Risco de rompimento

Barragem em Barão de Cocais não foi afetada por queda de parte do talude

Primeiras avaliações feitas pela Vale apontam que o material está deslizando de forma gradual e deve ocorrer sem maiores consequências

Por Lara Alves
Publicado em 31 de maio de 2019 | 13:24
 
 
 
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À beira do colapso, a barragem Sul Superior da mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais, região Central, não foi afetada pelo desprendimento de um pequeno fragmento do talude norte. Parte do paredão se soltou por volta das 5h da manhã nesta sexta-feira (31).

O material já estava em deslocamento desde o fim de abril e órgãos responsáveis temiam que seu deslizamento brusco provocasse um abalo sísmico que comprometesse a barragem. Uma segunda hipótese é que a queda do talude fizesse transbordar os rejeitos já depositados no fundo da cava, e isso poderia provocar o rompimento da estrutura.  

No entanto, a aceleração continua normal conforme o esperado e o desprendimento ocorrido não causa preocupação. A afirmação é de Guilherme Santana Lopes Gomes, gerente substituto regional da Agência Nacional de Mineração (ANM). O órgão federal está monitorando em tempo real todas as alterações registradas na mina. 

"O fragmento acelerou, o que é normal, um pequeno pedacinho começou a se desprender e caiu na água. A expectativa é que, aos poucos, os pedacinhos vão caindo mesmo", explicou Gomes. Por volta das 12h, a ANM registrou que o paredão se desloca a cerca de 32 centímetros por dia. 

Informação semelhante já havia sido enviada pela Vale mais cedo. Segundo a mineradora, as primeiras avaliações indicam que o material está deslizando de forma gradual, "o que, até o momento, corrobora com as estimativas de que o desprendimento do talude deverá ocorrer sem maiores consequências", divulgou. 

Talude poderia ter se desprendido até o dia 25 de maio

Laudos citados pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) apontavam que, se a aceleração detectada no fim de abril aumentasse como o esperado, o material se romperia entre os dias 19 e 25 de maio. No entanto, isso não aconteceu. 

O paredão continua em deslocamento e não há previsão clara para o momento em que ele pode se desprender totalmente, em fragmentos ou não. 

A situação chamou a atenção da ANM, dada a aceleração constante do deslocamento do talude. Isso porque, desde 2012, o paredão se movimentava cerca de dez centímetros por ano, algo considerado normal. Nesta sexta-feira (31), o deslocamento diário ultrapassou a casa dos 30 centímetros. 

Situação da barragem

Distante 1,5 km da mina onde o desprendimento aconteceu, a barragem Sul Superior segue com monitoramento 24 horas por dia de forma remota. Segundo a Vale, radar e estação robótica são alguns dos instrumentos usados, capazes de detectar movimentações milimétricas.

No dia 8 de fevereiro, duas semanas após a tragédia em Brumadinho, moradores das comunidades localizadas na zona de autossalvamento deixaram suas casas às pressas durante a madrugada, quando a sirene soou pela primeira vez. À época, o alerta sinalizava que a barragem subia para o nível 2 na classificação de risco.

Pouco mais de um mês depois, em 22 de março, as sirenes voltaram a soar e a segurança da estrutura foi elevada ao nível 3 na classificação, momento em que a barragem está prestes a colapsar, o que pode não acontecer, ou já está em processo de rompimento. 

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