MOBILIDADE

Ciclistas fazem movimento em prol de ciclovias em Belo Horizonte

Ato também pediu por mais conscientização no trânsito

Por Jonatas Pacheco
Publicado em 10 de março de 2024 | 10:46
 
 
 
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Cerca de 60 ciclistas realizaram uma manifestação pelo Centro de Belo Horizonte na manhã deste domingo (10). Eles percorreram vias como a avenida Bernardo Monteiro, a rua dos Guajajaras e se concentraram na Praça da Bandeira.

O principal ponto do ato "Pedalando pela Vida" foi o apoio à ciclovia da avenida Afonso Pena, além de exigir que pelo menos mais 300 quilômetros de ciclovia sejam feitos, tal qual previsto no Plano Diretor da cidade. Os ciclistas também pediram uma maior conscientização no trânsito, para terem mais segurança ao pedalar.

"A motivação para esse movimento, infelizmente foi a morte de ciclistas. Em todo Brasil, morrem cerca de cinco ciclistas por dia. Então é necessário ter uma maior conscientização de trânsito de todos, precisamos ter mais segurança", disse Diocleciano Tomé Dada, um dos organizadores do movimento.

Os ciclistas também alertaram que algumas ciclovias foram desfeitas por conta de obras viárias e não foram reconstruídas, caso da ciclovia da avenida Bernardo Monteiro, que existe há mais de 10 anos, mas que foi desmanchada recentemente por conta de um recapeamento da via e até hoje não foi refeita.

Ana Lúcia Pacheco, de 76 anos, foi uma das organizadoras do evento e pedala desde que era adolescente.

"O ciclismo tem uma importância muito grande na minha vida. Vou ao médico e minha saúde está impecável. Eu amo pedalar", comentou.

Apesar da manifestação, algumas pessoas também pedem uma maior educação no trânsito por parte dos ciclistas.

"Assim como tem motorista imprudente, também há ciclista imprudente. Isso gera uma preocupação maior pra gente que trabalha diariamente no trânsito. É preciso conscientização da parte deles também", falou o taxista Silvério Rabelo.

Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, "atualmente há 109 km de ciclovias e ciclofaixas implantadas na cidade. Outros projetos estão sendo elaborados e posteriormente serão licitados. No momento, estão em implantação as ciclovias da Av. Afonso Pena, que terá 4,2 km, e a da Av. Heráclito Mourão de Miranda com 4 km de extensão. Outras duas, as avenidas Vilarinho e Liège, em Venda Nova, já estão com as obras em fase de licitação".

Sobre a Avenida Bernardo Monteiro, a PBH informou que, assim como em todas as vias da capital, após o recapeamento toda a sinalização da via é refeita, incluindo as ciclovias/ciclofaixas. Contudo, para a boa efetividade da sinalização é preciso que seja implantada em um intervalo de dias sem chuvas. Em breve a via será devidamente sinalizada.

Impasse

Mote da manifestação deste domingo (10), o plano que prevê a instalação de uma ciclovia na avenida Afonso Pena está longe de ser unanimidade. Enquanto a prefeitura e ativistas defendem que a construção do equipamento é uma exigência do plano diretor e que vai ampliar as alternativas de mobilidade na cidade, um grupo de comerciantes e até o presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo (MDB), compraram uma briga contra a criação de faixas exclusivas para bicicletas no trecho. 

Em janeiro, o chefe do Legislativo municipal chegou a acionar o Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG) para pedir a suspensão do projeto. Segundo ele, o relevo e o tráfego de veículos intenso na região inviabilizam o empreendimento. Comerciantes da avenida também demonstram preocupação quanto ao impacto que a ciclovia pode provocar no trânsito. 

Por outro lado, o movimento BH em Ciclo e entidades ligadas à mobilidade urbana se posicionaram a respeito da questão por meio de um documento publicado nas redes sociais, em janeiro. Os ativistas argumentam que a Prefeitura de Belo Horizonte realizou “estudos de tráfego, pesquisas de contagem classificada de veículos, pesquisa de velocidade média e diagnóstico dos sinistros de trânsito e das condições das calçadas e dos estacionamentos”. Eles asseguram também que “foram elaboradas avaliações técnicas e operacionais de cada uma das interseções semaforizadas das vias envolvidas e de cada ponto de ônibus para embasar as decisões sobre o projeto”. 

Em relação ao relevo da região, o grupo considera que 5% da avenida tem “uma declividade realmente desafiadora, conforme o mapa de declividades da cidade”. Além disso, os ativistas consideram que todo o resto do percurso apresenta uma “declividade considerada baixa e extremamente acessível para pedalar”. 

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