Drama

Idoso com Covid espera há dois dias um leito de UTI em BH, sem previsão de vaga

Família vive dias de angústia e questiona a taxa de ocupação de 86,9% nos leitos de UTI Covid, divulgada pela PBH

Por Hellem Malta
Publicado em 16 de abril de 2021 | 19:30
 
 
 
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Já imaginou ter um plano de saúde, pegar Covid-19, ter seu quadro clínico agravado pelo vírus e precisar aguardar na fila para conseguir vaga em um leito de UTI Covid em Belo Horizonte? Esse é o drama enfrentado pelo aposentado Sebastião Martins de Moraes, de 78 anos, que além de ter cardiopatia está há dois dias à espera de um leito de UTI, sem previsão de conseguir vaga. A família dele vive dias de angústia. Desde o dia 04 de abril, o idoso está internado no Hospital Governador Israel Pinheiro, do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), após ter feito o exame com resultado positivo para o coronavírus no dia 31 de março.

“Meu pai passou praticamente uma semana sem sintomas, mas no dia em que foi internado, apresentou febre e estava com o nível de oxigenação no sangue em 88%. Infelizmente ele precisou ser intubado na enfermaria do hospital, após uma piora respiratória no dia 14 de abril, e precisa de um leito de CTI urgente, que não tem no Ipsemg e nem na rede de hospitais credenciados que atendem pelo plano”, conta Carolina Sousa de Moraes, de 42 anos, servidora do Ipsemg e filha do aposentado.

Diante da falta de leitos na rede particular, o idoso foi cadastrado pelo Ipsemg na fila do SUS Fácil – sistema utilizado para buscar leitos em caráter de urgência e emergência na rede hospitalar do Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com o boletim epidemiológico da Prefeitura de Belo Horizonte, divulgado nesta sexta-feira (16), atualmente a capital mineira tem 1.141 leitos de UTI Covid, sendo 570 em 24 hospitais da Rede SUS-BH e 571 leitos em 23 hospitais da Rede Suplementar. A taxa de ocupação desses leitos de UTI Covid está em 86,9%.

Considerando esse percentual de ocupação dos leitos, pode-se concluir que ainda há 149 leitos (13,1%) de UTI Covid vazios na rede hospitalar de Belo Horizonte para o tratamento de pacientes com coronavírus. “Além do meu pai tem outros sete pacientes no hospital do Ipsemg esperando vaga no CTI. Ele está correndo risco de vida, estou desesperada. Não entendo como a Prefeitura divulga que a taxa de ocupação está abaixo de 87% se tem esse tanto de gente na fila esperando. Onde estão os outros 13% de leitos vagos de UTI da cidade?”, questiona Carolina.

Ela ainda relata que a informação repassada para a família no hospital é de que pelo fato do pai ser idoso, ele pode ter que esperar a vaga por mais tempo já que estaria sendo usado um protocolo de admissão de pacientes em leitos de UTI Covid, considerando alguns critérios onde a prioridade seria para o paciente mais grave, com maiores chances de recuperação e mais jovem. “Esse protocolo médico de escolha é muito cruel para a família”, diz.

De acordo com Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, o paciente Sebastião Martins de Moraes está cadastrado na Central de Internação e aguarda a liberação de um leito de UTI Covid para ser transferido. “Todos os pedidos de internação hospitalar passam pela Central de Internação (CINT). O sistema é dinâmico e funciona 24 horas por dia”, disse.  

Questionada sobre o protocolo utilizado para admissão de pacientes em leitos de UTI Covid, a Prefeitura informou que protocolo seguido pela secretaria de saúde é que após o pedido de internação chegar na Central “o quadro clínico do paciente é avaliado por um médico regulador e, de acordo com a disponibilidade de vagas, o paciente é encaminhado para o hospital. A Central faz busca ativa em todos os hospitais que atendem à Rede SUS-BH para definir as transferências”, diz a nota.

Em relação à taxa de ocupação de leitos de UTI Covid estar abaixo de 100%, a Secretaria de Saúde esclareceu que isso não significa que o leito está disponível. “Para receber o paciente, o leito precisa estar devidamente preparado e higienizado. Além disso, a transferência depende do quadro clínico do paciente, da complexidade do leito e do transporte em saúde. Portanto, a transferência só é autorizada quando essas medidas de segurança são concluídas”, afirma.

Neste período, o paciente pode ter que aguardar a autorização. “Pode ser que a vaga disponibilizada não atenda a necessidade clínica do paciente que, no momento, está aguardando. O tempo de espera é dinâmico e varia de acordo com a especialidade do leito e a especificidade do caso”, finaliza a nota.

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