Pampulha

Liberação do comércio em área residencial aflige moradores 

Ideia da prefeitura é ter outros pontos na região como a avenida Fleming, com bares e comércio

Por Joana Suarez
Publicado em 30 de abril de 2014 | 03:00
 
 
 
normal

Quem conhece a avenida Fleming, na Pampulha, em Belo Horizonte, sabe o caos que é estacionar e circular à noite quando os cerca de 15 bares da via recebem seus clientes. No horário comercial, as lojas, salões de beleza, padarias e outros estabelecimentos também garantem o fluxo intenso. E é por isso que os moradores de outras vias da região estão apreensivos com a possibilidade de elas também receberem comércio. A preocupação surgiu com a proposta apresentada pela prefeitura de permitir ocupação não somente residencial na avenida Cremona e nas ruas Sardenha e Palermo, no bairro Bandeirantes, e em trecho da avenida das Palmeiras, no bairro São Luiz.

A reportagem ouviu quatro associações de moradores da região, e todas são contra as mudanças propostas na Conferência Municipal de Política Urbana para a Área de Diretrizes Especiais (ADE) Pampulha (veja abaixo). Outra alteração que deve adensar mais os bairros é a possibilidade de construção de empreendimentos residenciais multifamiliares. Hoje, só pode haver uma residência por lote. E a prefeitura quer liberar a construção de duas casas em lotes de 1.000 m².

Diferentemente da Fleming, que é duplicada, essas vias são de pista simples e mais estreitas. Já são ruas com tráfego intenso por serem de ligação entre os bairros e caminho para a cidade de Contagem, na região metropolitana. “Nossa sensação é de que os autores da proposta não conhecem o bairro. Se tiver comércio, onde caberão os carros? O trânsito aqui já é caótico”, pondera Adrienne Moore, diretora de comunicação da Associação Pró-interesses do Bairro Bandeirantes (Apib).

Hoje, a avenida Cremona e as ruas Sardenha e Palermo são tomadas por casas e possuem apenas dois lotes vagos, na Sardenha. A pensionista Leda Horta, 77, mora na Cremona há 30 anos. “A via não comporta esse tipo de comércio e trânsito. A gente já sofre com o movimento e o barulho da lagoa aos domingos. Estão tentando acabar com o bairro”.

Na avaliação do presidente da Associação dos Amigos da Pampulha, Flávio Marcus de Campos, a ADE atual da Pampulha tem uma característica restritiva justamente para preservar os bairros e a paisagem. “Essas sugestões são parâmetros permissivos de adensamento. A prefeitura não pode mudar os padrões de uma região dessa forma”. (Com Camila Bastos)


Frases

“As vias são estreitas e não comportam. Não houve discussão com os moradores.”

Juliana Renault - Associação Pró-Civitas


“A Pampulha já não tem saídas de trânsito. Vai perder áreas agradáveis como no resto da cidade.”

Afrânio Alves - Associação Comunitária do Bandeirantes

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!