O Governo de Minas está monitorando o deslocamento da pluma de rejeitos que vazou após o rompimento da Barragem B1, da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. 

O avanço está sendo mapeado a partir de dados coletados por meio de sobrevoos feitos por equipes técnicas do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema), desde o dia seguinte ao rompimento da barragem, na última sexta-feira, 25 de janeiro.

Os primeiros dados coletados mostram que até ontem (28/01) a pluma de sedimentos já havia se deslocado 57 km do local do rompimento, na altura do município de Juatuba, e que a velocidade média estava reduzindo. No domingo, 27 de janeiro, era de 1,6 km/h, enquanto medição feita segunda-feira mostrava que a movimentação havia alcançado 0,83 km/h.

Turbidez da água
Outra iniciativa desenvolvida pelo do Plano Emergencial de Monitoramento da Qualidade da Água e dos Sedimentos no Rio Paraopeba é a análise dos cursos d’água atingidos em 47 pontos. São 18 estações de monitoramento já existentes e outras 29 emergenciais, geridas em conjunto pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e da Agência Nacional de Águas (ANA).

Dados de turbidez analisados no Paraopeba também já apontam queda nesse índice. O limite legal para curso d’água de classe 2, como é o Paraopeba, é de 100 NTU (unidade de turbidez) e série histórica de monitoramento do Igam aponta valores médios de turbidez de 87,16 NTU, cerca de 20 km a jusante do acidente.

Medição realizada pela Copasa, às 8h do dia 26 de janeiro, no local de sua captação, a 19 km a jusante do acidente, resultou em 63.700 NTU. Já às 16h30, a turbidez havia caído para 34.220 NTU. Dados de domingo mostram que o total reduziu para 17.000 NTU e nesta segunda-feira, 28, para 11.600 NTU.

As análises vão subsidiar a elaboração de boletins que serão divulgados diariamente. O monitoramento contemplará parâmetros básicos de qualidade de água (temperatura, oxigênio dissolvido, turbidez e pH), a série de metais, além de concentração de sedimentos. A extensão do monitoramento é do local do acidente, percorrendo o Rio Paraopeba à jusante, até o reservatório da Usina Hidrelétrica Três Marias.

Já na Usina Termoelétrica da Cemig, em Juatuba, localizada a 45 km do local do rompimento, medição feita nesta segunda-feira apontou índice de 96 NTU a jusante da barragem da Termoelétrica, ou seja, dentro do limite estabelecido para Classe 2.

No entato, em nota publicada no site da prefeitura de Juatuba na Região Metropolitana de Belo Horizonte, nesta terça-feira (29), o órgão informou através das Secretarias Municipais de Meio Ambiente e Saúde, que "em razão do rompimento da barragem B1, no Córrego do Feijão, Brumadinho/MG, solicitou aos órgãos competentes (IGAM, COPASA, ANA) as análises da qualidade da água do Rio Paraopeba, enquanto antecipou, por precaução, orientações à população quanto ao consumo de peixes e alimentos irrigados pelas águas do rio, bem como a paralisação de todo o modo de captação da água".

De acordo com a Copasa, isso não significa que houve interrupção na captação de água do município, e que se trata apenas de uma orientação da prefeitura para que os moradores evitem captar a água do rio. "A Copasa, por sua vez, esclarece que a cidade de Juatuba é abastecida pelo reservatório Serra Azul e o suprimento de água potável à população daquela cidade ocorre normalmente"

 

Monitoramento
A análise da água e dos sedimentos será feita diariamente e até várias vezes por dia, e por período indefinido, até quando se julgar necessário, nas 18 estações já previamente existentes:  Igam (12), Copasa (3) e CPRM/ANA (3). A frequência do monitoramento será continuamente avaliada conforme resultados obtidos e a passagem da onda de rejeitos. O início do monitoramento seguirá uma sequência de montante para jusante, à medida em que os rejeitos avancem ao longo do rio.

Além do monitoramento da qualidade da água, será feita também o monitoramento geoquímico dos sedimentos, com frequência de 15 dias. A análise será feita pela CPRM e em 29 pontos. Serão coletadas amostras de sedimento de fundo e água superficial. O propósito desse monitoramento é comparar os dados geoquímicos coletados com aqueles anteriores ao desastre.