Investigação

Fraude CNH: grupo de BH faturou R$ 90 mil pra dar 'mãozinha' na legislação

Dentre os integrantes do esquema estão funcionários terceirizados da Uai Venda Nova, além de um instrutor de autoescola

Por Vitor Fórneas
Publicado em 03 de abril de 2024 | 12:49
 
 
 
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Um esquema de facilitação e fraude em exames de legislação de trânsito para obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) foi alvo de mandados de busca e apreensão da Polícia Civil na região de Venda Nova, em Belo Horizonte, nesta quarta-feira (3 de abril). O esquema beneficiou, ao menos, 30 pessoas que pagaram até R$ 3 mil. As provas eram realizadas na Unidade de Atendimento Integrado (Uai) Venda Nova. 

Dentre os integrantes do esquema criminoso estão funcionários terceirizados da Uai, além de um instrutor de autoescola, que era o responsável por captar os interessados. 

“No final do ano passado, nós recebemos tanto um boletim de ocorrência, quanto uma informação da Coordenadoria Estadual de Trânsito, informando sobre uma suspeita de fraude em exames de legislação ocorridos no posto Uai da região de Venda Nova. Então, foi iniciada a investigação que culminou no cumprimento de sete mandados de busca e apreensão”, disse o delegado Gustavo Fonseca.

Dentre os materiais apreendidos pelos investigadores estão celulares, smartwatch, máquina de cartão, notebooks e computador, além de pendrive. O próximo passo é descobrir como era realizada a captação das pessoas interessadas em fraudar a prova. “Sabemos que um funcionário terceirizado da Uai já trabalhou em uma das autoescolas que estão na nossa mira, então pode ter sido o facilitador com o instrutor”. 

“De modo geral, os candidatos procuravam esse instrutor após ficar sabendo do esquema de facilitação para ser aprovado. Realizavam pagamento de propina, e esse instrutor resolvia tudo para eles em termos da realização do exame: marcação, endereços, tudo certinho. O único trabalho desse candidato era se deslocar até o local para realizar a prova”, complementou.

'Cola' durante o exame

A prova era realizada de forma eletrônica e o funcionário da Uai indicava a alternativa correta, que deveria ser assinalada, com um laser escondido por baixo do braço. “Temos gravações feitas na sala de aplicação de prova que indicam que os funcionários recebiam, em tempo real, a informação de qual pessoa deveria receber o auxílio. Eles consultavam o celular, algo que não é permitido”.

O preço para receber as respostas da prova variavam de R$ 2 a R$ 3 mil. A divisão do lucro será investigada pela Polícia Civil.  

Próximos passos

O que também será alvo do trabalho investigativo é a participação de mais pessoas. “A nossa operação de hoje foi com base no ano de 2023, mas temos informação de funcionários do Uai que trabalham na unidade há dois, três anos. Possivelmente, o esquema vem acontecendo há mais tempo”.

Alguns dos candidatos que realizaram a prova não são de Belo Horizonte. Eles serão ouvidos por carta precatória — forma de comunicação para aqueles que estão em lugares diferentes, com objetivo de cumprir algum ato processual. Todos os envolvidos no esquema vão responder por corrupção ativa e fraude em certame de interesse público. Até o momento, ninguém foi preso.

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