Cenário

Déficit milionário faz com que hospitais filantrópicos de Minas atuem no limite

Governo anunciou o pagamento de dívida de R$ 440 milhões a unidades de saúde, que destacam que situação ainda é crítica

Por Juliana Siqueira
Publicado em 06 de outubro de 2023 | 16:15
 
 
 
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Apesar de o governo de Minas Gerais ter anunciado, nesta sexta-feira (6 de outubro), o pagamento de R$ 440 milhões em dívidas de quase dez anos com os hospitais filantrópicos, as unidades de saúde ainda pedem socorro. Representantes dos hospitais celebraram o recebimento do valor, mas trazem à tona que a quantia, que será dividida entre mais de 200 locais, está longe de resolver todos os problemas atuais. Endividamento, falta de recursos para investimentos e melhorias, descumprimento de obrigações com fornecedores e necessidade de campanhas sociais para arrecadar fundos são alguns dos desafios atuais.

Superintendente de Mobilização e Recursos do Hospital da Baleia, Danielle Ferreira afirma que o recurso que será recebido pelo governo é essencial para a sobrevivência da unidade de saúde. Ela lembra que a ausência de pagamento ao longo dos anos fez com que o local se endividasse e deixasse de cumprir com algumas obrigações. O recurso, porém, segundo ela, está longe de ser suficiente.

“É um alívio para o caixa, mas a situação continua crítica. Continuamos recebendo valores muito aquém dos custos dos procedimentos, por exemplo, chegando a 60% do total”, diz ela.

Conforme Danielle, o Hospital da Baleia tem um déficit operacional de cerca de R$ 1,5 milhão por mês. “Por esse e outros motivos que o Hospital da Baleia conta com o apoio da sociedade, que existe a campanha de arrecadação de troco, o telemarketing”, afirma ela.

Provedor da Santa Casa BH, Roberto Otto afirma que o anúncio feito pelo governo do Estado é muito importante. No entanto, ele não fala em resolução dos problemas, mas, sim, de um alívio de caixa. “A gente ainda recebe menos do que gasta. É importante ter um fluxo adequado de caixa para melhorar a eficiência das operações, disponibilizar mais vagas, consultas e procedimentos”, afirma.

Conforme ele, atualmente a Santa Casa BH tem um déficit operacional de cerca de R$ 3 milhões por mês. “A nossa prioridade é o paciente. Então, a gente não deixa faltar material médico, medicamento. Para isso, é preciso recorrer ao sistema financeiro, atrasar o pagamento de alguns fornecedores”, diz ele.

De acordo com Otto, os recursos para a Santa Casa também vêm de outras fontes, como da faculdade, funerária, emendas parlamentares e doações.

“Temos demandas de cerca de R$ 500 milhões para adequar o serviço, trocar equipamentos. Isso influencia diretamente na eficiência e capacidade de atendimento. Não se deixa de executar, mas poderia estar atendendo mais”, diz.

Para a presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos de Minas Gerais (Federassantas), Kátia Rocha, o recurso chega em boa hora, mas já chega com defasagem.

“São valores expressivos, mas ainda precisamos avançar, pois existem ainda valores a receber”, diz ela. “As instituições se endividaram, assumiram problemas com bancos, fornecedores. Esse recurso chega em boa hora, mas já chega com uma importante defasagem, porque muito do que ele poderia ser suficiente para quitar lá em 2018, 2019, agora não será”, afirma.

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