Pós-pandemia

Conhecimentos algébricos e de interpretação de texto são deficientes nos alunos

Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE-MG) informa que tem projetos para reduzir lacunas

Por Malú Damázio
Publicado em 16 de maio de 2022 | 03:00
 
 
 
normal

As deficiências deixadas pela pandemia são evidentes na aprendizagem dos estudantes. Em Minas Gerais, a proficiência em matemática e português, na última etapa da educação básica, é medida pelo Programa de Avaliação da Rede Pública de Educação Básica (Proeb).

O resultado da prova aplicada no fim de 2021 (a mais recente) mostra que os estudantes do terceiro ano do ensino médio retrocederam 9,8 pontos em matemática e 4,5 em português, com relação aos exames de 2019.

As lacunas de aprendizagem nessa etapa envolvem, conforme a superintendente de Avaliação Educacional da Secretaria de Estado de Educação (SEE-MG), Joyce Petrus, habilidades como pensamento algébrico e interpretação de texto.

“Percebemos (na prova de 2021) que, nas questões de matemática com variáveis x e y, os alunos tinham mais dificuldade de resolver. Além disso, em leitura, eles conseguiam entender as perguntas que falavam sobre informações explícitas no texto, mas tinham problemas quando era preciso fazer uma interpretação mais profunda”, relata.

Ela diz que a pasta tem trabalhado para minimizar os danos do período. Dentro das estratégias empregadas estão a abertura de turmas de reforço escolar para mais de 52 mil estudantes, intervenção pedagógica para acompanhar alunos em assuntos que eles não dominam e busca ativa de jovens que estão prestes a abandonar os estudos.

Além da oferta de cursos e de formação continuada para professores, a determinação de um conjunto de escolas prioritárias para intervenções e a aplicação de avaliações (como a diagnóstica de 2022) para identificar problemas e possíveis soluções também são outras medidas tomadas pela SEE-MG.

Reflexos que perduram

Ainda assim, a superintendente destaca que será preciso um tempo para recuperar o resultado pré-pandemia. “Com certeza vamos enfrentar mais dessas questões. Os estudantes precisam consolidar habilidades anteriores, que ainda não estão claras, para, aí sim, conseguirem passar para as próximas etapas do aprendizado. Não tivemos tempo o suficiente para reverter essa situação”, afirma.

Na visão do coordenador geral do projeto Pensar a Educação, Pensar o Brasil, Luciano Mendes Filho, o mundo da escola terá que lidar com enfrentamentos “muito sérios” nos próximos anos, não apenas agora. Para isso, não há solução fácil, mas, conforme o professor da Faculdade de Educação (FAE) da UFMG, o caminho é o diálogo entre escola, família e comunidade, além da integração entre as instituições acadêmicas e os serviços de saúde, assistência e cultura nos territórios.

“Não há que se imaginar que a escola tem como enfrentar isso sozinha. É preciso dar a ela melhores condições de trabalho, ensino e aprendizagem. Boa parte das nossas escolas não tem internet, não tem computadores, os professores não têm incentivo, nem financeiro, nem material. Eles trabalharam, ao longo da pandemia, com recursos e equipamentos próprios, o que precisa ser revisto", observa.

O Ministério da Educação (MEC) foi procurado para comentar o tema, mas não havia se posicionado até a publicação desta matéria.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!