Vendas

Comércio de BH reabre com expectativa para o Dia das Mães

Lojistas esperam recuperar as perdas que tiveram no ano passado

Por Gabriel Rodrigues
Publicado em 22 de abril de 2021 | 11:57
 
 
 
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Pela quarta vez desde o início da pandemia, o comércio de Belo Horizonte passa por uma reabertura na manhã desta quinta-feira (22). A cerca de duas semanas do Dia das Mães, a segunda data comemorativa com mais vendas, o movimento na Praça Sete, no Centro de BH, amanheceu carregado de carros e pedestres.

As grades que cercavam os quarteirões fechados da praça começaram a ser retiradas e passantes e comerciantes já ocupam novamente os bancos do local. Segundo a prefeitura, toda a estrutura será desmontada em até uma semana. Na Praça da Liberdade e na Praça Floriano Peixoto, na região Centro-Sul, as estruturas já foram desmontadas.

Para as vendedoras ambulantes Érica Oliveira, 44, e Laura Gomes, 69, que atuam em um dos quarteirões da Praça Sete, o momento é de esperança, após pouco mais de um mês sem poderem trabalhar na praça. 

"A venda aqui é minha única renda. Nesse último mês, eu estava pegando a cesta básica da prefeitura, mas ela não dá para mais de 15 dias, então eu estava mexendo com consertos de costura que apareciam e vendendo marmita no fim de semana", diz Érica, que confecciona turbantes e roupa íntima há uma década. No último Dia das Mães, o comércio de BH estava fechado por decreto, mas ela arriscou continuar vendendo nas ruas. Agora, está fazendo produtos especiais para a data. Sua colega de praça, Laura, vende jogos de mesa de crochê e também diz esperar alta do faturamento no Dia das Mães. Após tomar a primeira dose de vacina contra Covid-19, ela relata estar mais tranquila para trabalhar fora. "Não tenho medo, porque me cuido", pontua.

Na perspectiva do presidente do Sindicato de Lojistas de Belo Horizonte (Sindilojas BH), Nadim Donato, as vendas do Dia das Mães animarão o comércio, mas não devem se equiparar ao patarmar anterior à pandemia. “As mães têm uma importância grande para a gente e todo mundo vai querer presenteá-las. Vamos ter uma venda até boa para época, mas que não deve chegar a 70%, 80% do faturamento habitual", prevê. O secretário de Estado de Saúde, Fábio Bacchretti, já pediu que as pessoas evitem as reuniões familiares na data. E mesmo pessoas vacinadas precisam manter todas as medidas de proteção, como uso de máscara e evitar aglomerações. 

Na perspectiva do gerente de uma loja de bolsas próxima à praça, Antenor Borgens, 60, o fechamento da cidade durante abril foi o último e não se repetirá. "O pessoal está tendo mais respeito e também não tem como fechar as lojas, porque está todo mundo operando no vermelho. Precisamos da consciência do povo, porque a morte está aí, na cara de todo mundo. Tenho nojo quando vejo gente sem máscara na rua e no ônibus", diz. Seu estoque para o Dia das Mães está pronto, já que as vendas foram baixas nos últimos meses.

Para a funcionária pública Maria de Fátima Maciel, 56, que foi às ruas comprar itens de higiene e utensílios para casa com a irmã aposentada, de 66 anos, o fechamento do comércio foi desnecessário. "No incio, achei que as coisas iam fechar para se organizar a situação e fui a favor do fechamento. Mas os casos não diminuíram e a curva aumenta toda hora", diz Maria de Fátima. Em BH, as medidas de restrição de funcionamento das atividades não essenciais têm sido seguidas por baixa na tendência de novos casos de Covid-19 e internações.

Já para o estudante Mateus Lopes, 17, as restrições deveriam seguir por mais algum tempo, por segurança. Como não se mantiveram, ele aproveitou a quinta para fazer compras no shopping Oiapoque. "Vai ficar nisso de reabrir e fechar o comércio. Eu estou ficando mais em casa.  Estou procurando emprego para tentar fazer uma faculdade ano que vem, mas está difícil", explica. 

O comércio não essencial da cidade pode funcionar das 9h às 20h, de segunda a sábado. 

Restaurantes na região do Centro têm baixo movimento no almoço

"Antes da pandemia, vendíamos 300 pratos por dia. Agora, são 80 a 120. As pessoas passam e falam que não têm dinheiro ou pedem desconto, o que não acontecia antes. As pessoas pediam refrigerante com a comida e agora não pedem mais, e só pedem o prato mais barato, de R$ 13", descreve Ana Cristina da Silva, 30, proprietária de um restaurante com três décadas de história próximo à Praça Rio Branco, no Centro. Com poucos clientes, um deles se servia sem utilizar máscara, situação que Ana Cristina diz que vem diminuindo.

Em um restaurante ao lado do Shopping Oiapoque, clientes comiam na calçada em mesas que quase se tocavam, sem respeitar a regra de distanciamento de dois metros entre elas. De acordo com o dono, o estabelecimento ainda está se adaptando ao atual decreto de abertura publicado — a norma de distanciamento, porém, vale desde 2020.

Na região da Savassi, que concentra restaurantes, a circulação de clientes era brando por volta das 13h30. Os estabelecimentos estão autorizados a receber clientes de segunda a sábado, das 11h às 16h, inclusive com venda de bebida alcoólica.

Abílio Machado tem movimento tranquilo em primeiro dia de reabertura

A avenida Abílio Machado, no bairro Alípio de Melo, na região Noroeste da capital, amanheceu com movimentação tranquila. Segundo guardas municipais que monitoravam o movimento na avenida, não houve registro de aglomerações ou outros problemas — a reportagem flagrou poucas pessoas sem máscara pela via, mas algumas utilizavam o item no queixo e havia até alguns acessórios largados no chão. Como em outros momentos da pandemia, a fila de uma agência da Caixa Econômica era o ponto que mais concentrava pessoas. 

Após um Dia das Mães com comércio fechado em BH em 2020, a expectativa dos lojistas é recuperar prejuízos na data neste ano. "No ano passado, vendemos 70% menos que o habitual, só com as vendas online. Neste ano, devemos vender abaixo do normal ainda, mas melhor do que em 2020. Estamos com muito estoque e vamos colocar as mercadorias para sair", diz Daiane Borges, 29, gerente de uma loja de roupas e artigos de cama e banho na avenida. Com 12 funcionários, ela ainda não precisou demitir ninguém durante a pandemia.

Já na loja de jeans e biquínis de José Célio, 29, o estoque para o Dia das Mães está comprometido. "Como estava tudo parado, está difícil abastecer o estoque agora. Tudo vem de Goiânia e São Paulo. Alguns produtos estão para chegar, mas tudo aumentou. O movimento para o Dia das Mães aumenta mais perto da data", explica. Por volta das 10h, ele ainda não havia recebido os primeiros clientes do dia. Durante a pandemia, precisou fechar uma de suas três lojas e, só na unidade da Abílio Machado, demitir duas funcionárias. Agora, conta apenas com uma.

Em uma loja de esmaltes e outros produtos para unhas na avenida, o gerente Samuel Souza, 27, diz também estar com problema no estoque, mesmo que seu foco sejam profissionais da beleza, e o faturamento com o Dia das Mães não costume aumentar expressivamente. "Passamos dez meses com o estoque de produtos importados, porque a maioria vem da China e não estavam chegando", relata.

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