CIDADES

Beato Eustáquio emociona a multidão

Cerca de 70 mil fiéis lotaram o Mineirão para assistir à cerimônia de beatificação do pároco, que viveu em BH.

Por PATRICIA GIUDICE
Publicado em 16 de junho de 2006 | 00:01
 
 
 
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Entre os 600 párocos presentes ontem à cerimônia de beatificação de padre Eustáquio, Gonçalo Belém, 81, se mostrou particularmente comovido. Foi a cura de um câncer em sua garganta a prova determinante para que uma multidão de 70 mil pessoas pudesse assistir ontem à elevação do religioso a beato.

"Agora vamos rezar para que vire santo", disse Belém. Muitos fiéis, entre eles parentes do padre Eustáquio vindos da Holanda, não conseguiram conter a emoção durante a cerimônia realizada no Mineirão, em Belo Horizonte.

As lágrimas de conhecidos do padre e fiéis representaram o momento único que estavam vivendo e a importância da beatificação para Minas Gerais. Pela primeira vez na América Latina, um venerável se transforma em beato tendo uma celebração no país que é adorado. Até então, as cerimônias aconteciam no Vaticano.

"Fiquei muito emocionado, não dá para descrever", disse um dos sobrinhos de padre Eustáquio, o holandês Albert van Lieshout, limpando as lágrimas.

Ao lado da irmã Adrie van Lieshout, que olhava muito para a imagem de 7 m de altura do tio e estava mais sorridente com a cerimônia, Albert ressaltou a quantidade de pessoas presentes no estádio. "É muita gente, vamos levar essa imagem para o nosso país", afirmou.

Os 29 parentes chegaram ao Brasil no último domingo e visitaram, em Belo Horizonte, vários lugares por onde padre Eustáquio passou e também onde ele morreu " um quarto que permanece intacto no hospital Alberto Cavalcanti, na região Noroeste ", no dia 30 de agosto de 1943.

Cerimônia
Por volta das 15h30, sinos tocaram anunciando a entrada dos 600 padres no gramado e dando início à cerimônia. A torcida aplaudiu e gritou a frase que mais se remete a Eustáquio: "Saúde e Paz". Crianças entraram em campo e durante toda a cerimônia apresentaram coreografias, uma delas mostrava um coração pulsando.

Logo depois, cem bispos levaram um turíbulo incensando o ambiente, seguidos do cardeal dom Serafim Fernandes de Araújo, do padre Lúcio Dumond, do enviado do papa Bento XVI, cardeal José Saraiva Martins, e do arcebispo de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo.

Após as 16h, o cardeal Saraiva leu a Carta Apostólica da Beatificação, oficializando a elevação de padre Eustáquio a beato. Logo depois, os panos que cobriam um banner com a imagem do religioso foram descerrados.

Para a professora Cinara Santos, 29, a maior emoção da cerimônia aconteceu durante a consagração da hóstia, por volta das 18h. Ela disse que o momento foi também de reflexão sobre a própria vida.

"Nesta hora, a gente pára para pensar sobre como estamos passando os nossos dias. A vida é um dom de Deus e a gente só tem que agradecer e ser feliz."

Velas
Às 19h10 todas as luzes do Mineirão se apagaram e o estádio ficou iluminado somente pelas velas dos fiéis que lotavam as arquibancadas. A beleza desse ponto da cerimônia emocionou ainda mais as pessoas que estavam lá.

Com os olhos cheios de lágrimas, o arcebispo dom Serafim Fernandes de Araújo falou do significado daquele momento. "Eu sonhei com isso durante muitos anos. É uma realização enorme a beatificação acontecer durante uma Torcida de Deus, então, é realmente uma felicidade enorme."

Depois da missa, os padres e bispos fizeram um procissão com o Santíssimo Sacramento em torno do gramado. A cerimônia foi encerrada as 20h com fogos de artifício. (Com Cynthia Castro)

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