O tradicional Carnaval de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, não contará neste ano com as bandas Bartucada e Bat Caverna, que agitam milhares de foliões na cidade todos os anos. Essa vai ser a primeira vez, em três décadas, que os grupos não participarão da folia. Isso porque, segundos os dirigentes das atrações, houve um impasse financeiro entre a prefeitura e as empresas que organizam a festa no município.
O presidente da Bartucada, Conrado Fabrino, explicou que desde 2012, quando o Carnaval em Diamantina começou a ser promovido pela prefeitura por meio de uma parceria público-privada, com a instalação de camarotes e comercialização de abadás, as bandas começaram a ter prejuízo com os shows durante a folia. Uma das explicações, para ele, seria a redução do número de foliões que vinham de Belo Horizonte e região metropolitana e passaram a curtir a folia na capital mineira. Segundo o dirigente, em 2016, a bandas só tocaram na cidade porque a prefeitura conseguiu pagar parte do custo. Neste ano, entretanto, com o caixa mais apertado, a administração municipal negou os recursos necessários.
“Em 2014 e 2015 as bandas assumiram o risco. Tocamos sem saber se receberíamos. Tivemos um rombo. No Carnaval de 2016 fizemos uma reunião com o antigo prefeito e explicamos que não tínhamos mais condições de arcar com os custos operacionais. A prefeitura assumiu uma parte e a festa aconteceu com a participação da Bartucada e da Bat Caverna. Agora, em 2017, a prefeitura não pôde contribuir. Além disso, as empresas responsáveis pelo Carnaval não quiseram pagar a verba que precisamos para tocar. Disseram que só receberíamos se a folia desse lucro. Assim não podemos colocar a banda no palco, não tem como”, lamentou Fabrino.
Para pagar os 15 músicos que são contratados para tocar ao lado dos percussionistas voluntários da Bartucada durante o Carnaval em Diamantina, a direção da banda solicitou às empresas e à prefeitura um valor de R$ 45 mil. Já a Bat Caverna, que conta com cerca de 100 participantes entre músicos e produtores, pediu R$ 12 mil por dia. “O valor cobrado pelo custo operacional da Bat Caverna, vale ressaltar que não estamos falando de lucro para a banda, é um dos mais baixos do mercado, é irrisório quando se fala, então, de Carnaval. E mesmo assim a prefeitura e essas empresas não toparam. Nós só queríamos que eles garantissem esse custo. Não pensamos em lucro”, salientou o presidente da Bat Caverna, Rogério Sarnezi.
O prefeito de Diamantina, Juscelino Brasiliano Roque (PMDB), lamentou as ausências da Bartucada e Bat Caverna no Carnaval, mas disse que a folia na cidade ainda será atrativa. “São bandas importantes, sem dúvida, mas teremos outros 100 grupos de Diamantina e região que promoverão uma festa para a família em nosso município. Vamos fazer este ano uma festa menos invasiva. É preciso destacar também que assim como outras cidades estamos em condições financeiras precárias e, por isso, precisamos priorizar outras áreas como a saúde”, ponderou.
Bloco na rua
Apesar de não subir no palco em Diamantina, a Bartucada não vai deixar de colocar seu som nas ruas. O “Brókio do Xai-Xai”, bloco carnavalesco fundado pela banda em 1975, vai continuar a agitar os foliões. O grupo desfilará na cidade no dia 27 de fevereiro (segunda-feira). Eles também estarão presentes em Belo Horizonte, durante o pré-Carnaval, no dia 12 de fevereiro, entre a rua Bernardo Guimarães e a avenida Brasil, na região Centro-Sul da capital. “Estamos com tudo registrado na Belotur e a festa vai ser muito animada para os belo-horizontinos", disse Fabrino.
A Bat Caverna, por sua vez, ainda não definiu os locais onde tocará no feriado. O dirigente da banda Rogério Sarnezi explicou que a direção só ficou sabendo que o grupo foi “excluído” do Carnaval em Diamantina por meio da imprensa, nesta quarta-feira (25). Sendo assim, eles estão abertos a propostas. A única certeza é que eles tocarão em Rio Paranaíba, na região do Alto Paranaíba, no Carnaval, mas sem data definida.