Um crime recheado de mistérios, que chocou Minas Gerais em 2001, está perto de um desfecho. Começa hoje, ao meio-dia, o julgamento dos quatro acusados do assassinato da estudante Aline Silveira Soares. Aos 18 anos, a jovem foi morta - com requintes de crueldade e de magia negra - no dia 13 de outubro de 2001, em Ouro Preto, na região Central.
O corpo da estudante foi encontrado nu, com 17 perfurações, sobre um túmulo do cemitério da igreja de Nossa Senhora das Mercês e Misericórdia. Os braços de Aline estavam abertos e os pés, cruzados, como se ela tivesse sido crucificada. Os assassinos usaram o sangue da vítima para fazer desenhos no corpo dela.
Camila Dolabella Silveira, prima da vítima, estará no banco dos réus. Ela vai estar acompanhada dos amigos Edson Poloni Lobo Aguiar, Cassiano Inácio Garcia e Maicon Fernandes Lopes. Também acusados, os rapazes moravam, na época, na república Sonata.
A Promotoria pede pena máxima, de 30 anos, para os acusados por homicídio triplamente qualificado. Em abril de 2006, foi decretada a prisão preventiva dos quatro suspeitos. A juíza Lúcia de Fátima considerou a detenção necessária com base na violência e na crueldade do crime, além da indignação da população. Atualmente, os acusados estão em liberdade, graças a um recurso utilizado pelos advogados de defesa.
O julgamento, que será realizado no Tribunal do Júri do Fórum de Ouro Preto, será acompanhado de perto pelos familiares de Aline, vindos de Manhumirim. De acordo com a mãe da jovem, a professora aposentada Maria José da Silveira Soares, cerca de 40 parentes seguiram para a cidade. A Prefeitura de Manhumirim, na região Leste, disponibilizou um ônibus para o transporte da família e dos amigos.
Aline tinha ido para Ouro Preto, em companhia da prima Camila e de uma amiga delas, para as comemorações da Festa do Doze, quando as repúblicas de estudantes da cidade promovem vários eventos.
RPG. Além de ter sido marcado pela violência, o crime também se destacou pelas várias versões. Uma das mais fortes é a de que os jovens jogavam Role Playing Game (RPG). Trata-se de uma diversão criada nos Estados Unidos, na qual cada participante interpreta um personagem de uma história.
Segundo o Ministério Público, os estudantes seriam usuários de drogas e adeptos de seitas macabras. Especula-se que Aline teria escolhido um vampiro para interpretar no jogo de RPG e acabou punida com a morte.
Alguns jogadores costumam usar roupas parecidas com a dos personagens que escolhem no RPG. Há os que optem por roupas pretas e cabelos coloridos. O visual de Camila, prima de Aline, fortalece a hipótese. A garota usava roupas escuras e cabelos vermelhos, na época.