Tribunal do Júri

Caso Emily: ‘Justiça será feita’, diz mãe de vítima antes de julgamento

O réu é julgado no Fórum Lafayette, no Barro Preto, na região Centro-sul da capital, nesta quinta-feira

Por Raquel Penaforte e Raíssa Oliveira
Publicado em 29 de fevereiro de 2024 | 10:21
 
 
 
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Está sendo julgado nesta quinta-feira (29) em Belo Horizonte o tatuador de 30 anos, acusado de ter matado a ex-namorada Emily Luiza Ferrete Fernandes em agosto de 2022, à época com 25 anos. A motivação do crime teria sido a inconformidade do réu com o término do relacionamento, definido pela vítima. Ela foi esfaqueada diversas vezes e morreu antes de chegar à unidade de saúde.

Na manhã desta quinta-feira, a mãe da vítima, Fernanda Ferrete, clamou por Justiça ao chegar ao Tribunal do Júri da Comarca de Belo Horizonte para acompanhar a audiência. "A justiça vai ser feita, nós cremos, mas primeiro, a justiça é feita por Deus. Nossa expectativa é muito grande, já tem um ano e meio desde o fato, então, hoje ele terá a sentença que ele merece", disse. 

O réu, que está preso desde o crime no presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, está sendo julgado no Fórum Lafayette, no Barro Preto, na região Centro-sul da capital. O júri foi composto por seis mulheres e um homem. O investigado é representado por dois advogados de defesa.

A primeira testemunha ouvida nesta quinta-feira (29) foi o irmão de Emily. Ele estava em casa no momento do crime e foi ferido com três facadas ao tentar defender a irmã. Durante o depoimento, o jovem disse que só sobreviveu porque conseguiu fugir e pedir ajuda. Ele também confirmou que o réu teria criado um perfil fake da irmã nas redes sociais, com fotos e vídeos íntimos da irmã. 

Segundo a assessoria de imprensa do Fórum Lafayette, por volta das 10h30, outras duas testemunhas haviam sido ouvidas no julgamento. Ao todo, 17 testemunhas devem ser ouvidas durante as oitivas. Após os depoimentos, haverá a fase de interrogatório do réu, debates e divulgação do total de quesitos a serem votados pelos júris. 

A previsão é que esse júri termine apenas na noite desta sexta-feira (1º de março), podendo ser estendido e retomado na manhã de sábado (2). Nesta quinta-feira (29), a audiência deve durar até às 18h, quando será suspensa até a manhã de sexta. O julgamento é presidido pelo juiz Ricardo Sávio de Oliveira. 

Acusação acredita em condenação 

A advogada de defesa da família de Emily, Camila Félix, acredita que o julgamento será finalizado com condenação exemplar do réu, por crimes de feminicídio e rufianismo. "Ele é réu confesso, não obstante, a defesa dele certamente tentará afastar os crime de tentativa de homicídio e também o crime de rufianismo (favorecimento à prostituição), entretanto, acreditamos que ele será condenado por todos esses crimes", afirmou.

O acusado responde por homicídio qualificado contra Emily. Ele também é acusado de entativa homicídio, já que no dia do crime o irmão da vítima tentou defender a irmã e acabou sendo ferido; rufianismo (favorecimento a prostituição), pois segundo a defesa o réu coagiu a vítima a realizar programas sexuais, extorquindo o pagamento, filmando a ação e posteriormente fazendo ameaças à vítima em troca de mais dinheiro;  exposição de vídeos de sexo sem autorização da vítima; e crime de desobediência, pois houve resistência à prisão.

"Eles tiveram um relacionamento muito conturbado, ela já havia feito boletins de ocorrência contra ele, o primeiro por crime de ameaça, e quando registrou o segundo, o fato aconteceu. No nosso entendimento, ela a matou por questões patológicas dele, ele é possessivo e não aceitou, em hipótese alguma, se afastar dela", acrescentou a defesa.

Defesa tenta abrandar pena 

Enquanto a acusação acredita em uma pena severa, por outro, a defesa do réu disse que tentará abrandar a condenação. "Vamos tentar fazer com que ele seja julgado apenas pelo crime que cometeu. Nem todo homicídio de mulher é feminicídio, e este é um exemplo", pontuou o advogado Marlon Cruz.

Segundo ele, Thales e Emilly não tiveram um relacionamento. Ele teria vindo ao Brasil para fazer um curso profissionalizante de tatuagem, o que agregaria à profissão. Porém, segundo a defesa, o réu teria sido expulso do curso depois que Emily disse ter sido agredida por ele. A motivação do crime, então, teria sido pela negativa dela em retirar essa acusação. Ele teria se irritado e a matado.

O crime

A vítima e o réu se conheceram pela internet através de uma amiga da Emilly. À época, o homem morava nos Estados Unidos, e após dois meses de conversas online, veio até o Brasil para se conhecerem. Eles passaram seis meses juntos entre brigas, términos e voltas.

Após registrar o segundo boletim de ocorrência contra o réu, a vítima foi surpreendida por uma visita dele na casa dela. Ele queria que ela retirasse a queixa. A vítima morava em um apartamento no Barreiro com a família. Com a negativa da vítima em desfazer o BO, Thales Thomas  desferiu mais de 40 facadas contra Emily. 

Ele fugiu e foi localizado em um motel do Betânia, região Oeste da cidade, onde foi preso em flagrante.

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