Nova Lima

Em época de dengue, denúncia cita falta de limpeza de terrenos evacuados em MG

Há cinco anos, mais de 200 pessoas precisaram sair de casas em Macacos devido ao risco de rompimento de uma barragem; Vale nega descuido

Por Gabriel Rezende
Publicado em 13 de março de 2024 | 23:11
 
 
 
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Entulho acumulado e piscina com água parada em época de dengue. Essas são denúncias de moradores sobre as condições de terrenos e imóveis evacuados por risco de rompimento de barragem em São Sebastião das Águas Claras, lugarejo conhecido como Macacos, distrito de Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte. A mineradora Vale nega as alegações e garante efetuar limpeza periódica.

Um dos cenários críticos, segundo denunciante que terá a identidade preservada, é um local onde funcionava a pousada Lá Dolce Vita, na rua Dona Maria da Glória. No local, há uma piscina que não estaria com a limpeza em dia. “Está tudo abandonado e largado. Essa piscina está cheia de água, provavelmente com muito foco de mosquito”, diz temendo a proliferação do Aedes aegypti, transmissor da dengue.

A proprietária da pousada, Eloisa Cardoso, que precisou deixar o local há cinco anos, afirmou que está ciente da situação e que tem cobrado a situação junto à mineradora, exigindo a limpeza do terreno. Contudo, ela alega que não tem conseguido diálogo com a mineradora.

“O mato tomou conta de tudo”, alega, lamentando, ainda, o período distante do local que aprendeu a chamar de lar. “É muito triste. Era minha vida ali”, prosseguiu, afirmando que ainda aguarda uma reparação justa pelo terreno evacuado.

A evacuação da região ocorreu em fevereiro de 2019, três semanas após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, que vitimou 270 pessoas. Cerca de 200 moradores precisaram deixar suas casas às pressas devido ao risco de rompimento da barragem B3/B3, na Mina Mar Azul. A descaracterização da estrutura está prevista para ocorrer no segundo semestre deste ano.

Procurada, a Prefeitura de Nova Lima afirmou que denúncias e reclamações, relacionadas à falta de limpeza de terrenos, podem ser feitas pela ouvidoria nos telefones (31) 3542-5980 e (31) 98773-1172. O registro também pode ser feito por e-mail, no ouvidoria@pnl.mg.gov.br e pelo aplicativo EOuve.

O morador também pode realizar pelo número (31) 3180-5794. O município ponderou que tem realizado “diversas ações de combate a dengue, como fumacê, bota-fora, ações educativas em várias plataformas e vacinação”.

O que diz a Vale

Em nota, a Vale afirmou que “a limpeza e manutenção dos imóveis localizados na Zona de Autossalvamento (ZAS) da barragem B3/B4, no distrito de Macacos, em Nova Lima, é realizada periodicamente”.

A mineradora alega que “houve, inclusive, reforço na atividade desde o início do período chuvoso, com poda de árvores, roçada, cloração e limpeza de piscinas na área evacuada e aterramento de locais de acúmulo de água, entre outras medidas preventivas em razão do aumento de casos de dengue em todo o estado de Minas Gerais.”

Segundo a Vale, cerca de 1.300 pessoas assinaram acordos de indenização individual com a empresa devido às evacuações, totalizando R$ 203 milhões. As famílias que não concluíram os processos de indenização “seguem alocadas em moradias temporárias, hotéis ou pousadas, e com as despesas fixas e de alimentação custeadas pela empresa”, garantiu.

“Os parâmetros indenizatórios seguem o Termo de Compromisso firmado com a Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais. A todas as pessoas indenizadas, a Vale disponibiliza o Programa de Assistência Integral ao Atingido, que oferece apoio psicossocial, educação financeira, orientações para a compra de imóveis e para a retomada produtiva”, ressaltou.

Veja o posicionamento completo:

A Vale esclarece que a limpeza e manutenção dos imóveis localizados na Zona de Autossalvamento (ZAS) da barragem B3/B4, no distrito de Macacos, em Nova Lima, é realizada periodicamente. A empresa informa que houve, inclusive, reforço na atividade desde o início do período chuvoso, com poda de árvores, roçada, cloração e limpeza de piscinas na área evacuada e aterramento de locais de acúmulo de água, entre outras medidas preventivas em razão do aumento de casos de dengue em todo o estado de Minas Gerais."
 
Sobre assistência às famílias evacuadas 

Enquanto os trabalhos para eliminação da barragem B3/B4 avançam, ações estruturantes são desenvolvidas em parceria com o poder público, juntamente com o processo de indenização das famílias elegíveis. Em Macacos, até o momento, cerca de 1.300 pessoas assinaram acordos de indenização individual com a empresa em função das evacuações ocorridas no território, ultrapassando R$ 203 milhões. Os parâmetros indenizatórios seguem o Termo de Compromisso firmado com a Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais. A todas as pessoas indenizadas, a Vale disponibiliza o Programa de Assistência Integral ao Atingido, que oferece apoio psicossocial, educação financeira, orientações para a compra de imóveis e para a retomada produtiva. 

As famílias removidas da Zona de Autossalvamento (ZAS) da barragem B3/B4 que não concluíram seus processos de indenização seguem alocadas em moradias temporárias, hotéis ou pousadas, e com as despesas fixas e de alimentação custeadas pela empresa. As famílias elegíveis receberam acompanhamento psicossocial dos profissionais do Programa Referência da Família e têm à disposição a equipe de Relacionamento com a Comunidade (RC) da Vale, que atende amplamente o distrito de Macacos, mantendo o diálogo social aberto e transparente, inclusive aos fins de semana, com  plantões durante todo o período chuvoso (de outubro a março). 

Em dezembro de 2022, a Vale também firmou acordo com as Instituições de Justiça no valor total de R$ 500 milhões para ações de reparação no distrito, tendo como foco transferência de renda, requalificação do comércio e turismo e fortalecimento do serviço público municipal, além de demandas das comunidades atingidas.

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