'Bota-fora' clandestino vira criadouro do mosquito da dengue e mobiliza PBH

Madeira, sucata, água parada e muita sujeira. Há cerca de 12 anos um espaço público, localizado na rua Ludgéro Felipe Ferreira, no Conjunto Taquaril, na região Leste de Belo Horizonte, foi transformado em um “bota-fora” clandestino. O local, que deveria ser um ponto de convivência dos moradores, abriga a extensão de um ferro-velho, localizado ao lado do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) da região. Identificado como criadouro da dengue, o espaço é alvo de uma força-tarefa de limpeza, coordenada pela prefeitura da capital nesta segunda-feira (18 de março).

"É um local de alto índice de transmissão da dengue. Na regional Leste na última semana tínhamos 5.330 casos em investigação e 30 confirmados. A Saúde identificou que aqui há um contágio de arboviroses que não reduz. Ao analisar o território identificamos esse local, com descarte de materiais que acumulam água e por isso está sendo alvo de limpeza hoje", explica o coordenador de Atendimento Regional Leste, Elson Júnior. 

Morador do Taquaril há mais de 50 anos, Sebastião Benigno Duarte, de 73 anos, afirma que a ação de limpeza do local coloca fim a uma espera de mais de 12 anos. "Foi quando começou a ocupação desse espaço com sucata. Corremos atrás até que conseguimos, isso é já é uma grande vitória porque aqui não temos um equipamento público. As crianças jogam bola na rua. Esse espaço aqui era para isso, mas após a desocupação se tornou um bota-fora", conta. 

Líder comunitária do Conjunto Taquaril, Maria Tereza de Oliveira, conta que a limpeza atende a um pedido de toda a comunidade, que tem sofrido com os casos de dengue, chikungunya e zika. "Temos esse surto de dengue, estive no centro de saúde e ele está lotado, assim como a UPA Leste. E infelizmente a pessoa aqui ao lado não se move para limpar. É uma área pública", reforça. 

A limpeza do local, entretanto, passa por um entrave. A maior parte do ferro-velho está armazenada em uma área privada. Segundo Júnior, o responsável pelo espaço já foi autuado pela prefeitura em mais de R$ 25 mil pela deposição clandestina de resíduos. Em último diálogo, a PBH afixou um prazo de 15 dias para que o proprietário realizasse a limpeza do local, mas a determinação não foi cumprida. 

"Temos aqui ao lado um ferro-velho que acumula muito material que retém água e transforma o espaço em um grande criadouro da dengue. Nesse espaço temos uma ação diferente, ela é executada dentro dos limites da lei para que ele possa fazer a guarda desse material de forma adequada. Nesse contexto temos o acompanhamento da vigilância sanitária, da zoonoses, da fiscalização e de uma equipe da Polícia Civil, que vai analisar a procedência dos materiais armazenados ali", detalha. 

Um balanço com a quantidade de resíduos retirados do local deve ser divulgado pelo Executivo municipal na tarde desta segunda-feira (18). 

Revitalização 

Segundo a PBH, após a limpeza do local, um trabalho de revitalização será realizado no espaço, que deve ser transformado em um ambiente de convivência para a população do Conjunto Taquaril. "Foi um pedido da comunidade essa revitalização, que vai transformar o ambiente e possibilitar um outro uso para a população. Vamos implantar brinquedos para crianças, banquinhos, uma iluminação nova e colocar um espaço onde as crianças possam se divertir, vim para brincar, onde a família do Taquaril possa se apropriar desse espaço", garante o coordenador de Atendimento Regional Leste. 

O cidadão que presenciar deposição clandestina de resíduos ou estiver prejudicado por esse tipo de prática pode registrar a denúncia nos canais digitais da Prefeitura, por meio do aplicativo APP PBH ou pelo Portal de Serviços.