POLÊMICA

'Indústria da multa' na BHTrans é tema de debate na Câmara Municipal

Denúncias apuradas pelos parlamentares indicam que a BHTrans estaria pressionando seus fiscais a atuarem com metas para apreensão de veículos estacionados em locais proibidos

Por AILTON DO VALE
Publicado em 09 de março de 2016 | 21:20
 
 
 
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A chamada “indústria da multa” foi tema de debate dos vereadores de Belo Horizonte na tarde desta quarta-feira (9) na Câmara Municipal. As denúncias que colocam a Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) na mira dos parlamentares pode resultar na instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para esclarecer os fatos.

As denúncias apuradas pelos parlamentares indicam que a BHTrans estaria pressionando seus fiscais a atuarem com metas para apreensão de veículos estacionados em locais proibidos. Além disso, a quantidade mínima de reboques atenderia aos interesses dos parceiros privados que operam os pátios para armazenamento desses veículos. O excesso de radares de velocidade instalados na cidade também seria um indício da “indústria da multa”.

“É preciso que ocorra uma CPI para investigar essa situação, pois as denúncias são graves. Já fizemos o requerimento na Câmara e nesta quinta (10) vamos correr atrás das assinaturas. Durante o debate percebi que os vereadores ficaram com um certo espanto por causa das denúncias. A indignação é grande então acredito que vamos conseguir levar a CPI adiante. A sociedade exige transparência e é preciso que todos os vereadores escutem as vozes roucas das ruas", comentou o vereador Gilson Reis (PCdoB).

O vereador Jorge Santos (PRB) foi quem apresentou as denúncias aos demais parlamentares. Ele explicou que, conforme depoimento de funcionários da BHTrans, a gerência da empresa teria determinado uma meta de apreensão de 1.100 carros por dia. A pressão sobre os servidores serviria aos interesses do pátio que recebe os veículos, uma vez que são pagos por unidade e tempo de guarda. Em nota, a BHTrans afirmou que não há meta estabelecida, mas o contrato com o pátio prevê um volume mínimo de 500 veículos.

Jorge Santos afirmou que a questão precisa ser apurada com urgência e convocou os colegas a discutir o tema. Na mesma perspectiva, Gilson Reis lembrou outros problemas da política municipal de transportes, destacando o excesso de radares escondidos e a iminente privatização do serviço de estacionamento rotativo, que estariam favorecendo um esquema de corrupção na prefeitura em favor dos parceiros privados.

“Percebemos um processo de mercantilização na relação do órgão que cuida da gerência de trânsito em Belo Horizonte com determinadas empresas. Nos últimos meses foram instalados centenas de radares de avanço de sinal e controle de velocidade, sem contar com o demasiado número de multas num verdadeiro processo de privatização do trânsito. Creio que o melhor caminho seja a lógica educativa para orientar os motoristas”, afirmou.

Vice-líder de governo na Casa, Bruno Miranda (PDT) defendeu a lisura da gestão do prefeito Márcio Lacerda (PSB), mas reconheceu que as denúncias devem ser apuradas.

*Com assessoria da Câmara Municipal

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