Atividades não essenciais

Entidades do comércio de BH acreditam em reabertura a partir da próxima semana

Empresários saíram animados de reunião com o prefeito Alexandre Kalil, na tarde desta quarta-feira (20)

Por Rafaela Mansur
Publicado em 20 de janeiro de 2021 | 16:40
 
 
 
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Após se reunirem com o prefeito Alexandre Kalil (PSD), as entidades que representam o comércio de Belo Horizonte anunciaram, na tarde desta quarta-feira (20), que acreditam na possibilidade de reabertura das atividades não essenciais na cidade a partir da próxima semana. A ideia é que as lojas, fechadas desde o dia 11 de janeiro, possam funcionar pelo menos alguns dias por semana.

De acordo com o presidente do Sindicato de Lojistas de Belo Horizonte (Sindilojas-BH), Nadim Donato, a conversa com o prefeito foi positiva. O município informou que ampliou o número de leitos destinados ao tratamento de Covid-19 e sinalizou estudos de apoio aos comerciantes.

"A esperança nossa agora é que possamos abrir na próxima semana, não na segunda-feira, acho difícil, mas na próxima semana, dentro daquele pleito nosso de, talvez, quatro dias fechados e três dias abertos. Essa é uma possibilidade", afirmou. "Nós acreditamos que semana que vem existe a possibilidade de abrirmos quinta, sexta e sábado. Caso contrário, abriremos no dia 1º de fevereiro. Não existe promessa da prefeitura, mas nós acreditamos nessa abertura", completou Donato.

O presidente do Sindilojas-BH reconheceu que o fechamento da cidade "não foi em vão" e destacou que Belo Horizonte tem números menores de óbitos por Covid-19 do que outras capitais, como São Paulo e Rio de Janeiro. Atualmente, a capital mineira soma 2.109 mortes pela doença. "São Paulo e Rio de Janeiro vêm numa ascendente e nós estamos exatamente em uma curva menor, então deveremos abrir rapidamente", pontuou.

Desde que o comércio não essencial foi fechado, a cidade registrou uma ligeira queda nos indicadores epidemiológicos do coronavírus. A taxa de ocupação de leitos de UTI de Covid-19 passou de 86,5%, no dia 11 de janeiro, para 81,7% ontem. A ocupação dos leitos de enfermaria para a doença diminuiu de 66,1% para 65,9%. E o RT, que mede o número médio de transmissões por infectado, passou de 1,04 para 1,03.

No mesmo período, o número de leitos de UTI para o tratamento de casos de coronavírus no SUS aumentou de 271 para 295.

O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), José Anchieta da Silva, criticou a judicialização do fechamento do comércio. Nesta semana, uma decisão do juiz Wauner Batista obrigou a reabertura das atividades não essenciais na capital a partir de 29 de janeiro, após uma ação popular do deputado estadual Bruno Engler (PRTB), ex-candidato a prefeito de Belo Horizonte. A prefeitura recorreu.

"A ideia da judicialização é a pior de todas, é colocar mais um ator na operação, que efetivamente não fala a linguagem dos empresários e das autoridades do Executivo. Qualquer pedido judicial, com certeza, obrigaria o poder judiciário a analisar a coisa do ponto de vista da ciência e do ponto de vista da empresa, e isso quem sabe fazer somos nós, empresários e autoridades do Executivo", declarou.

Segundo ele, o prefeito "acenou positivamente" para a reabertura do comércio nos próximos dias, embora tenha manifestado preocupação com a falta de previsão para a chegada de novas doses de vacina à cidade. A Prefeitura de Belo Horizonte recebeu 128.388 doses da Coronavac, que serão suficientes para imunizar cerca de 63 mil profissionais da saúde de hospitais e serviços de urgência.

"A reunião foi muito proveitosa, e o prefeito, muito receptivo. Ele nos passou uma preocupação que temos que dividir com todos, não há vacinas a caminho de Belo Horizonte, portanto este é um problema. É preciso que novos estoques de vacinas sejam liberados", afirmou. "De efetivo, já ficou marcado para a próxima semana mais uma reunião nossa de reavaliação do quadro, portanto os empresários podem estar tranquilos que, em alguma medida, a abertura já está a caminho", concluiu Anchieta. O novo encontro deve ocorrer na próxima terça-feira.

