CASO É INVESTIGADO

Estudante mineira denuncia produtores do BBB por assédio sexual

Aline Vargas conta que um dos homens que a assediou é o chefe de produção de elenco do programa e é considerado braço direito do Boninho

Por Felipe Castanheira
Publicado em 09 de junho de 2021 | 19:46
 
 
 
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A estudante de odontologia Aline Vargas Ferreira, 35, está denunciando dois produtores do Big Brother Brasil por assédio sexual, o crime foi relatado para a Delegacia Especializada em Combate a Violência Sexual, em Belo Horizonte. Aline conta que um dos acusados é chefe de produção de elenco do programa, ele pediu que ela enviasse um nude pelo whatsapp e como não teve o desejo atendido cortou qualquer chance dela entrar no programa.

Já o outro denunciado é um dos produtores da atração global e insinuou que gostaria de ter um relacionamento com a estudante. "Ele me mandou mensagens em uma linguagem muito pesada, vulgar mesmo, dizendo coisas obscenas", descreveu. 

Aline é casada e mãe de duas crianças e conta que sempre sonhou em participar do programa para o qual tentou entrar pela primeira vez em 2006. "Nos últimos três anos entrar no BBB virou uma meta pessoal pra mim e me dediquei muito pra isso", conta. 

 
Ela disse que no fim do ano passado foi chamada para fazer um dos testes para entrar no programa, onde acredita ter ido muito bem. "Pouco depois o diretor de elenco passou a me seguir no Instagram e passamos a trocar mensagens, nem sei como ele me encontrou, mas acho que ele acompanhou a minha entrevista", argumenta.
 
Depois de trocarem mensagens, o homem, que é considerado o braço direito do diretor Boninho no programa, passou a solicitar que ela enviasse fotos sensuais. "Eu desconversei, fiz que não estava entendendo e até mostrei para o meu marido. Deixei pra lá e depois de um tempo perguntei se eu teria chance de entrar no programa, foi quando ele disse que eu não tinha o perfil. Mas eu acredito que só fui cortada porque não aceitei fazer este tipo de coisa", afirma.
 
 
Aline relata que depois de perceber o que estava acontecendo ficou em choque por três dias. "Nunca imaginei que esse tipo de coisa acontecesse para entrar no BBB. Lá eles levantam bandeira pelos direitos das mulheres, até para o programa para falar sobre isso, quando na verdade eles obrigam as mulheres a passarem por este tipo de situação. Acredito que vão surgir muitos casos agora que estou denunciando tudo isso. Acho que vai ser algo parecido até com o caso do João de Deus, onde depois das denúncias aparecerem mais de 200 mulheres contaram que foram vítimas".
 
O inquérito foi instaurado em maio deste ano e, além de prestar depoimentos, Aline também entregou um pen-drive com as mensagens trocadas com os dois acusados. A Polícia Civil informou que o inquérito policial está em andamento e que outros detalhes serão repassados em momento oportuno, considerando que as investigações estão em curso e a divulgação antes da conclusão do procedimento pode prejudicar o andamento dos trabalhos.

A reportagem ligou para os dois acusados, que não atenderam as ligações. Já a Rede Globo declarou por meio de nota que "não comenta questões relacionadas a Compliance" e que um dos acusados não trabalha mais na empresa.

Nota enviada pela Rede Globo


"A Globo não comenta questões relacionadas a Compliance, mas o colaborador em questão não está mais na empresa. Aproveitamos para reiterar que temos um Código de Ética, que deve ser seguido por todos nossos colaboradores, e uma ouvidoria pronta para receber quaisquer relatos de violação ao Código. Todo relato é apurado criteriosamente assim que a empresa toma conhecimento e as medidas necessárias são adotadas.

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