Jackson Machado

Caos na saúde: Ex-secretário de BH aponta soluções para desafogar atendimentos

Convênios com faculdades e salários atrativos poderiam ajudar; cidade tem déficit de 485 médicos

Por Vitor Fórneas
Publicado em 10 de junho de 2022 | 18:43
 
 
 
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Basta visitar as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Belo Horizonte para ouvir dos usuários as queixas pelo longo tempo de espera até ser atendido. Isso ocorre pela falta de médicos na rede pública da cidade. Segundo a secretaria de Saúde, o déficit é de 485 profissionais. O que fazer para buscar solucionar o impasse e proporcionar menos tempo de espera?

Em entrevista à reportagem de O TEMPO, o médico Jackson Machado, que já ocupou o cargo de secretário municipal de Saúde, apontou alguns pontos que poderiam ser adotados pelo Executivo municipal, no entanto, alertou que é preciso um “esforço da União”.

“Uma das principais coisas que poderia ser feita é um convênio com as faculdades de medicina para suprir, pelo menos temporariamente [a falta]. Um profissional gasta muito tempo para se formar, talvez esta fosse uma alternativa viável”, disse o médico.

Atrair os profissionais com salários mais próximos dos praticados no mercado de trabalho também poderia fazer mais médicos interessarem atuar na rede pública de BH. “Abrir concursos com remunerações mais adequadas. Sabemos que é mais complicado pois a fonte de recurso é limitada e teria que fazer [reajuste] para todos os funcionários da área e não pode priorizar uma categoria. Isso implica um gasto gigante”.

Questionado se um programa similar ao Mais Médicos, que trazia profissionais de outras localidades, seria uma medida eficiente, Machado ponderou. “Para a cidade fazer é muito difícil, ainda mais contando com pouco financiamento. Poderia tentar fazer algo semelhante se fosse um programa para o Estado”, disse.

Problema não é exclusivo de BH

A falta de médicos é enfrentada a nível nacional e não se restringe apenas a Belo Horizonte. “É um problema difícil de ser solucionado pois é algo que acontece em todo o Brasil. Pediatra, por exemplo, falta muito. A população brasileira está envelhecendo e a tendência é [que os profissionais] procurem por áreas que atendem pessoas mais velhas: geriatria e ortopedia”.

Machado apresentou dados de estudos que apontam que em 2050 “mais de 20% da população brasileira terá acima de 60 anos. “Hoje é em torno de 10%, ou seja, teremos o dobro”.

Por fim, o ex-secretário de Saúde afirmou que “gestão hospitalar é difícil de fazer”. “Ainda mais com pouco financiamento. A situação é grave no país inteiro. Precisa de solução da União. Sozinho é difícil [o município] resolver. Se conseguir, eu aplaudo de pé”, concluiu.

 

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