Santa Luzia

Em dia de protesto em BH, motorista de app é roubado e leva injeção no pescoço

Jovem de 24 anos foi deixado no porta-malas de seu carro por 16 horas e teve apenas o celular levado

Por Gabriel Moraes
Publicado em 05 de janeiro de 2021 | 17:20
 
 
 
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Um motorista de aplicativo de 24 anos passou por momentos de apuros entre a noite dessa segunda-feira (4) e a manhã desta terça (5) em Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte – ele foi rendido por assaltantes durante uma corrida, levou uma injeção no pescoço e foi deixado no porta-malas de seu carro. Crime é descoberto no mesmo dia em que a categoria fez um protesto por mais segurança na capital.

Segundo o tenente Sobrinho, do 35º Batalhão da Polícia Militar, por volta das 10h uma guarnição do Grupo Especializado de Policiamento em Áreas de Risco (Gepar) fazia uma ronda pelo bairro São Cosme, na divisa com Vespasiano, na mesma região, quando moradores acionaram os militares e disseram que havia um carro abandonado em um local ermo.

Quando os policiais chegaram ao local, constataram um VolksWagen Voyage parado, no entanto, era possível ouvir algumas batidas vindas do porta-malas. Quando o mesmo foi aberto, a vítima foi encontrada dentro dele, visivelmente abatida e desidratada.

Em conversa com os militares, o jovem disse que por volta das 18h havia aceitado uma corrida no mesmo bairro. No momento em que ele chegou ao local, disse que foi rendido por dois homens de máscara e, um deles, aplicou uma injeção em seu pescoço, cujo líquido ele não sabe o que é.

Logo após, ele ficou desacordado e deixado na parte de trás do carro. Segundo ele, apenas o celular foi levado pelos criminosos.

A polícia socorreu o motorista e levou-o à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) São Benedito, em Santa Luzia, onde ele ficou sob cuidados médicos. A perícia, assim como as investigações, ficaram a cargo da Polícia Civil – o carro foi levado para um pátio licenciado do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) em Vespasiano.

Não foi informado para qual aplicativo a vítima estava trabalhando no momento do crime. A reportagem de O TEMPO tentou entrar em contato com sua família, já que parentes o deram como desaparecido, porém, sem sucesso.

Protesto

Motoristas de aplicativo fizeram um protesto nesta manhã em Belo Horizonte pedindo mais segurança para a categoria. Principal motivo foi o caso de Anderson Coelho Alves, de 27 anos, que foi roubado e morto na última quinta-feira (31) enquanto trabalhava em Vespasiano.

Um outro caso que também assustou os colegas aconteceu no último domingo (3) em Sabará. Um homem de 51 anos foi assaltado e agredido por um adolescente de 17 anos e um jovem de 18 – policiais apreenderam com eles duas réplicas de arma de fogo e recuperaram dinheiro, veículo, celular e documentos pessoais do motorista.

A carreata saiu da praça do Papa, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, e seguiu até a Cidade Administrativa, no bairro Serra Verde, região Norte da capital. Os carros saíram com vidros pintados escrito luto e pedindo segurança e dignidade. Uma oração também foi feita na praça.

A capitão Layla Brunnela, porta-voz da Polícia Militar conversou com a reportagem de O TEMPO e disse que a polícia lamenta muito a morte e todos os crimes com os motoristas de aplicativo. "A Polícia Militar vem desencadeando uma série de ações que culminaram no ano passado em comparativo a 2019 em uma redução de 26% nos roubos a veículos, que é o principal crime reclamado por esses motoristas. São feitas abordagens constantes aos motoristas de aplicativos, com operações constantes voltadas para eles", enfatiza.

Segurança dos aplicativos

Em nota, a Uber garantiu que prioriza a segurança dos colaboradores e disse que está sempre buscando, por meio da tecnologia, fazer da plataforma a mais segura possível. "Foi anunciada recentemente a introdução da checagem de documentos de usuários - algo inédito nas alternativas de mobilidade urbana", destacou. Com isso, usuários que optarem por pagar a primeira viagem em dinheiro, sem fornecer dados do meio de pagamento digital (cartão de crédito ou débito), precisarão fornecer um documento de identidade, como RG ou CNH. 

Dentre outras medidas adotadas para conter a violência, o app destacou o recurso de machine learning - ferramenta que usa algoritmos e bloqueia passageiros considerados potencialmente mais arriscados, "a menos que o usuário forneça detalhes adicionais de identificação". Os motoristas ainda têm a opção de cancelar viagens caso não se sintam seguros.

Leia mais: Motorista de aplicativo é confundido com pedófilo em assalto e morto em SP

"Além dos recursos já mencionados para segurança do motorista antes mesmo dele pegar o usuário, hoje uma viagem pelo aplicativo já inclui outras ferramentas de segurança durante e depois de cada viagem, tanto para os usuários quanto para os motoristas parceiros", frisou a empresa.

O botão de segurança que é disponibilizado em todas as corridas, e reúne as funções de segurança da plataforma, também foi citado pelo app. "Assim, ao longo do trajeto, usuários e motoristas parceiros podem compartilhar a sua localização e o tempo de chegada em tempo real com quem desejarem. O recurso também oferece a opção de ligar para a polícia em situações de risco ou emergência diretamente do app", destacou.

A reportagem não conseguiu contato com a empresa 99. 

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