O Padre Eustáquio batizou a minha irmã”, diz Fernando Alfredo Costa, de 69 anos, em frente à casa onde nasceu e ainda mora. O bairro leva o nome do beato, em homenagem ao holandês que morou na região na década de 1940. 

“Quem conta a história é a minha mãe. O padre batizou minha irmã Maria do Socorro ainda na Igreja Cristo Rei, antes que fosse colocado o primeiro bloco de pedra da Igreja Padre Eustáquio, em março de 1943. Em agosto, o padre morreu”, conta Fernando. De fato, o beato foi vítima de picada de carrapato, teve febre maculosa e não resistiu. 

Mesmo assim, a sua história continua na memória dos moradores da região. “Uma das coisas que eu amo nesse bairro é que as pessoas têm muita fé. Com essa fé no Padre Eustáquio, que viveu aqui, nós conseguimos curas”, diz Antonina Matos do Santo Costa, de 70 anos, companheira de Fernando. “Daqui não saio, só depois que a vida acabar e não tiver mais jeito mesmo”, brinca. 

Para Gustavo Rolim, de 46 anos, nascido e criado no Padre Eustáquio, não há lugar em Belo Horizonte que se pareça com o seu bairro do coração. “O diferencial daqui são as pessoas. Nós vivemos uns próximos dos outros, é como se fosse uma cidade do interior dentro da capital. Todos se conhecem, vamos juntos à igreja, temos amizades de 30, 40 anos”, relata. 

Gustavo guarda com carinho a história de como o bairro foi fundado. “A região se chamava Bela Vista. Só depois, quando completaram oito anos de falecimento do beato Padre Eustáquio, que o bairro passou a levar o seu nome. É como se tivessem proclamado a independência do bairro, nos tornamos padreeustaquianos”, lembra. 

De fato, em abril de 1951, o então prefeito de BH, Américo Renê Giannetti, sancionou a lei que alterou o nome da Vila Bela Vista, fundada por operários, para Vila Padre Eustáquio. À época, a Vila Padre Eustáquio era uma região afastada do Centro de BH. O desenvolvimento começou com a chegada dos bondes, a abertura da Pedro II e da avenida Tereza Cristina. 

O acolhimento típico dos padreeustaquianos foi o que fez a manauara Alessandra Chaves, empresária de 44 anos, se mudar para o bairro há mais de cinco anos atrás. “Eu já conhecia o bairro, quando vinha de visita. Foi quando me encantei com a região. Para mim, Padre Eustáquio é um símbolo de Belo Horizonte”, diz. “Eu sou muito grata por ter sido acolhida. Você vir sozinha, de outro estado, e ser tão bem recebida só mostra como o bairro é especial”, continua. 

Alessandra não pôde deixar de comparecer ao aniversário do bairro. “Padre Eustáquio, feliz aniversário. Que os moradores continuem sendo abençoados e as famílias unidas”, parabeniza. O parabéns foi cantado ao redor da mesa e o bolo distribuído pelos moradores. As crianças, brincando de futebol na rua, ganharam pedaços maiores. 

O bairro Padre Eustáquio é residência de aproximadamente 30 mil pessoas, conforme o último Censo do IBGE (2010). Levando-se em conta a população flutuante (trabalhadores, estudantes e mesmo quem esteja apenas de passagem), esta população alcança cerca de 100 mil pessoas por dia.   

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