Cuidados

Fiscalização dos protocolos tem sido falha em jogos e eventos de BH

Locais que atraem grandes aglomerações não têm cumprido as regras impostas para conter Covid

Por Simon Nascimento
Publicado em 16 de abril de 2022 | 05:00
 
 
 
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Festivais musicais e shows de grandes artistas passaram a fazer parte da agenda de eventos de Belo Horizonte com a melhora nos índices da pandemia. A programação musical na metrópole vai do rock do Metallica ao sertanejo de Gusttavo Lima. Entretanto, o cumprimento dos protocolos sanitários de prevenção à Covid-19, determinados para a participação da população nesses eventos, afrouxou, e isso preocupa especialistas e pessoas que estão retornando ao convívio social após dois anos de isolamento. 

Vale lembrar que ainda está vigente o Decreto 17.918, publicado no dia 1° de abril pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), que indica que a capital deve continuar a seguir portarias gerais e específicas de vigilância em saúde estabelecidas pela Secretaria Municipal de Saúde (SMSA).

O temor também se estende a quem frequenta estádios para os jogos de futebol na capital mineira. É comum a crítica de que não há exigência de comprovante de vacinação para a Covid-19 ou do exame com resultado negativo para a doença – regras previstas no protocolo da prefeitura de BH. O retrato mais recente dessa situação ocorreu no último sábado, durante o Breve Festival, no Mineirão. 

A organização do evento informou que a apresentação do cartão de vacinação com duas doses contra o coronavírus ou diagnóstico negativo para a doença era obrigatória. Os organizadores ainda afirmaram que na entrada do público haveria aferição de temperatura e disponibilização de álcool em gel. Todavia, quem foi ao evento relatou descumprimento das regras sanitárias. 

O fotógrafo Rodrigo Abdo Ladeira, 32, afirmou que a apresentação do comprovante de vacinação foi em vão. “Ninguém pediu, mal conferiram meus documentos. Só queriam fazer as pessoas entrarem o mais rápido possível”, reclama. 

De acordo com o presidente da Associação Mineira de Eventos e Entretenimento (Amee), Rodrigo Marques, as empresas associadas são orientadas a cumprir, integralmente, todos os protocolos determinados pelas autoridades. 

Ele diz, no entanto, que o setor aguarda mais flexibilizações nas regras. “Hoje temos uma demanda muito grande, reprimida, de muitos eventos que estavam marcados antes da pandemia e foram remarcados. A retirada dos protocolos, como a máscara em locais abertos, dá mais segurança e conforto ao público também”, afirma.

A reportagem de O TEMPO tentou contato com a Box Bold Xperience, empresa que organizou o Breve, mas não houve retorno em ligações nem por e-mail até o fechamento desta edição. 

Problema é recorrente

Novidade em shows, o não cumprimento de protocolos sanitários em jogos de futebol é um problema enfrentado desde o ano passado, explica a servidora pública Giane Alves, 35. 

Ela frequenta o Mineirão desde a volta dos torcedores aos estádios e reclama que os documentos não são conferidos desde 2021, quando a situação epidemiológica era mais complicada do que atualmente. 

“Desde a época da liberação da torcida, em que estávamos em um rigor maior, os protocolos têm sido para ‘inglês ver’. A gente passa com os comprovantes em papel ou no celular, mas não tem fiscalização ou conferência para saber se são válidos”, pondera. 

Segundo Giane, o controle está menos rígido atualmente. “Nunca foi muito eficaz e agora com as flexibilizações está menos ainda. Eu mesma nunca fui parada para poder fazer conferência”, acrescenta a servidora. 

Virologista defende cuidados

O presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, Flávio Fonseca, disse que o atual quadro epidemiológico de Belo Horizonte em relação à Covid-19 é favorável às flexibilizações e realização de eventos, desde que com controle correto de protocolos. “A gente ainda vive uma pandemia. Em alguns tipos de atividades que permitem aglomeração excessiva, eu ainda acho bastante perigoso as pessoas não utilizarem máscaras porque o vírus permanece circulando”, diz. 

Fonseca ainda defende que a população evite eventos de grandes aglomerações caso tenha sintomas gripais. Para o virologista, é importante a manutenção da vigilância epidemiológica para evitar novos picos de contaminação. “Enquanto tiver circulação do vírus, novas variantes podem surgir”, acrescenta. 

A Prefeitura de Belo Horizonte, em nota, informou que os protocolos são avaliados constantemente e que a responsabilidade pela conferência dos exames e cartão de vacina é dos organizadores. O Executivo acrescentou que a fiscalização é realizada pela Vigilância Sanitária “mediante denúncias, que podem ser registradas por meio dos canais oficiais da PBH”.

O Mineirão afirmou, via assessoria de comunicação, que aluga o espaço para os clubes ou produtores e contribui para a divulgação das informações sobre os protocolos nas redes sociais e nos telões. O estádio ainda citou que a obrigação de fiscalização é da prefeitura, enquanto a conferência dos documentos deve ser feita pelos clubes. 

Questionado, o Atlético afirmou que segue, integralmente, o protocolo estabelecido pela prefeitura. “Desse modo, só podem acessar o estádio pessoas que comprovem ciclo vacinal completo ou apresentem teste negativo para Covid, realizado nas 48 horas que antecedem a partida, inclusive as crianças menores de 12 anos”, afirmou o clube.

O Cruzeiro foi procurado e informou que “vai reforçar o protocolo de atendimento com toda a equipe”.

 

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