Barco com mineiros tomba no RJ 

Um barco com 13 pessoas, sendo 11 moradores de Arantina, na Zona da Mata, virou neste sábado à noite próximo à praia de Provetá, na baía de Ilha Grande, em Angra dos Reis (RJ), deixando cinco mineiros desaparecidos até o fechamento desta edição, dentre eles o vice-prefeito de Arantina, José Geraldo da Silva, 47. A Marinha foi acionada para ajudar nas buscas e instaurou inquérito administrativo para apurar causas, circunstâncias e responsabilidades pelo ocorrido, tendo prazo de 90 dias para conclusão dos trabalhos.

A viagem reuniu 47 pessoas, sendo 11 de Arantina e as demais da cidade vizinha de Bom Jardim. Segundo um dos sobreviventes, o advogado Erlei Eros Misael, 42, esse passeio acontece há três anos e seria uma confraternização dos amigos pescadores. O ônibus com todo o grupo partiu sentido Angra dos Reis às 9h do sábado, chegando à cidade às 16h. “Fomos direto para o mar. Nos dividimos em quatro grupos, sendo um em cada barco. Navegamos por quase três horas até começarmos a pescar. Porém, não estávamos conseguindo pescar nada e resolvemos trocar de local”, disse Misael, 42.

A embarcação “Minas Gerais” levava os 11 amigos de Arantina mais dois tripulantes. O acidente aconteceu, segundo Misael, apenas três minutos depois do início do deslocamento dos barcos para a outra área de pesca. “O tempo estava nublado, não chovia e o vento era fraco. O mar estava bem calmo. Fomos fazer uma curva leve para a direita e o barco acabou tombando para a esquerda. Todo mundo estava com colete salva-vidas”, afirmou

Sufoco. Misael disse que conseguiu sair pela lateral do barco e nadou em direção a uma ilha rochosa, que havia perto do local do tombamento. “Eu estava apoiado em uma tampa de isopor, mas ela escapou. Encontrei um pedaço de madeira que parecia do banco do barco, me apoie nele e fui nadando. Para subir nas rochas acabei machucando meus pés e mãos. Depois que encontrei um lugar seguro, gritei por socorro e fui procurando os outros amigos. Foram 40 minutos gritando para que alguém pudesse me encontrar naquela ilha”.

Ainda segundo o advogado, o resgate foi feito pelos três barcos que estavam com eles. “As próprias embarcações nos encontraram e nos tiraram da ilha. Eu também vi pescadores da Ilha Grande, da praia de Provetá, nos ajudando com os botes”, concluiu.

Informações não oficiais dão conta que estariam desaparecidos, além do vice-prefeito, Welington Sandro, 44, José Geraldo, 48, Fernando Cássio, 44, e Atail, 53, que estava com o filho Jefferson, de 19 anos. O jovem se salvou.

Posição

Nada de lista. Procurada, a assessoria de imprensa da Marinha informou que não iria divulgar as listas com os nomes dos resgatados durante as buscas e nem dos desaparecidos.

Cidade se mobiliza após acidente no mar

Os moradores de Arantina, na Zona da Mata, amanheceram tristes pelo acontecido. O empresário Luiz Cláudio, 47, lamentou o acidente marítimo. “Eles sempre faziam esse passeio. É uma situação triste para todos, pois eram pessoas conhecidas e queridas por nós.” O alívio de ser socorrido não foi total para Erlei Eros Misael, pois outros cinco amigos estavam desaparecidos, como o vice-prefeito, José Geraldo da Silva (PP), 47.

O político já foi vereador por três mandatos, inclusive presidiu a Câmara Municipal da cidade. “Estamos esperando por notícias positivas. Acompanhamos as notícias pela internet e devido ao mau tempo em Angra dos Reis, fomos informados de que as buscas foram suspensas temporariamente”, informou, neste domingo à tarde, Iracy Landim Gonçalves, 66, tia do vice-prefeito.

Silva é casado há 19 anos e tem dois filhos, de 18 e 9 anos. O prefeito da cidade, Francisco Carlos Ferreira (DEM), 59, disse que está consternado pelo ocorrido. “É uma situação horrível e que ninguém espera. Me ligaram de madrugada e contaram o que aconteceu. Estamos na torcida para que todos sejam encontrados.”

O barco “Minas Gerais” é do tipo traineira e, segundo Misael, não estava cheio. A diária pode custar R$ 700.