Betim

Homem que matou criança diz que voltou ao local para cortar a cabeça dela

Em depoimento, ele disse que foi dominado e agredido pela população antes do ato brutal

Por Pedro Ferreira
Publicado em 30 de outubro de 2019 | 20:13
 
 
 
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O suspeito de matar a facadas uma criança de 5 anos na porta de uma escola em Betim, na região metropolitana, foi ouvido na tarde desta quarta-feira (30) pelo delegado titular da Delegacia de Homicídios de Betim, Otávio de Carvalho. O jovem confessou que, após ir embora, decidiu voltar à rua onde assassinou a menina para arrancar a cabeça dela. No entanto, ele foi dominado e agredido pela população. 

“Ele retorna ao local do crime depois de dez minutos. Segundo ele, teria ouvido uma voz novamente, dizendo que deveria voltar ao local do crime para decepar a cabeça da criança. Quando ele voltou, foi abordado por populares que passaram a agredi-lo”, disse o delegado.

No depoimento, o homem contou que saiu de casa logo cedo, armado com uma faca de cozinha. Ao ver Ieda Isabela Manoel Peres passar do outro lado da calçada com a babá e o irmão, atravessou e acertou o primeiro golpe nas costas dela. A cuidadora tenta defendê-la e protege a menina com seu próprio corpo, mas o suspeito consegue, ainda assim, desferir mais três golpes no tórax e e no pescoço da criança. Ela morreu na hora. 

Ao voltar no ponto onde o crime aconteceu, o autor foi agredido pelas pessoas e imediatamente preso pela polícia. Após ser atendido em uma unidade médica da região, seguiu para a Delegacia de Homicídios de Betim, onde foi autuado por homicídio duplamente qualificado.

Ficha

O homem já responde por um furto, cometido em 2016. À época ele foi preso em flagrante. No ano passado, participou de um roubo, quando também foi pego em flagrante. Suspeito de tráfico de drogas, ele foi detido também no ano passado por este crime e só deixou a prisão em agosto deste ano, com liberdade provisória. 

Surto

À polícia, o suspeito alegou ter tido um surto psicótico. Ele esclareceu ter ouvido algumas vozes, ordenando-o a matar uma criança inocente. Contou ainda que não conhecia a criança e decidiu matá-la quando a viu passar de mãos dadas com a babá e com o irmão de 7 anos. 

"Ele queria atacar somente a criança. Tanto que a babá tenta acolher, proteger a criança, mas ele se vira para esfaqueá-la. Em nenhum momento atentou contra a babá e a outra criança”, disse o delegado.

Usuário de drogas

No depoimento, ele contou que é usuário de cocaína e de crack e, antes do crime, teria feito uso de substâncias ilícitas. Este ponto foi negado pela família do suspeito, uma vez que ele está desempregado e não teria dinheiro para comprar drogas. 

Os familiares contaram ainda que o suspeito faz tratamento psiquiátrico e ingere medicação controlada. Receituários médicos foram juntados ao processo. No entanto, segundo o delegado, para a polícia o jovem agiu de forma consciente e sabia o que estava fazendo. 

Vozes

Autor confesso das facadas, o homem relatou ter começado a ouvir vozes há duas semanas. Essas vozes seriam de 'um patrão dele', ordenando que ela matasse uma criança. No entanto, o suspeito não falou nada sobre seitas ou qualquer discriminação contra crianças, idosos ou negros.

Antes do crime desta quarta-feira (30), ele supostamente já tinha tentado matar uma criança, ao que família não teria deixado. 

Para o delegado, é lamentável que ele estivesse solto depois de cometer crimes graves anteriormente. “Para a polícia ele é capaz, tanto que foi lavrado o auto de prisão em flagrante e ele está sendo encaminhado para o presídio de Contagem, onde ficará à disposição da Justiça. É possível que a defesa ou o próprio Ministério Público entrem com um incidente de insanidade mental, quando ele será avaliado e verificado essas circunstâncias”. 

Ele respondeu a todas as perguntas feitas, ainda segundo o delegado, que considera que o suspeito agiu com conhecimento e capacidade sobre o crime que cometeu. Perguntado se estava arrependido, ele disse que sim.

O suspeito apresentava várias lesões na boca, cortes na perna e no pescoço. Ele disse ter sido agredido pela população com um pedaço de madeira e com um capacete. Uma pessoa também o atropelou com um carro. 

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