Feminicídio

Lorenza foi morta asfixiada e intoxicada, atesta laudo do Ministério Público

Equipe técnica à frente da investigação trabalha com a hipótese de que Lorenza lutou com o marido para se salvar das agressões por ele cometidas: André envenenou a mulher e, depois, a asfixiou

Por Alice Brito
Publicado em 30 de abril de 2021 | 17:56
 
 
 
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O mistério em torno da morte de Lorenza Maria de Pinho, 41, terminou na tarde desta sexta-feira (30). O laudo pericial feito em parceria entre o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) apontou que ela foi vítima de feminicídio. Lorenza morreu no dia 2 de abril e o marido dela o promotor de Justiça André de Pinho, 51, está preso desde o dia 4. 

Conforme o laudo da perícia divulgado pelo procurador-geral Jarbas Soares Júnior, à frente da apuração, Lorenza foi asfixiada pelo marido. "Lorenza foi vítima de feminicídio. Ela morreu por asfixia em ação contundente e intoxicação", confirmou o procurador.

Segundo a comissão técnica que apurou o caso, Pinho agiu sozinho. A perícia também constatou que no corpo de Lorenza foram encontradas lesões na cabeça e material genético debaixo das unhas dela. Indício fez com que constatassem que Lorenza, antes de morrer, teria entrado em luta corporal contra Pinho. 

No laudo ainda foi citado que Lorenza havia consumido altas doses de bebida àlcoolica somada a altas dosagens de antidepressivos. Para a comissão que acompanhou o caso foi confirmado que Pinho possuiu participação efetiva na intoxicação. Em depoimento ao Ministerio Público, ele confirmou que havia comprado dois litros de aguardente, e ela havia bebido aproximadamente meio litro a pedido dele. 

Pinho também revelou que foi ele quem administrou a dosagem medicamentosa na mulher. Segundo o parecer técnico, o suspeito deu para Lorenza uma dosagem quatro vezes superior à prescrito pelo médico dela. 

André de Pinho terá sua prisão temporária transformada imediatamente em preventiva. A equipe de defesa dele irá solicitar junto ao Ministério Público a impugnação do laudo.

Câmeras de segurança auxiliaram na resolução do crime

Os peritos informaram que avaliaram cerca de cem horas das câmeras de segurança do apartamento onde morava a família Pinho. Foi constatado que o promotor levou para casa um dia antes do crime bebidas alcoolicas. No dia do ocorrido foi verificado que Pinho jogou no lixo diversos pertences da casa. O que pareceu, para a perícia, descarte de provas incriminatórias. 

Promotor dificultou perícia 

De acordo com a narrativa da perícia vários pontos norteadores sobre o caso foram baseados em hipóteses porque Pinho dificultou o trabalho da investigação. Ele negou que a perícia entrasse no quarto onde ocorreu o homicídio. André também não quis fornecer para a polícia seu material genético, que seria avaliado e comparado com o encontrado debaixo das unhas de Lorenza. 

Futuro de André

André de Pinho terá sua prisão temporária transformada imediatamente em preventiva. Conforme o Ministério Público, ele já se encontra afastado do cargo há vários anos por conduta inadequada.

André será incriminado por feminicídio com o agravante de motivo torpe por meio cruel e com uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima. A pena poderá variar entre 12 e 30 anos.

A equipe de defesa do acusado irá solicitar junto ao Ministério Público a impugnação do laudo. No entanto, o órgão informou que possui provas cabais que impossibilitará o andamento de tal medida.

Sobre os médicos

Os médicos Itamar Tadeu e Alexandre Campos responsáveis por atestarem o óbito de Lorenza como autointoxicação por engasgo vão responder criminalmente pelo crime de falsidade ideológica, onde foi confirmado pela perícia médica que os profissionais mentiram e ocultaram dados do laudo. A pena pode variar entre 1 e 5 anos de reclusão.

Filhos

A respeito dos cinco filhos do casal Pinho que estão sob os cuidados de Bruno Sander, médico de Lorenza e amigo da família, a Vara da Infância e Juventude será acionada para as devidas providências serem tomadas sobre o futuro das crianças. Mediante análise elaborada pela perícia técnica as crianças não tiveram participação, nem conhecimento do crime.

Atualizada às 19h06. 

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