Em Barbacena

Homem procura por mãe de quem foi separado há 54 anos em Minas Gerais

Paulo César Guedes nunca teve notícias da mãe, Marta Narciso, que sumiu em 1968 na cidade de Barbacena; último local onde ela foi vista seria Paracatu, sua cidade natal

Por José Vítor Camilo
Publicado em 21 de junho de 2023 | 15:22
 
 
 
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Em 1968, Paulo César Guedes teve o último contato com a sua mãe, quando tinha apenas três meses. Sem nenhuma lembrança da mulher que lhe gerou, a história sobre a separação dos dois é incerta, transitando entre ele sendo arrancado dos braços da mulher ou entregue por ela à uma ama de leite. A única certeza é que tudo aconteceu em Barbacena, cidade do Campo das Vertentes onde o homem vive até os dias de hoje. Passados 54 anos, Paulo luta, agora, para tentar encontrar a mãe ou, ao menos, saber o que aconteceu com ela.

Supostamente filha de escravos e nascida em Paracatu, no Noroeste de Minas Gerais, Marta Maria Narciso teria se mudado para Barbacena na década de 60 em busca de uma vida melhor, passado a trabalhar em uma boate da cidade. Lá, ela teria conhecido o pai de Paulo, Argemiro Guedes, que hoje tem 76 anos e cuja paternidade já foi confirmada por exame de DNA.

Lutando contra uma depressão por conta da vontade de saber o que ocorreu com a mãe, Paulo, que trabalha como pedreiro, procurou nos últimos dias o jornal Sputnik Voz do Povo, que atua na região da cidade natal de sua mãe. Já nesta quarta-feira (21 de junho), ele conversou com a reportagem de O TEMPO, contando um pouco de sua história.

"Fiquei com uma ama de leite, depois fui para uma tia, para a minha avó e, depois, eu me casei e toquei a minha vida. Mas é uma coisa muito complicada, pois cada um fala uma coisa e eu queria saber o que aconteceu afinal. O que dizem é que ela é de Paracatu, que os pais dela eram escravos em Coromandel, mas, como não sei os nomes dos pais dela, temos dificuldade em conseguir saber algo", detalhou.

A esposa de Paulo, Tereza Cristina, de 32 anos, conta que a sogra trabalhava como garota de programa e, quando ela foi levada para a Santa Casa de Barbacena para o parto, o filho acabou sendo retirado de seus braços e ela foi expulsa da cidade.

"Colocaram ela dentro de um ônibus, para voltar para a Paracatu, e ela estava indo com o bebê. Mas eles tomaram ele dela. Até hoje ele chora falando que quer morrer por causa dela, já ficou sete meses na cama, sem conseguir sair por causa da depressão. É o sonho dele encontrar com ela", diz.

Mulher estaria em Paracatu, sua terra natal

Ainda de acordo com a esposa de Paulo, desde que eles começaram a buscar notícias sobre a mulher, a única informação obtida foi de que ela teria sido vista pela última vez há cerca de 5 anos, nas proximidades de um restaurante chamado "Cristal", localizado em Paracatu.

"Um caminhoneiro disse que a viu, que ainda estava fazendo ponto (se prostituindo), e aí ele comentou, perguntou sobre o filho que ela teve em Barbacena e ela confirmou que teve o 'Paulinho', e teria dito que o sonho também é reencontrar ele", completou a esposa de Paulo.

A única informação que se tem sobre o bebê é de que, no dia em que teria sido tomado de Marta, ele era muito pequeno e estaria vestindo uma camisa do Botafogo. "Se alguém tiver alguma informação sobre minha mãe, pode me procurar. Não quero morrer sem conhecer ela", pediu, emocionado, o pedreiro.

Qualquer informação pode ser passada por telefone para Paulo, no número (32) 9 9135-7371.

Polícia Civil pode ajudar

Procurada pela reportagem de O TEMPO, a delegada Bianca Landau, que é a policial responsável pela Divisão Especializada de Referência da Pessoa Desaparecida, explica que, casos como o de Paulo, não são investigados como desaparecimento, mas, sim, como "encontro de família".

"Se for em Belo Horizonte, basta procurar a nossa delegacia que fazemos um trabalho social neste sentido. Vamos colher um breve relatório do que a pessoa sabe. A partir daí, vamos designar um investigador para tentar fazer essa busca e costumamos ter muito sucesso. Não é um trabalho criminal, mas investigativo", detalha a delegada.

No caso de pessoas que buscam outros familiares no interior de Minas, a orientação da policial é que seja procurada a delegacia local da cidade onde a pessoa vive, para que o procedimento investigativo seja iniciado e as buscas aconteçam.

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