Premeditado

Homem confessa ter batido em caminhão para matar a ex e é preso em Nova Lima

O suspeito teria descoberto traições da mulher e colidiu a lateral do veículo em que o casal estava com um caminhão que seguia na contramão, na BR-040

Por Rômulo Almeida
Publicado em 04 de junho de 2020 | 13:59
 
 
 
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Um homem de 31 anos foi preso, na quarta-feira (3), em Nova Lima, após confessar ter matado a mulher, da mesma idade, com quem ele tinha um relacionamento amoroso há três anos. Provas levantadas pela Polícia Civil (PC) apontam que ele colidiu propositalmente com um caminhão que trafegava na contramão do veículo em que ele levava a vítima, em 2 de fevereiro deste ano, na BR-040, no sentido Rio de Janeiro, após o trevo de Ouro Preto, na região Central.

O crime teria sido premeditado, e o suspeito não demonstrou sentimento, segundo a polícia, que começou as investigações logo após a batida.

Não contente com o fim do relacionamento e possíveis traições, o investigado que trabalha com plotagem de carros teria começado a planejar uma maneira de matar a mulher sem que alguém desconfiasse de um homicídio. “Ele busca qual modus operandi ele conseguiria ceifar a vida dela e ficar de certa forma impune. Ele busca, então, variantes. Ele faz busca por armas de fogo e outro meio muito incomum de matar uma pessoa, que é provocando uma colisão da lateral no lado em que a mulher estava”, explica o delegado regional em Nova Lima Thiago Rocha Ferreira.

Para atrair a vítima, o investigado teria a convidado para a festa de aniversário do irmão dele. Testemunhas relataram aos investigadores que, mesmo após as brigas do casal, a mulher e a família do suspeito mantinham um bom relacionamento. “No domingo, dia 2, havia uma comemoração na casa do irmão dele. Então, ele faz contato com ela para, após o trabalho, ela, que é auxiliar de serviços gerais, fosse até a festa. Ela aceita, embora com um certo desconforto, com certeza ludibriada pela real intenção dele”, diz o delegado.

Temendo andar sozinha com o ex-namorado, a vítima pediu que uma amiga dela a acompanhasse, mas essa menina desembarcou do carro em um ponto próximo ao BH Shopping, no Belvedere, em Belo Horizonte, formando o cenário planejado para o investigado executar o crime, conforme apontam as investigações.

No trajeto da festa, o casal iniciou uma discussão sobre as possíveis traições, momento em que o homem tirou o celular das mãos da ex-namorada e jogou para fora do veículo. “Quando a rodovia deixa de ser duplicada, ele, deliberadamente, com vontade premeditada, consciente do resultado que ele queria atingir, ele passa a conduzir esse veículo na contramão, não pisca farol, e, pouco antes de acontecer a colisão, ele golpeia o volante, e a colisão ocorro do lado que estava a vítima”, relata o policial. O carro conduzido pelo suspeito seria da marca Citroën.

O condutor do veículo teria saído do carro e ido em direção a sua residência, não muito longe do local da batida, com a ajuda de uma carona. Familiares dele disseram aos policiais que ele ficou cerca de cinco dias internado com dores abdominais e escoriações pelo corpo. Seus parentes ainda teriam relatado que estavam incrédulos com a suspeita de feminicídio.

Os investigadores desconfiaram de que estavam diante de um feminicídio porque o suspeito mostrou indiferença após a batida. “Ele abandonou a cena do crime, não quis saber dos filhos, e só fez contato com a família da vítima para que eles fossem buscar um cachorro, como se quisesse apagar da memória”, conta a investigadora Andréa Amorim.

O motorista do caminhão teria dito aos policiais que o carro dirigido pelo suspeito seguiu em sua direção em linha reta, sem desviar e sem piscar faróis, o que reforçou as suspeitas dos policiais de que havia ocorrido um crime. Além disso, trocas de mensagens feitas pelo casal sugeririam um relacionamento conturbado.

Ele estaria ainda planejando assassinar a pessoa com quem sua namorada estaria o traindo, mas não concluiu esse plano por não ter acesso a uma arma de fogo, segundo a PC.

O delegado descreveu o homem como frio. “Ele não mostrou nenhum tipo de sentimento em relação ao crime, nem no primeiro interrogatório, onde ele mentiu, nem no segundo, onde ele confessou, na presença da advogada dele. A Polícia Civil não tem registros de agressões físicas nem ameaças do homem contra a mulher.

Provas indicam que o investigado teria descoberto uma possível traição da companheira. “Esse relacionamento amoroso começou bem, mas tomou um rumo um tanto quanto conturbado, com muito ciúme por parte do autor do crime, com uma desconfiança de traição, então ele, imbuído desse sentimento de ciúme aproveita da distração dela e passa a verificar o celular dela, as redes sociais e vai confirmando que ele estava sendo traído”, diz o delegado.

Quando a mulher descobriu que o homem estava tendo acesso ao seu telefone, ela decidiu terminar o namoro, o que acirrou os conflitos, em janeiro deste ano. “Todo esse contexto de ciúme passa a ser um contexto de ódio, onde ele passa a nutrir uma vontade de se vingar”, relata.

A 3ª delegacia levantou provas que atestariam que não se tratava de um acidente, mas de um homicídio, e pediu ao Ministério Público a prisão do suspeito. O homem foi encaminhado ao sistema prisional, onde está à disposição da Justiça.

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