Moradores

Folia vira ‘inferno’ para alguns

Principais queixas são trânsito bloqueado em vias e prédios cercados por foliões na capital

Por Clarisse Souza
Publicado em 13 de março de 2019 | 03:00
 
 
 
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Enquanto a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) comemora os números do Carnaval 2019, muitos moradores de ruas e avenidas que foram tomadas pela multidão durante a folia não veem motivos para celebrar. Ao contrário: quem optou por não aproveitar a festa diz ter se sentido sitiado dentro da própria residência ao se deparar com vias bloqueadas pela Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) e acesso aos imóveis cercados por foliões. “Foi um inferno”, resume a relações públicas Lúcia Boynard ao relembrar o domingo de Carnaval, quando foliões passaram pelo bairro Anchieta, na região Centro-Sul.

“Ficamos ilhados, com um monte de gente vomitando na porta do prédio, fazendo xixi, pisando no jardim. Alguns estavam escornados na escada a ponto de não ter jeito de entrarmos em casa”, detalha Lúcia, que é síndica de um condomínio na rua Francisco Deslandes. Segundo ela, mais de uma semana após a passagem do bloco, a fachada do imóvel ainda tem forte odor de urina, que não sai mesmo com uso de produtos químicos. E a limpeza do edifício vai entrar para a conta dos condôminos, já que, segundo a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), “a limpeza de portões e muros é de responsabilidade do morador do imóvel”.

“Nossa rua Tomé de Souza (na Savassi) virou um banheiro a céu aberto”, reclama o engenheiro Marcelo Miranda Mourão, que saiu de casa com a mãe, de 102 anos, com receio de ficar confinado no recesso. “Nem a farmácia conseguiria chegar lá”, completa a cunhada dele, a servidora Célia Regina Aun, que critica o fechamento de ruas na Savassi para a festa.

Quem vive na rota dos blocos também reclama da falta de diálogo com a PBH. É o caso da advogada Ana Rita Pinheiro Pereira, que se viu presa com a mãe, de 83 anos, em um apartamento na esquina da rua Paraíba com a avenida Getúlio Vargas, na Savassi. Elas não conseguiram retirar o carro do prédio, cujo acesso ficou tomado por foliões.

“Ninguém falou nada com a gente. Tem que ser mais organizado. Não podem colocar um bloco imenso onde não cabe”, reclama.

 

BHTrans pede mais tolerância ao cidadão

A diretora de Ação Regional e Operação da BHTrans, Deusuite Matos de Assis, admite a necessidade de melhorar as ações para garantir a mobilidade da população durante a folia. “Quando o bloco estava passando, não tinha como os moradores saírem, de fato. A gente admite esse transtorno”, afirmou.

No entanto, para ela, quem vive em áreas afetadas pela folia precisa ser mais flexível, já que o Carnaval de BH acontece na rua: “As pessoas precisam ter essa compreensão”.

Segundo ela, em 2019, a BHTrans fechou vias transversais e criou bolsões para evitar que motoristas fossem surpreendidos pela passagem de blocos. “A lógica do bolsão é evitar que a pessoa que não sabe que está tendo Carnaval pegue uma transversal lotada e fique desesperada”, disse.

Deusuite garante que não havia risco de moradores ficarem ilhados em caso de emergência médica, porque havia viaturas e ambulâncias perto dos cortejos.

Sujeira

Aumento

O volume de lixo recolhido nas ruas da capital durante o Carnaval 2019 aumentou cerca de 85% em relação à festa de 2018, segundo a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU).

Reciclagem

Foram coletadas 2.784 toneladas de lixo durante os dias de Carnaval. Do total, apenas 44,7 toneladas foram destinadas à reciclagem.

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