Gerente do Correios é demitido após R$ 200.000 sumir de cofre de agência em MG

A Justiça de Minas confirmou a demissão por justa causa de um gerente do Correios, acusado de ter subtraído cerca de R$ 200.000 do cofre da agência em que prestava serviços, em Minas Gerais. A decisão divulgada nesta quarta-feira (23 de agosto) é da juíza Haydée Priscila Pinto Coelho de Sant’ana, da 20ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte. 

Na sentença, a julgadora entendeu que a empresa agiu corretamente diante da constatação da ausência do dinheiro no cofre, sob responsabilidade do autor. 

Conforme o processo, o empregado trabalhou entre 2013 e 2017, sendo a última função a de gerente de agência. Ele atuava sozinho e, no final de novembro de 2017, enviou um e-mail à empresa informando que se afastaria do trabalho por uma semana, a partir de uma segunda-feira, com atestado médico.

O empregado indicado para substituí-lo chegou à cidade na terça-feira, mas encontrou a agência fechada. Ele foi informado que as chaves haviam sido deixadas com o proprietário do imóvel. Ao entrar na agência, o substituto constatou que o cofre estava fechado e programado para abrir somente depois de uma semana. No dia da abertura do cofre, a empresa pediu que mais um empregado acompanhasse o procedimento. Ao abrir a estrutura, os funcionários verificaram a ausência de cerca de R$ 200.000 do cofre.

Para a juíza, os depoimentos coincidem e indicam que somente o gerente poderia ter acessado o cofre e retirado o dinheiro. Vários outros aspectos reforçaram a conclusão nesse sentido, entre eles o relatório de auditoria da fechadura eletrônica, que apontou que houve abertura e programação do cofre antes de o gerente informar à empresa sobre o seu afastamento. 

Foi apurado ainda um comportamento suspeito do profissional, quando ele teria desativado o circuito interno de TV em algumas ocasiões em meses anteriores ao ocorrido. No dia em que enviou o e-mail avisando que se afastaria do trabalho, o gerente desarmou o alarme da agência às 05h57 e voltou a ativar às 06h15, permanecendo 18 minutos no local. O horário é incompatível com o funcionamento da agência. Antes de informar à empregadora sobre seu afastamento, ele compareceu ainda no local mais uma vez, desativando o alarme às 09h29 e reativando às 12h13.

A juíza chamou a atenção para o fato de o empregado não ter apresentado uma razão para a realização, sem autorização prévia da empresa, do bloqueio do cofre durante o período de uma semana, que coincidiu justamente com a semana que teria ficado afastado por atestado médico. Além disso, o gerente não impugnou, de forma específica, os demonstrativos financeiros da agência, os quais indicaram a existência do saldo de R$211.329,32, dias antes de se afastar.

Diante desse contexto, a magistrada se convenceu plenamente de que somente o autor poderia ter sido responsável pelo desaparecimento da quantia do cofre e ressaltou que a empresa agiu de boa-fé ao determinar a abertura do cofre, após o período de travamento programado pelo gerente, na presença de dois empregados.

No entendimento da julgadora, a alegação de ausência de treinamento não justifica o desaparecimento de quantia significativa após a série de atos perpetrados pelo empregado. Com esses fundamentos, a decisão considerou válida a rescisão contratual por justa causa promovida pelos Correios e julgou improcedentes os pedidos, inclusive quanto à indenização por danos morais, já que a empresa não praticou qualquer ato ilícito.

O Tribunal Regional do Trabalho de Minas (TRT-MG) confirmou a sentença. “As provas produzidas e a cronologia dos acontecimentos, bem explicados na sentença, levam à conclusão de que, de fato, apenas o autor é o responsável pela ausência de numerário verificada quando da abertura do cofre da agência”. De acordo com os julgadores, a conduta praticada foi grave o suficiente para ensejar a aplicação imediata da justa causa. O processo já foi arquivado definitivamente.