Coronavírus

Com aumento de casos em BH, Hospital Mário Penna abre leitos de enfermaria

Hospital inaugura, nesta segunda-feira (6), leitos de enfermaria para receber pacientes com Covid-19 encaminhados pela Central de Internação da PBH

Por Lara Alves
Publicado em 06 de julho de 2020 | 12:11
 
 
 
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Belo Horizonte encara há cerca um mês o crescimento na demanda por leitos em enfermarias e Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) para pacientes com suspeita ou confirmação de Covid-19. Com taxas de ocupação beirando a totalidade, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) solicitou a abertura de leitos de enfermaria preparados pelo Hospital Mário Penna, na região Centro-Sul, que começa a atender casos de coronavírus nesta segunda-feira (6).

Os leitos da unidade da rede SUS-BH estão prontos desde maio após uma parceria determinante para a reabertura do hospital firmada entre a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) e o Estado de Minas Gerais. A instituição responsável pelo hospital esperou durante os últimos dois meses que houvesse demanda da PBH para inauguração dos 60 leitos preparados.

A primeira etapa da abertura começa nesta segunda-feira e 21 leitos de enfermaria estarão disponíveis a partir de então para atendimento de pacientes encaminhados pela Central de Internação do município. Os demais leitos serão inaugurados em outras duas etapas também conforme a demanda, como explica o gerente geral do Instituto Mário Penna, doutor Rodrigo Vieira.

“O Hospital Mário Penna estava fechado e foi inaugurado com a ajuda da Fiemg e do governo do Estado de Minas Gerais. Foram feitas reformas estruturais no prédio e, recentemente, no mês de junho, a prefeitura sinalizou a necessidade de abertura efetiva dos leitos para ocupação por pacientes vindos de UPAs. Nós dividimos o projeto em três etapas que respeitam as demandas de transferência da Secretaria Municipal de Saúde”, detalha.

Segundo o médico, a segunda e a terceira etapas de abertura de leitos não têm data estimada para acontecer e dependem diretamente da necessidade de leitos por moradores de Belo Horizonte e pacientes para cá encaminhados de outros municípios. O hospital trabalhará com aqueles que não estão com a saúde crítica, mas que precisam de apoio médico. “Nós temos um diálogo permanente com a secretaria e a Central de Internação e partiremos para a segunda etapa quando houver necessidade. Isto depende da curva epidemiológica em Belo Horizonte”, esclarece Rodrigo Vieira.

De acordo com ele, além dos leitos inaugurados nesta segunda-feira, a unidade pretende abrir outros 21 na próxima etapa e mais 18 na terceira parte do projeto. Com o apoio do hospital, a Saúde de BH ganha mais 60 leitos com o intuito de desafogar o sistema – balanço publicado pelo município na sexta-feira (3) indicou que a taxa de ocupação dos leitos Covid-19 de enfermaria está em 67%.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) declarou nesta segunda-feira (6) que pouco mais de 6.700 mineiros com diagnóstico confirmado para coronavírus precisaram de internação. Apesar de não haver distinção na estatística entre os internados em UTI e aqueles que seguiram para enfermarias, sabe-se que as taxas de ocupação dos dois tipos de leitos estão elevadas. A diferença entre eles é que o paciente levado para a UTI requer cuidados mais emergenciais, enquanto o que segue para uma enfermaria precisa de suporte, mas não de atenção integral, como detalha o gerente geral do Instituto Mário Penna.

“Existem dois tipos de pacientes que precisam de internação. O primeiro deles é o que apresenta uma dificuldade respiratória ou tem queda de oxigenação no sangue, mas que pode respirar com ajuda de um cateter, por exemplo. Este tipo é o que vai para a enfermaria. Para a UTI, mandamos os pacientes com falta de ar muito intensa ou um quadro de oxigenação muito sério, são os que precisam de um suporte maior com intubação mecânica ou que têm repercussões no coração, nos rins… precisam de atenção em tempo integral”, afirma.

Alerta no Hospital Luxemburgo

Pertencente à rede do Instituto Mário Penna, o Hospital Luxemburgo atende pacientes do SUS-BH e também aqueles com convênios e particulares. Atualmente, a unidade de saúde encontra-se em estado crítico em relação à ocupação dos leitos de UTI – que está entre 90% e 95% – e como muitos outros hospitais brasileiros, tem dificuldades para adquirir medicamentos essenciais no bloco cirúrgico e na terapia intensiva. Relaxantes musculares e sedativos, determinantes para a intubação de um paciente com Covid-19, são insumos escassos no mercado e existe um alerta em relação ao estoque do Hospital Luxemburgo.

“O problema está no mercado e na distribuição dos insumos. Os relaxantes musculares e os sedativos são fundamentais para pacientes de Covid-19 e também para cirurgias. Estamos conseguindo manter as atividades apenas com empréstimos de medicamentos. O estoque está muito baixo”, detalha o gerente geral, doutor Rodrigo Vieira.

O cenário é tão preocupante que a Central dos Hospitais de Minas Gerais emitiu no fim do mês passado um documento relatando escassez desses remédios em todo o país. De acordo com a nota da entidade, um paciente de UTI com Covid-19 pode demandar até oito vezes mais dessas medicações que um paciente internado no mesmo tipo de leito, mas com outra doença.

Se os estoques continuarem a diminuir, o Hospital Luxemburgo poderá chegar à drástica medida de cancelar cirurgias oncológicas para retiradas de tumores de pacientes com câncer. “Nós temos o risco de cancelar essas cirurgias, esta seria nossa medida última, a mais drástica. O que fizemos até agora para manter os estoques foi cancelar as cirurgias não oncológicas e mudar os protocolos de medicação, de forma que tentamos usar remédios que têm mais disponibilidade. Infelizmente, nem sempre é possível e o nosso estoque está em um momento crítico”, declarou.

Até então, apenas cirurgias benignas puderam ser suspensas na unidade. “O cancelamento de cirurgias oncológicas eletivas, que são aquelas agendadas, expõe pacientes a riscos. O tumor se comporta com piora diante da demora. Não cancelamos essas cirurgias até o momento. No entanto, precisamos adiar as benignas que representam uma pequena parte do total”, detalhou.

Atualmente, a taxa de ocupação dos leitos de UTI da unidade de saúde está em torno de 90% e 95%, tendo atingido a totalidade em alguns dos dias anteriores. A ocupação da enfermaria também é alta e está próxima de 80%. A abertura de leitos no Hospital Mário Penna pretende garantir uma segurança para a cidade de Belo Horizonte. “A abertura desses leitos é uma demanda do Estado para suprir um gargalo no elevado número de casos na capital. Não abrimos para desafogar o Luxemburgo, mas para dar um auxílio à rede pública da cidade, trata-se de uma expansão dos leitos de enfermaria de BH”, conclui.

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