Greve Transoeste

Com salários atrasados, motoristas relatam drama: "Boleto não espera"

Devido à paralisação, 28 linhas da empresa de ônibus não estão circulando na capital

Por Manuel Marçal
Publicado em 24 de janeiro de 2022 | 10:53
 
 
 
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Os motoristas da Viação Transoeste chegaram à meia-noite na porta da empresa de ônibus nesta segunda-feira, 24, para cobrar e reivindicar da empresa os salários atrasados. Devido à paralisação, as linhas 28 linhas não estão circulando.

Segundo os funcionários  a empresa tem realizado fracionamento dos pagamentos. A primeira parcela, que deveria ter sido paga no dia 5 de janeiro, foi paga no dia 17; e a segunda parcela ainda não foi quitada. Há motoristas que não receberam nem mesmo a primeira parcela dos salários. 

A reivindicação dos motoristas inclui também adiantamento de salário para quem tirou férias e a "Hora Covid", que foram as horas extras trabalhadas durante a pandemia ano passado e que deveria ter sido pagas em dezembro.

Carlos Henrique, 40, chegou meia-noite na porta da garagem da Viação Transoeste com outros colegas. Há mais de dez horas no local, ele disse que só vai voltar para casa quando os salários e benefícios forem cumpridos. Do contrário, vai seguir de vigília com outros 80 motoristas que estão na calçada da Rua Flor de Pintangueira, no bairro Independência. 

Motorista de ônibus há 10 anos, Carlos Henrique  trabalha na empresa faz mais de três anos. Assim, como os demais colegas está com as contas atrasadas. "Quem está mantendo as contas lá em casa é a minha esposa. Estamos vivenciando uma situação difícil, porque boleto não espera".

Casada, mãe de duas filhas e  motorista de ônibus há sete anos.  Uma funcionária que pediu anonimato, conta como o atraso de salário impacta na sua vida."Temos boleto para pagar e as contas não esperam. Estou com conta atrasada do cartão de crédito". A mulher conta que o marido é autônomo e que quem mantém as contas da casa é ela pela reserva que tem. "Se virar mais um mês sem receber vou ter que pegar empréstimo ".

Funcionário há quatro anos da Viação Transoeste, Edilson Eustáquio Pereira, 46, é motorista de ônibus há 24 anos e conta que nunca passou pela situação de ficar sem receber salário. Ele saiu de férias no dia 3 de janeiro e não recebeu os benefícios."É difícil essa situação, porque tenho contas para pagar. É umas férias frustrada, porque não posso nem aproveitar". Casado e pai de dois filhos, ele conta que o drama é ainda maior porque a esposa está desempregada. Ele é o único arrimo da família. "Estou pagando juros para o banco. É assim que estou vivendo" .

O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de BH (STTRBH) disse que ainda aguarda contato da empresa responsável para iniciar uma negociação.

Procurado, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH) confirmou que a greve teve como motivo o atraso no pagamento de salários e benefícios sociais, como vale-alimentação, seguro saúde e seguro de vida. "Tal situação, ainda segundo a VIAÇÃO TRANSOESTE, se deve ao exaurimento dos seus meios financeiros".

O SetraBH afirmou ainda que o sindicato "está em contato direto com Consórcio Dez, da qual faz parte a empresa Viação Transoeste para tentar minimizar os impactos para a população".

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