A Prefeitura de Belo Horizonte espera aplicar a primeira dose da vacina contra a Covid-19 em 92 mil pessoas de 47 a 50 anos. Desde 30 de junho, quando teve início a imunização das pessoas de 50 anos, pelo menos 40.406 pessoas dentro dessa faixa etária tomaram a primeira dose da vacina. A prefeitura não divulga a taxa de adesão da vacinação por faixa etária, mas os dados consolidados do boletim epidemiológico mostram que menos de 50% procuraram os postos de vacinação e receberam a primeira dose. A PBH alega que os números do boletim são dinâmicos e que esse quantitativo pode incluir pessoas de outras faixas etárias contempladas anteriormente – o que pode significar uma adesão ainda menor.
Algumas pessoas dessa faixa etária que trabalham em horário comercial dizem ter dificuldades para se vacinarem por causa do horário de funcionamento dos postos de vacinação da capital – das 7h30 às 16h30 durante a semana e das 7h30 às 14h aos sábados. Esse é o caso de Simone Araújo, 49, dona de um restaurante em Vespasiano, na região metropolitana. Ela já poderia ter se vacinado contra a Covid-19 em BH, onde mora, desde a última sexta-feira. Mas, com a correria do dia a dia, ainda não conseguiu uma folga para ir a um posto de vacinação.
“Os postos fecham às 16h30. Eu saio para trabalhar às 6h30 e chego às 19h em casa. Aos sábados, meu marido também trabalha e não tenho com quem deixar meu filho pequeno. É muito ruim esse horário”, lamenta ela, que não vê a hora de se imunizar. “Estou vendo se a minha mãe vem do interior para me ajudar e consigo ir, porque é o que eu espero há mais de um ano. Mas eu, como todo empresário, sofri demais com essa crise. Não posso abandonar meu trabalho. Já tentei ir no primeiro dia, mas a fila estava grande e não pude esperar”, conta.
O empresário e proprietário do Restaurante do Porto, na capital, Leonardo Almeida Duarte, 40, conta que liberou duas funcionárias – uma auxiliar de limpeza, de 50 anos, e uma cozinheira, de 49 anos – para chegaram mais tarde ao trabalho e conseguirem tomar a vacina na semana passada. “As duas me ligaram perguntando se poderiam chegar mais tarde porque iriam tomar a vacina e claro que eu liberei. Afinal, a saúde do colaborador deve estar em primeiro lugar. Acho essencial o empresário ter esse entendimento e essa sensibilidade. Isso é questão de humanidade, de cuidado com seu colaborador”, diz.
Questionada se pretende ampliar o horário da vacinação em Belo Horizonte, principalmente nos pontos extras, que funcionam em universidades particulares, ou dos drivethrus, abertos nos shoppings, para que a imunização seja feita também à noite, pelo menos uma vez na semana, a prefeitura informou que mantém pontos de vacinação espalhados pelas nove regionais.
Para o infectologista e professor titular da Faculdade de Medicina da UFMG Geraldo Cunha Cury, é importante as prefeituras adotarem o horário noturno de vacinação durante a campanha de imunização contra a Covid-19. “É muito importante essa questão de ter o horário noturno de vacinação. Iniciativas de colocar horários mais flexíveis para a população são importantes não só na vacinação, mas no serviço de saúde em geral. Não precisa ser todo dia, às vezes pelo menos uma vez na semana, facilita o acesso das pessoas que estão trabalhando fora durante o dia”, diz.