Trânsito

Dezoito motociclistas são atendidos por dia no João XXIII, em BH, por acidente

Fhemig alerta que, na maioria das vezes, os sinistros poderiam ser evitados caso as leis de trânsito fossem respeitadas

Por Vitor Fórneas
Publicado em 02 de maio de 2024 | 16:32
 
 
 
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Dezoito motociclistas são atendidos, em média, diariamente no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, em decorrência de acidentes. A Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) alerta que, na maioria das vezes, os sinistros poderiam ser evitados caso as leis fossem respeitadas. A campanha Maio Amarelo busca conscientizar pilotos e condutores para a redução das estatísticas (veja abaixo).

De janeiro a março de 2024, a unidade de saúde recebeu 1.669 ocupantes de motocicletas. O número é 30% a mais do registrado no mesmo período de 2023 — 1.268. No ano passado, o Hospital João XXIII registrou um total de 8.631 atendimentos a vítimas de acidentes envolvendo pedestres, carros de passeio, caminhões, camionetes ônibus e motos. Desse número, 5.707 eram ocupantes de motos.

As vítimas de acidentes de moto ficam, em sua maioria, com algum tipo de lesão ortopédica. Os dados mostram que cerca de 70% das pessoas que sobrevivem aos sinistros têm fraturas, geralmente, nos membros inferiores. O tempo de recuperação varia em cada caso, segundo a gerente médica da Urgência e Emergência do Complexo Hospitalar de Urgência e Emergência da Fhemig (Hospitais João XXIII, Infantil João Paulo II e Maria Amélia Lins), Daniela Fóscolo.

“A complexidade varia de acordo com a velocidade em que ocorreu o acidente, podendo causar, em casos mais graves, traumatismos tóraco-abdominais, cranianos e lesões na coluna. Os pacientes que estavam em alta velocidade também costumam ser aqueles que demoram mais tempo para se recuperar e com mais chances de ficarem com algum tipo de sequela permanente”, alerta.

‘Moto é perigoso’

Uma das vítimas de acidente de moto e que precisou dos cuidados da equipe do João XXIII é Ana Júlia Alves Silva, de 19 anos. Após comprar uma moto, ela resolveu pilotar, apesar de não ter Carteira Nacional de Habilitação (CNH). A jovem sofreu uma lesão no joelho, e vai precisar ser operada para colocação de pinos. 

"Fui dar uma volta na moto, próxima à minha casa, antes de iniciar as aulas de direção. Como ainda não tenho muito conhecimento, usei o freio sem apertar a embreagem, o que fez com que a moto desse um tranco e eu caísse no chão com ela em cima da minha perna”, conta.

Após o acidente, Ana Júlia afirma que aprendeu a lição e que não será mais “tão corajosa”. “É importante que as pessoas não se arrisquem, moto é perigoso. É preciso ter muito cuidado, experiência e estar sempre com os equipamentos de proteção”.

Perfil das vítimas

A maioria das pessoas que chegam ao João XXIII vítimas de acidentes com motocicletas são homens, com idade entre 19 e 39 anos, segundo a médica Daniela Fóscolo. “Muitos deles estavam usando o veículo como meio de trabalho no momento do acidente”, informa.

Desde que viagens por aplicativo passaram a ser realizadas em motos, a gerente médica afirma que os acidentes passaram a aumentar. “O número de acidentes de moto vêm aumentando na última década, porém ficou ainda mais significativo a partir de 2020, quando também tivemos a mudança dos padrões de compras e o crescimento da utilização de aplicativos tanto para transportes de materiais quanto, agora mais recentemente, para transportes de pessoas”, diz.

Daniela explica ainda que o padrão de lesões de passageiros de moto é diferente do piloto. “Enquanto o piloto está mais fixo, pois segura no guidão, o passageiro não tem muito como se apoiar na moto e muitas das vezes não tem noção da dinâmica de andar nesse tipo de veículo”.

Maio Amarelo

A Campanha Maio Amarelo deste ano, com o tema “Paz no trânsito começa por você”, lembra que a principal forma de diminuir o número desses acidentes é cada um fazendo a sua parte.

Respeitar as leis de trânsito e não dirigir após o uso de bebidas alcoólicas ou outras drogas já são regras conhecidas, mas muitas vezes desrespeitadas por um grande número de pessoas que acabam se envolvendo em acidentes.

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