Belo Horizonte

Comerciantes das avenidas Paraná e Santos Dumont relatam prejuízos após o Move

Segundo eles, o modelo de transporte, implementado em 2014, afastou os passageiros das lojas, e diminuiu a clientela nos estabelecimentos comerciais da região

Por Bruno Daniel e Rayllan Oliveira
Publicado em 08 de março de 2024 | 15:37
 
 
 
normal

Comerciantes das avenidas Paraná e Santos Dumont, no centro de Belo Horizonte, afirmam ter acumulado prejuízos desde a implementação do Move, em 2014. Segundo eles, o modelo de transporte, considerado uma das principais obras para a Copa do Mundo daquele ano, afastou os passageiros das lojas, e diminuiu a clientela de quem possui algum estabelecimento comercial no local.

"Antes os usuários tinham mais acesso às lojas. Agora, eles ficam presos dentro da cabine. Já não saem mais", afirma Ricardo Luiz, proprietário de uma papelaria no local. Por causa da queda nas vendas, o empresário precisou readequar o quadro de funcionários. "A gente teve que remanejar o pessoal aqui. Tivemos que demitir uns três funcionários", admite.

As dificuldades enfrentadas pelo empresário são as mesmas de Geraldo de Oliveira Costa, de 69 anos, dono de uma banca de jornal na avenida Paraná há 15 anos. "Diminuiu bem o fluxo de pessoas. Quem sai da estação passa e vai direto para o trabalho. Então não tem como eles virem e efetuar as compras", relata o homem.

Segundo Geraldo, a situação dos comércios na região é muito diferente de dez anos atrás, quando o Move começou a funcionar. À época, de acordo com o comerciante, quem passava pelas avenidas ficava mais próximo às lojas, o que impulsionava as vendas."Os ônibus paravam aqui perto do passeio. Agora com essas cabines, a pessoa fica trancada lá dentro e não sai de lá", conta o comerciante, que afirma ter tido uma queda de 50% na sua clientela.

+ Veja fotos e relembre a história do Move BH

As avenidas Paraná e Santos Dumont receberam corredores exclusivos para os ônibus do Move. As vias também ganharam estações para o embarque e desembarque de passageiros, atendendo aqueles que utilizam o serviço nas estações Pampulha e São Gabriel, além da região metropolitana. Uma remodelação que, além de afastar clientes, aumentou os custos de logísticas para quem possui algum ponto comercial na região.

"As transportadoras ficaram traumatizadas. Teve um aumento de preço para carga e descarga na região. Elas só descem com os produtos pra gente nas ruas de trás, nas ruas paralelas. Isso dificulta a vida do comerciante na hora de negociar o valor do frete para nossa região", relata Jaqueline Bacha, que possui uma loja de roupas na avenida Paraná e é presidente da Associação dos Comerciantes do Hipercentro de Belo Horizonte.

O aumento dos gastos, segundo ela, ocorreu porque os veículos de carga e descarga ficaram impossibilitados de circular nas avenidas onde foram instalados os corredores exclusivos e as estações. Uma soma de problemas que segundo a empresária causou prejuízos a diversos comerciantes, que optaram por fechar as suas lojas.

"Durante as obras, nós ficamos com o passeio 'na terra' por muito tempo. Quem não tinha uma reserva financeira para segurar essa barra fechou. E muitas pessoas saíram desse processo endividadas", lamenta. Para Jaqueline, o sentimento para quem empreende na região é de abandono do poder público. "Quando instalaram o Move, prometeram um fluxo de 2 milhões de pessoas, mas isso não ocorreu", completa.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!