Bares e restaurantes também aguardam reabertura

O presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Belo Horizonte e Região Metropolitana (Sindbares), Paulo César Pedrosa, disse que, quando as lojas do comércio forem autorizadas a abrir, os bares e restaurantes também serão.

"Os bares e restaurantes e lojistas vão funcionar juntos, vamos trabalhar juntos. No dia que o prefeito autorizar os lojistas, vai atuar bares e restaurantes. Se vai ser com bebida alcoólica ou não, a prefeitura, por meio dos seus secretários, é que vai definir", disse.

Prefeitura diz que reabertura depende de redução das internações

A Prefeitura de Belo Horizonte informou, na noite desta quarta-feira (20), que se compromete a reabrir o comércio assim que houver redução nas internações da cidade. Segundo o município, em nenhum momento da pandemia, houve o registro de tantas pessoas contaminadas na capital, o que gera impacto nas solicitações de internação.

De acordo com o secretário municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão, André Reis, para evitar o colapso do sistema de saúde, a prefeitura vai continuar monitorando os números da Covid-19 para novas movimentações no processo de reabertura.

“Tão logo os indicadores permitam, retomaremos a flexibilização. A prioridade do município continua sendo a vida. A prefeitura, mais do que ninguém, quer a retomada do comércio, mas quer fazê-la de forma segura. É muito importante registrar que a medida não trata de culpar o comércio ou qualquer setor econômico pela explosão de casos. Não se trata de fazer o fechamento do comércio pelo fato de identificá-lo como o responsável pelo surto de contaminação. O que fazemos, neste momento, é retirar o máximo de pessoas de circulação tendo em vista que nunca tivemos um contingente tão grande de pessoas contaminadas na cidade”, afirmou.

Durante a reunião, Kalil apresentou o "cenário crítico da pandemia na capital". Na terça-feira, a taxa de incidência da doença chegou a 442,3 novos casos por 100 mil habitantes no acumulado dos últimos 14 dias, o que representa um aumento de 58% em relação ao pico ocorrido em julho, quando a cidade atingiu 280 novos casos a cada 100 mil habitantes. Nos últimos 30 dias, a incidência cresceu 214,6% e, nos últimos 60 dias, 320,0%.

O infectologista Unaí Tupinambás, membro do comitê de enfrentamento da Covid-19 do município, não acredita na reabertura na próxima semana.

"Nós conseguimos atingir uma estabilidade dos casos lá em cima. O nível de ocupação (dos leitos de UTI de Covid-19) não chegou a 90%, estabilizou com uma tendência à queda. Tudo vai depender do comportamento da pandemia, estamos com receio por causa do Enem, que foi no domingo passado e vai se repetir no próximo domingo, não sabemos qual vai ser o impacto desse evento nas taxas de transmissão. Espero que a gente possa flexibilizar o quanto antes", afirmou.

Comerciantes pedem isenção do IPTU 2020

As entidades pediram à prefeitura a isenção do IPTU 2020. O prazo para o pagamento do imposto foi adiado para a partir de dezembro deste ano para os comerciantes prejudicados pelas restrições da pandemia, mas, de acordo com o presidente do Sindilojas-BH, Nadim Donato, muitos não lojistas não vão conseguir pagar.

"Essa isenção que nós estamos pleiteando é de R$ 150 milhões. Nós achamos que a prefeitura deve, sim, esse dinheiro ao comércio. E, se tiver que pagar, principalmente o que foi jogado para dezembro, não vai haver pagamento, o lojista não tem como pagar, ele está com dificuldade de pagar folha salarial", disse. Conforme Donato, o prefeito se comprometeu a analisar a solicitação dos empresários.

Para incentivar as atividades econômicas em Belo Horizonte, além de ampliar o prazo de pagamento do IPTU, a prefeitura informou que vai revisar todas as taxas e preços públicos cobrados na capital.

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