Avenida Pedro I

Famílias que moram perto de viaduto serão removidas nos próximos dias

Alça que ficou de pé, após queda de viaduto, ainda não tem data para ser demolida; área de isolamento na região será ampliada; uma escola procura prédio para deixar as proximidades do viaduto

Por Fernanda Viegas/Luiza Muzzi
Publicado em 23 de julho de 2014 | 11:50
 
 
 
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Apesar da possibilidade de queda, a demolição da alça do viaduto em construção Batalha dos Guararapes, na avenida Pedro I, em Venda Nova, que se manteve de pé após a queda da estrutura, ainda não tem data prevista para acontecer. A informação foi dada nesta quarta-feira (23) pelo coronel Alexandre Lucas da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (COMDEC).

Além disso, o órgão decidiu aumentar a área de isolamento na região para garantir mais segurança aos trabalhadores no local. As 186 famílias do entorno, que moram nos condomínios Antares e Savana, serão removidas para hotéis ou casa de familiares.

O cadastramento das famílias começará na tarde desta quarta e as pessoas devem começar a deixar suas casa nos próximos dias. Na manhã desta quarta-feira (23), técnicos da Defesa Civil tinham afirmado que as remoções já começariam nesta quinta-feira (24), mas, às 17h, a assessoria de imprensa do órgão disse que não há, oficialmente, previsão para início das retiradas. De acordo com a Defesa Civil, o processo de cadastramento é longo 

“Como a gente pode deixar eles dormirem do lado de um viaduto que a própria empresa (Construtora Cowan) diz que pode cair a qualquer hora. Seria uma irresponsabilidade permitir que eles ficassem”, afirmou Lucas.

Os moradores estão apreensivos com as mudanças e reclamam de não terem sido comunicados da remoção anteriormente. Outros garantem que não irão sair. "Não faço questão de sair, eu trabalho em casa e minha vida ficaria ainda mais prejudicada. Suportei um viaduto caindo, agora suporti outro. Tenho esposa e filha e não vamos sair", disse o tatuador Paulo Henrique Mello Tavares, 34, morador do bloco 3 do condomínio Antares.

Já a preocupação da dona de casa Irani da Silva, 55, moradora do bloco 6 do mesmo prédio, é quanto as mudanças forçadas na rotina dela e de sua família. "Tudo o que nós conseguimos aqui foi com muita luta, e agora estamos preocupados de ter que deixar tudo e ir para um hotel. Vai atrapalhar a rotina, não sei nem se o meu neto vai conseguir ira para aula”, desabafou.

Cerca de 15 moradores levaram cartazes para o ponto da tragédia para protestar quanto ao empurra-empurra da culpa sobre a queda. "10% de seriedade e 90% de zueira. Viaduto padrão Marcio Lacerda”, crítica o texto nos cartazes.

Ainda, segundo o coronel da Defesa Civil, a Cowan é quem irá custear o hotel das famílias removidas. O órgão recomendou que a construtora que reserve hotéis na região, para evitar trastorno com o deslocamento dos moradores, que o local da hospedagem ofereça serviço de lavanderia e de alimentação. Também, a Cowan terá que arcar com transporte escolar para as famílias removidas.

Primeira Fase

A primeira fase para a retirada dos moradores começou já nesta quarta-feira (23) com o cadastramento dos moradores dos condomínios Antares e Savana, os mais próximos do viaduto. Assistentes sociais da prefeitura estão indo em cada apartamento dos prédios e cadastrando os moradores com informações como quantas pessoas moram na casa, quantos idosos ou crianças, se há animais, se há alguém doente na família que faz uso de medicamentos, entre outros. 

A prefeitura garantiu a segurança apenas externa, ou seja, os pertences dos moradores que ficam dentro dos apartamentos ficarão sem segurança. De acordo com as assistentes sociais, no tempo em que ficarem fora, os moradores poderão ir ao local diariamente para se certificarem de que está tudo bem. Eles receberam um comunicado da prefeitura, juntamente ao cadastro. 

Escola mudará de lugar

O Colégio Helena Bicalho, que também fica próximo ao local da queda do viaduto, deve ter as aulas suspensas nesta quinta-feira (24) e, de acordo com a COMDEC, a direção da instituição procura um prédio para alugar e manter o funcionamento das atividades, até que os trabalhos sejam finalizados na avenida. 

O colégio convocou os pais para uma reunião na noite desta quarta-feira, na quadra da instituição, onde serão dadas as diretrizes das atividades escolares para os próximos trinta dias. A Defesa Civil vai participar da conversa.

Empresa admitiu falha em projeto

A construtora Cowan, responsável pela execução da obra do viaduto Batalha dos Guararapes afirmou que falhas na concepção do projeto executivo causaram a tragédia. A Consol, empresa responsável por fazer o projeto executivo, informou que ainda avaliará os resultados apresentados nessa terça-feira (21) e somente depois se posicionará sobre o assunto. 

No projeto entregue pela Sudecap, o aço projetado para os esforços à flexão do bloco foi de 50,3 cm², enquanto o necessário seria 685 cm². O projeto ainda não considerava o aço para esforços ao cisalhamento e à torção, que deveriam ser, respectivamente, 184,1 cm² e 10,2 cm². Outro erro apontado pelos estudos feitos foi na carga de trabalho adotada na estaca (de 80 cm de diâmetro e 20 metros de profundidade).

O projeto apontava uma carga de trabalho de 250 toneladas, enquanto o necessário deveria ser 467 toneladas, ou seja, as estacas deveriam ser mais profundas, ou ter um diâmetro maior. Um aumento no número de estacas também resolveria o problema, conforme o parecer técnico. 

Atualizada às 16h26

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