Em época em que as barragens de mineração passam por um pente-fino, o governo federal começa a reduzir os recursos do Ministério de Minas e Energia. Responsável pela Agência Nacional de Mineração (ANM), a pasta teve 79,54% da verba prevista para este ano bloqueada, conforme portaria do Ministério da Economia publicada na última sexta-feira. Fiscais da agência temem por o corte sucateie mais a instituição e vão se reunir nesta segunda-feira (1), em Brasília, em busca de uma solução.
“A situação da ANM já está complicada em todo o país. Falta dinheiro para realizarmos a maior parte das atividades. A retirada de qualquer centavo da agência vai impedir que a gente atinja a meta que nos foi imposta de fiscalizar ao menos as 200 barragens em situação de risco no Brasil”, afirma o fiscal e diretor da Associação Nacional dos Servidores da ANM, André Marques. Segundo ele, o contingenciamento afetaria mais Minas, Estado com o maior número de estruturas de contenção de rejeitos.
Na reunião desta segunda-feira (1), representantes da categoria vão formular um documento a ser enviado ao Ministério da Economia. “Vamos pedir que eles possam olhar com mais atenção para um órgão que tem a responsabilidade de fiscalizar estruturas que podem colocar milhares de pessoas em risco”, afirma Marques.
Um fiscal mineiro disse, sob anonimato, que a proporção do corte a ser repassado à agência não está confirmado, mas o esperado é que gire em torno de 70%. Como mostrou O TEMPO em 11 de fevereiro, falta dinheiro na agência até para o diesel das caminhonetes usadas na fiscalização.
Procurados nesse domingo (31), os ministérios de Economia e de Minas e Energia não tinham respondido até o fechamento desta edição.
Simulados têm baixa adesão
Mesmo com o risco iminente de rompimento de barragens que afetariam as comunidades de Nova Lima e Raposos, na região metropolitana, e Itabirito, na Central, a adesão ao simulado de evacuação de emergência foi pequena nas duas primeiras cidades. Em Raposos, apenas 33% dos moradores das chamadas Zonas de Segurança Secundárias – a rota da lama – participaram nesse domingo (31) do treinamento: 794 dos 2.400 esperados.
Em Nova Lima, a adesão foi de 57%: compareceram 2.400 dos 4.350 que vivem na área que pode ser afetada pelas barragens de B3 e B4, que ficam no distrito de Macacos, as mesmas que assombram a população de Nova Lima. A maior adesão foi em Itabirito – 4.770 pessoas foram ao treinamento, 9% a mais que as 4.363 que moram na área de risco. A cidade seria afetada em caso de rompimento de Forquilhas I e III (Ouro Preto).
Para o tenente-coronel Flávio Godinho, coordenador adjunto da Defesa Civil de Minas, o fato de o simulado ter sido em um domingo pode ter desmotivado alguns. “É importante que, em caso de rompimento, as pessoas saibam onde são os pontos seguros”, ressaltou.
Moradora de Nova Limam, a diarista Andreia Lúcia Soares, 42, participou do simulado, mas disse não se sentir preparada para se salvar. “Tenho medo de ficar ilhada ou de não conseguir correr”, afirma. Em nota, a Vale ressaltou que os simulados são medidas preventivas e que vai apoiar a população até que a situação seja normalizada.
A Vale já realizou simulados de evacuação em Barão de Cocais e Santa Bárbara, na região Central. A próxima cidade a ter ação similar vai ser São Gonçalo do Rio Abaixo, na mesma região, nesta quarta-feira.
Sirenes. Em alguns pontos de Nova Lima onde a lama chegaria em caso de desastre, a sirene de alerta não foi ouvida no simulado desse domingo (31).
- Portal O Tempo
- Cidades
- Artigo
Fiscais da ANM tentam evitar corte de verbas
Ministério de Minas e Energia vai ter 79,54% dos recursos congelados
Clique e participe do nosso canal no WhatsApp
Participe do canal de O TEMPO no WhatsApp e receba as notícias do dia direto no seu celular
O portal O Tempo, utiliza cookies para armazenar ou recolher informações no seu navegador. A informação normalmente não o identifica diretamente, mas pode dar-lhe uma experiência web mais personalizada. Uma vez que respeitamos o seu direito à privacidade, pode optar por não permitir alguns tipos de cookies. Para mais informações, revise nossa Política de Cookies.
Cookies operacionais/técnicos: São usados para tornar a navegação no site possível, são essenciais e possibilitam a oferta de funcionalidades básicas.
Eles ajudam a registrar como as pessoas usam o nosso site, para que possamos melhorá-lo no futuro. Por exemplo, eles nos dizem quais são as páginas mais populares e como as pessoas navegam pelo nosso site. Usamos cookies analíticos próprios e também do Google Analytics para coletar dados agregados sobre o uso do site.
Os cookies comportamentais e de marketing ajudam a entender seus interesses baseados em como você navega em nosso site. Esses cookies podem ser ativados tanto no nosso website quanto nas plataformas dos nossos parceiros de publicidade, como Facebook, Google e LinkedIn.
Olá leitor, o portal O Tempo utiliza cookies para otimizar e aprimorar sua navegação no site. Todos os cookies, exceto os estritamente necessários, necessitam de seu consentimento para serem executados. Para saber mais acesse a nossa Política de Privacidade.