Segurança pública

Denúncias de assédio na Polícia Civil de MG chegam ao governo federal

Secretário do Ministério da Justiça, Marivaldo Pereira, ouviu os relatos do que estaria ocorrendo na instituição

Por Vitor Fórneas
Publicado em 03 de agosto de 2023 | 20:02
 
 
 
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As denúncias de assédio na Polícia Civil de Minas Gerais chegaram ao governo federal. Em reunião realizada na tarde desta quinta-feira (3 de agosto), o secretário do Ministério da Justiça Marivaldo Pereira ouviu os relatos do que estaria ocorrendo na instituição. 

A morte da escrivã Rafaela Drumond, de 32 anos, fez com que mais denúncias de assédio na Polícia Civil viessem à tona, segundo a advogada e especialista em direito das famílias e das mulheres, Raquel Fernandes, e foi justamente isso que motivou o encontro.

“Muitas denúncias começaram a chegar após o óbito da Rafaela. São casos de assédio moral e sexual dentro da Polícia Civil de Minas Gerais praticados tanto contra mulheres, quanto homens. Tivemos que procurar o âmbito federal pois não estamos tendo apoio do governo do Estado. Não dá para conviver num Estado onde os servidores são ameaçados e não têm paz para trabalhar e nem sanidade mental”, disse.

Durante o encontro, que aconteceu de forma virtual, a ex-perita criminal Tatiane Albergaria relatou o assédio que alega ter sofrido e se emocionou. “Na Polícia Civil, o assédio é institucionalizado. Acabei sendo aposentada em decorrência de doenças que tive por causa de tudo que passei”, relatou.

Pereira ressaltou a importância de que outras pessoas que tiverem passado por situações semelhantes procurem as autoridades e façam a denúncia. “O caso da Rafaela repercutiu no país inteiro. O caminho para mudar [o quadro] é fazer com que tenha repercussão. Parabenizo pela resistência e luta. Vamos mudar este cenário”, afirmou. O Ministério Público do Trabalho (MPT) será procurado para que analise a possibilidade de atuação no caso.

Encontro positivo

A advogada Raquel fez uma análise ao término da reunião. “Achei muito positiva. As pessoas que estão sofrendo assédio podem nos procurar. Garantimos o sigilo, pois sabemos o risco, mas é importante que elas apareçam. Estamos recebendo o respaldo de pessoas sérias”.  

Tatiane também encorajou outros servidores. “Tenham coragem, pois estamos nos unindo e, agora, chegamos ao âmbito federal. A minha maior tristeza neste momento é ver que a pessoa que me assediou segue trabalhando como se nada tivesse acontecido, mesmo assim não podemos desistir. Vamos continuar lutando”, desabafou.

'Denúncias são apuradas', diz PC

A reportagem procurou o governo de Minas que, por meio da Polícia Civil, informou que "a valorização e qualificação dos servidores são um dos principais valores e um dos eixos do planejamento estratégico da instituição".

"Assim sendo, eventuais denúncias sobre prática de atos que constituam assédio são imediatamente investigadas pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil, por meio de procedimentos disciplinares e criminais. Há, inclusive, uma comissão que atua, especificamente, nas denúncias de assédio moral. Ademais, sobre a temática assédio, com o objetivo de orientar os seus servidores e a população em geral, a PCMG disponibiliza em seu sítio eletrônico uma cartilha sobre assédio moral, na qual consta, inclusive, onde procurar ajuda e como denunciar", afirmou em trecho do posicionamento.

Os canais de denúncia que estão à disposição de todos os cidadãos para denúncias são:

  • Disque-Ouvidoria: 162,
  • Disque-Denúncia Unificado: 181 e
  • Corregedoria-Geral: (31) 3348-6058. 

"Todas as denúncias, quando formalizadas, são rigorosamente apuradas pela instituição", ponderou.

Matéria atualizada às 14h22 de 4 de agosto 

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